A expectativa e a ansiedade eram notórias, com uma fila muito grande que começou a formar-se junto aos portões do LAV – Lisboa Ao Vivo (LAV) desde manhã. De facto, os primeiros fãs chegaram à entrada cerca de 8 horas antes da abertura de portas.

As portas da Sala 1 do LAV abriram pelas 18h, para uma noite longa, que começou bem cedo. Às 18h45, subiu ao palco a primeira das quatro bandas que iriam atuar – os Black Satellite. O grupo, liderado pela vocalista Larissa Vale e pelo guitarrista Kyle Hawken, abriu a noite com um concerto em que apresentou um conjunto de singles que figurarão o segundo álbum de estúdio da banda – “Aftermath”. Durante meia hora, o grupo encarou, com os olhos pintados, o muito público que chegou cedo ao LAV. Com fortes influências de rock e metal industrial, o cover de “Sonne” dos Rammstein surgiu de forma natural para fechar a atuação da banda, cativando todos os espetadores, desde a grade, até ao fim das varandas da sala.

Black Satellite | @the.goldenrush

Setlist – Black Satellite: 1 – Dead Eye | 2 – Broken | 3 – Far Away | 4 – Here It Ends | 5 – Void | 6 – Don’t Remind Me | 7 – Decay | 8 – Sonne (Rammstein cover)

Pelas 19h30, uma profunda escuridão tomou conta da sala, com a subida ao palco dos Mental Cruelty. O grupo alemão, abriu o concerto da mesma forma que dá início ao seu segundo álbum, “Zwielicht”, com “Obsessis a Daemonio” a surgir logo a seguir ao lançamento da faixa “Midtvinter”, com poderosos breakdowns a invadirem a plateia. Logo de seguida, a banda recuou até 2021, ao álbum “A Hill to Die Upon”, para tocar o principal tema desse álbum, “King Ov Fire”, que começou a arrancar o público do chão, fazendo-o saltar de forma ritmada. À pergunta do vocalista “Lisboa, are you ready for some black metal?”, o público respondeu que sim, com as primeiras aparições de circle pits e crowdsurfing da noite.

Após quase meia hora de intenso brutal deathcore, a banda fechou o concerto com a – mais sinfónica – “Symphony of a Dying Star”, com os telemóveis do público a criarem uma enorme constelação. De um início calmo e celestial, a força e a velocidade dos Mental Cruelty fez-se ouvir uma última vez, com os guturais de Lukas Nicolai a surgirem novamente para darem voz a um tema absolutamente marcante.

Mental Cruelty | @the.goldenrush

Setlist – Mental Cruelty: 1 – Obsessis a Daemonio | 2 – King Ov Fire | 3 – Forgotten Kings | 4 – Nordlys | 5 – Symphony of a Dying Star

À hora marcada, pelas 20h20, foi a vez dos Butcher Babies subirem a palco. Marcando este concerto um regresso a Lisboa passado praticamente um ano, o público talvez esperasse uma atuação diferente. No entanto, a banda de Los Angeles, trouxe um alinhamento muito semelhante ao apresentado em novembro de 2023. Não quer isto dizer, até porque “em equipa que ganha não se mexe”, que alguém não tivesse vontade de recordar o que se havia passado um ano antes.

Com efeito, a banda entrou a todo o gás, com uma intensidade crescente desde início, com a vocalista, Heidi Shepherd, a sair do palco em “Monsters Ball” para se juntar ao público que se encontrava junto à grade, onde foi recebida de forma calorosa pelos fãs portugueses.

Butcher Babies | @the.goldenrush

Apesar da setlist sem grandes surpresas, o grupo apresentou o tema “Sincerity”, lançado no início do presente mês, ao público, que o recebeu com muitos aplausos. No final dessa música surgia a questão, colocada por Heidi, “Does anyone know what time it is?”, à qual só existia uma resposta possível – “It’s Killin’ Time, Baby!”. Os aplausos no final deste tema transformaram-se em palmas ao ritmo da introdução da “BEAVER CAGE”, que começou logo de seguida.

Surgiu, possivelmente, o momento mais marcante do concerto dos Butcher Babies, com Heidi a sair, novamente, do palco, abrindo espaço na plateia para comandar um circle pit em seu redor enquanto cantava a parte final de “SPITTIN’ TEETH”. Com uma atuação constantemente em alta rotação, a banda abrandou o ritmo para “LAST DECEMBER”, logo após um discurso tocante por parte de Heidi, que confessou ter sido salva pelos fãs e pelo carinho e força que recebe destes durante as atuações ao vivo.

