A banda de post-sludge-metal de Atenas, Allochiria, lançou o seu terceiro álbum intitulado de “Commotion” pela Venerate Industries.
Passados seis anos desde “Throes“, combinado com a crescente popularidade dos atenienses Allochiria, este terceiro álbum intitulado de “Commotion” tornou-se num lançamento altamente antecipado.
Em primeiro lugar, é bastante óbvio que em “Commotion” há um inclinação para direcções mais pesadas e sombrias comparando com os dois primeiros álbuns. A banda tornou-se mais intensa e desenvolveu ainda mais a sua técnica instrumental, ao mesmo tempo que manteve o seu som único de post-metal, vocais intensos, graves profundos e uma bateria diversificada, com influências de atmospheric black metal.
Os Allochiria identificaram exatamente o que funciona em palco nos últimos anos, e investiram toda a sua energia na criação de riffs mais poderosos e lamacentos, mas em composições curtas e inteligentes, e parecem confiar mais na sua própria intuição. Claramente uma banda que já andou em tour com todos os grandes do género, absorveu bastante e colocou tudo isso nas voltas e reviravoltas deste álbum.
Temos de começar por falar sobre o trabalho único e excelente do baixo neste lançamento. Na abertura “We Have Nothing”, o baixo eleva-se entre as duas guitarras distorcidas que abrem o álbum. Cria uma paisagem sonora apertada penetrada por um vocal rouco, agressivo e intenso.
A voz de Irene é cheia de paixão e ritmo. Mas sendo uma voz que não demostra muito alcance expressivo, a música tem que ser narrativa e chamar a atenção. Em muitas partes do álbum, a banda consegue um sucesso admirável, principalmente quando as guitarras constroem diálogos interessantes, seja entre si ou com a secção rítmica.
A banda parece ter entendido exactamente como utilizar as ferramentas técnicas e a imaginação que têm à sua disposição. Como na faixa “Shedding Character” que abre com o dedilhar de seis cordas enquanto o baixo segue no fundo para estabelecer as bases da melodia. Isso é executado de maneira tão maravilhosa que queríamos que durasse um pouco mais, mas depois transforma-se numa música densa e pesada com vocais intensos. Mas há um alívio quando a primeira parte é repetida, o baixo maravilhoso avança até a próxima onda onde grunts lutam entre si. As guitarras têm um andamento mais lento, produzindo sons vastos à medida que desaparecem.
Na faixa “Ocean” existe uma dinâmica interessante quando dois estilos de vocais são usados um contra o outro no primeiro plano, enquanto uma guitarra tremolo é erguida a pairar sob os mesmos. A música pesada e melódica transforma-se numa vasta paisagem sonora, com tremolos que iluminam um baixo veloz com guitarras cortantes, enquanto uma bateria transforma-se à velocidade de uma explosão.
“Ocean” é seguido pelo curto “Interlude” com efeitos sonoros de ondas fortes e uma guitarra atmosférica distante. As ondas vão quebrando cada vez mais fortes e um baixo profundo e agourento soa antes de se transformar em “Casualties“.
Ao ver os títulos juntos, e a mistura de melodias intensas, agressivas e reflexivas alongadas, fez-se a conexão sobre as tragédias de refugiados no Mar Mediterrâneo, enquanto os políticos lavam as mãos de qualquer culpa e lutam entre si.
“Turning Point” tem uma abertura pesada e difusa das guitarras com uma delas a estourar por entre os riffs prolongados e a bateria pesada. A música demora antes de se tornar mais pesada e balançar numa parte com dedilhado límpido nas cordas da guitarra, o baixo retrocede e há uma conversa indistinta entre dois homens. A música desenvolve por detrás da conversa com as guitarras flutuando ao fundo. Depois disso, a música volta tão densa e raivosa como sempre, a todo vapor. Um fim abrupto.
“Darklight” fecha o álbum e é outro exemplo de uma banda no auge das suas habilidades de composição. A abertura é um staccato pesado e repetitivo com gritos distantes. De seguida, transforma-se lentamente num tema melódico que flutua com uma guitarra aguda e distorcida conforme a música termina.
Não há dúvida de que “Commotion” é um álbum muito bonito, definitivamente o melhor de Allochiria até hoje. Um álbum que os aproxima de uma aclamação mais ampla no género, acrescentando o seu nome à lista de novos artistas europeus de post/sludge capazes de elevar o género no futuro.
Mas o mais importante é que os Allochiria parecem mais experientes artisticamente falando, e este álbum tem tudo que um ávido ouvinte de Post Metal, Atmospheric Sludge Metal aprecia: partes distorcidas pesadas, riffs densos, bateria diversificada, uma base melódica dum baixo estruturante, e um vocal agressivo e intenso.
Veredicto final: 6/10