Das entranhas do mito e dos abismos da ciência, ergue-se um conceito forjado na destruição e no renascimento. A Fênix, criatura de fogo e fúria, devora a si mesma em chamas apenas para emergir das próprias cinzas, renascida, inquebrantável, desafiando o tempo e o esquecimento. Seu ciclo de morte e ressurreição é o epitáfio dos fracos e o grito dos indomáveis. Já a cryptobiose é a antítese silenciosa da extinção, um estado de morte suspensa, onde a vida se dobra às leis do impossível, esperando, hibernando na beira do nada, até o instante exato de sua insurreição.

Juntos, esses conceitos transmutam-se em algo maior, uma maldição e um dom: o renascimento absoluto a partir do abismo, a imortalidade latente dos que não podem ser apagados. Não é apenas sobrevivência, é uma afronta ao fim, um desafio à própria aniquilação. Quando tudo parece consumado, quando o mundo crê na sua queda definitiva, é aí que você desperta  mais forte, mais feroz, inevitável. Phoenix Cryptobiosis – um nome que carrega em si o peso do renascimento e da imortalidade através da dormência. Um conceito que define com perfeição o retorno triunfal do Avulsed, os sobreviventes incansáveis do death metal espanhol, que após um hiato de 12 anos sem material inédito, emergem das sombras com um petardo sagrado, um testemunho de sua fúria inextinguível e uma obra digna de toda a nossa atenção.

Aqui, peso, ódio, agressividade e brutalidade não são meros adjetivos, mas sim os pilares que sustentam essa criação devastadora. O álbum se inicia com “Limbs Regeneration”, uma abertura melódica que seduz e prepara o espírito para a desgraça sonora que está por vir. Como a calmaria que antecede a tempestade, essa faixa é um presságio do caos iminente, guiando o ouvinte por um corredor de trevas antes que os portões da destruição se escancarem sem piedade. Então, “Blood Monolith” irrompe como um monumento brutal à técnica e à ferocidade, um hino onde cada nota é um golpe, cada riff é um chamado ao abismo. Os integrantes do Avulsed demonstram não apenas competência, mas maestria absoluta, equilibrando complexidade técnica e selvageria primitiva com precisão cirúrgica. No epicentro dessa carnificina sonora, Dave Rotten, o sumo sacerdote desse ritual, rasga os tímpanos com um gutural vindo das entranhas mais profundas do inferno, acorrentando os ouvintes à catarse melódica que se desenrola faixa após faixa.

E é nesse mantra de fúria e transcendência, nesse ritual oculto do mais puro e belo death metal, que os 34 anos de experiência do Avulsed se fazem sentir. Fundada em 1991, a banda não apenas sobreviveu ao tempo, mas dominou e moldou sua identidade, esculpindo um legado onde cada acorde é um eco da brutalidade de sua trajetória. E esse legado, longe de ser um peso, se manifesta como uma força renovada, um arrojo lírico e instrumental que demonstra não apenas persistência, mas reinvenção.Cada faixa deste álbum não foi meramente composta, foi arquitetada com um propósito brutal de complementar a seguinte, como se cada uma fosse um capítulo indispensável de uma mesma liturgia impiedosa. Este não é um simples retorno é um renascimento, um reescrever das regras, uma prova de que o Avulsed não apenas ressurge, mas ressignifica o gênero ao qual pertence.

 

Phoenix Cryptobiosis não é apenas um álbum – é uma proclamação. É o aviso definitivo de que algumas entidades não podem ser apagadas, pois o verdadeiro death metal jamais perece… ele apenas aguarda o momento exato para ressurgir, mais forte, mais feroz, e absolutamente inevitável.


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Cinco Caveiras… 💀💀💀💀💀

Nota 10!

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