Antes do último tema houve ainda tempo para uma corrente de amor na plateia, que desejou um feliz trigésimo (“dirty thirty”) aniversário ao baterista Devin Nickles. No seguimento, e com o público na mão, Heidi dividiu a plateia em dois, fazendo cada um dos lados gritar sob o seu comando, para introduzir “Magnolia Blvd.”

Butcher Babies | @the.goldenrush

Setlist – Butcher Babies: 1 – BACKSTREETS OF TENNESSEE | 2 – RED THUNDER | 3 – Monsters Ball | 4 – KING PIN | 5 – Sleeping With the Enemy | 6 – Sincerity | 7 – It’s Killin’ Time, Baby! | 8 – BEAVER CAGE | 9 – SPITTIN’ TEETH | 10 – LAST DECEMBER | 11 – Magnolia Blvd.

Num palco com dois esqueletos de criaturas gigantes e macabras, uma de cada lado, o mítico suporte do microfone de Dani Filth, os tapetes com o símbolo da banda que seriam pisados pelos guitarristas Marek Šmerda e Donny Burbage e pelo baixista Daniel Firth, e uma vedação que protegia a bateria de Martin Skaroupka e os teclados de Zoë Federoff, entraram, então, pelas 21h30, os muito aguardados Cradle Of Filth, com a sua “By Order Of The Dragon” tour.

O concerto começou precisamente da mesma forma como é iniciado o álbum de 2021 “Existence Is Futile” (cujo artwork era apresentado como fundo do cenário) com o lançamento de “The Fate of the World on Our Shoulders” seguido da entrada da banda para tocar a obra de arte que é “Existential Terror”. De 2021, iniciou-se uma viagem pelas profundezas da discografia da banda, recuando 21 anos, até “Midian” para “Saffron’s Curse”, e mais outros 4 anos, até “Vempire” para “The Forest Whispers My Name”.

Cradle Of Filth | @the.goldenrush

Sempre comunicativo, Dani Filth, puxou pelo público, para apresentar o tema “She Is a Fire”, de 2023, do “Trouble And Their Double Lives”, seguindo-se “Summer Dying Fast”, e o mais recente “Malignant Perfection”, lançado em outubro deste ano, dedicado aos companheiros lusitanos, Moonspell. Seguiu-se “Heartbreak and Seance” e, logo após, uma das mais (populares e) aguardadas – “Nymphetamine (Fix)” – com os fãs a acompanharem, nos refrões, as vozes de Zoë e de Dani, que ia distribuindo rosas pela plateia.

De volta ao “Bitter Suites to Succubi”, de 2001, surgiu “Born In A Burial Gown”, e, de seguida, de “Dusk & Her Embrace”, de 1996, “Malice Through the Looking Glass”, antes da primeira saída de palco da banda, ao som de “Creatures That Kissed in Cold Mirrors”. Começando a ouvir-se “The Monstrous Sabbat (Summoning the Coven)” os fãs começaram a gritar “Cradle! Cradle! Cradle!” para invocar o regresso da banda, que rapidamente atendeu ao pedido para tocar um encore composto por três temas.

Com a banda em palco, Zoë fez-se ouvir – “Hear me now! All crimes should be treasured if they bring thee pleasure somehow” – para introduzir “Cruelty Brought Thee Orchids”, seguindo-se “Scorched Earth Erotica”. Para terminar, o nevoeiro fez-se sentir, com “Her Ghost in the Fog”, a fechar o concerto que marcou o regresso triunfal dos Cradle Of Filth a Portugal.

Cradle Of Filth | @the.goldenrush

Setlist – Cradle Of Filth: 1 – Existential Terror | 2 – Saffron’s Curse | 3 – The Forest Whispers My Name | 4 – She Is a Fire | 5 – Malignant Perfection | 6 – Summer Dying Fast | 7 – Heartbreak and Seance | 8 – Nymphetamine (Fix) | 9 – Born In A Burial Gown | 10 – Malice Through the Looking Glass | 11 – Cruelty Brought Thee Orchids | 12 – Scorched Earth Erotica | 13 – Her Ghost in the Fog

Agradecimentos: Prime Artists

Todas as fotografias disponíveis em:

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