LA VERSION ORIGINAL EN ESPAÑOL SE ENCUENTRA AL FINAL:

Billie Joe Armstrong disse uma vez: “O segundo dia é sempre melhor que o primeiro.”

Eu gostaria de concordar.

Sentado na frente de um prato bagunçado de frango e batatas, um copo meio cheio de refrigerante amarelo e três potes de creme sujos nas bordas, eu me pergunto: “Como os Rolling Stones faziam isso todos os dias?”

Aí eu me lembro porque meu cotovelo dói (porque foi a primeira coisa que cobriu uma das minhas duas quedas no mosh “VASELINE”) e fico menos envergonhado sabendo que minha camisa está aberta porque ontem eu estava nu cantando “Jessica”. Por fim, quando chega uma nova notificação ao telefone, entendo que todos, vendo um fotógrafo, queriam saber como me encontrar.

 

 

 

 

 

 

 

 

A tarde começou na Av. Alfonso Ugarte. Aguardava o baixista do “Escremento Social” e, quando apareceu à porta do Festival, pediu desculpa em troca de um cigarro. Entramos pelo estacionamento, acompanhados por uma octogenária que, por algum motivo, todos conheciam. Lá nos esperava “Pedro Psicosis”, vocalista de uma banda com o mesmo nome da sua alcunha. Eu o conheci em alguns shows no centro de Lima e devo admitir que não é um prazer culposo, mas sim desaprovado pelos “saber”. Pessoalmente, sua passagem de som foi muito profissional, mas fiquei triste ao saber que não havia um saxofonista para ele ou “Los Escremento”.

Entrei no banheiro, tirei a camisa pólo, deixando apenas o paletó, um colar de prata e outro que simulava um rosário. Foi então que, a um canto, um homem vestido de couro, com as nádegas à mostra e as botas gastas, olhou-se ao espelho, respirando. Por 4 segundos ou menos, trocamos um olhar estranho. Ele era como eu, não havia dúvida: igualmente nervoso, igualmente selvagem.

A explosão aconteceu quando faltavam apenas 12 passos do banheiro para o palco, como uma cobrança de pênalti, mas com menos pessoas (e isso é algo que precisamos falar também). Mas agora que o silêncio age, eles vão brincar.

“Escremento Social” é uma banda que tem presença e não sei se já a escrevi, mas é o que falta às outras. Não me interessa, neste momento, que a tua letra seja tão revolucionária ou significativa para o meu caminho de casa para o trabalho, o que me importa é que, se vou pagar a passagem, quero receber uma experiência. E eles sabem disso.

De minha parte, a experiência com minha câmera foi desastrosa. Entendi (entrando em detalhes técnicos) que preciso de um flash, e que, se vou cobrir um evento tão grande com tantas luzes, não pode ser feito como nas avenidas. E é aqui que, talvez, eu deva me desculpar com as bandas.

Recebi várias mensagens durante a noite para ir ao LIMA NOISE, mas era longe, o “REPTIL” já havia cancelado, e no fim ninguém ia me aturar. Posso ir sozinho, mas vamos lá, já tenho três copos de cachaça, mais uma substância e uma conversa particular com um médium emergente. Ela realmente iria deixá-lo?

“A música está de volta!” grita o baixista do Escremento depois de sair para fumar por mais de uma hora. Gritei para ele: “Você é meu advogado, idiota. Preciso de você aqui se alguém que não conheço entrar e começar uma briga”. Mas ele não respondeu, estava “distraído” o suficiente para ouvir minhas censuras.

De repente há umas congas, uns timbales e alguém com uma daquelas t-shirts que odeio com letra de Elliot Túpac… Até que dancei com toda a minha alma lembrando do meu querido Chiclayo. Acabei entre cervejas, a cerca de contenção e um abraço eterno. “Los Chankas”, em menos de 45 minutos, fez o que ninguém mais conseguiu com seu show: nos unir. Ele nos levou à planície, ele nos levou às raízes de nossa negação. Tirou aquela batida que a gente gosta de varrer para debaixo do tapete porque envergonha os puristas.

“Acabei de tirar uma foto com o Freddy, merda, quero chorar!” Conta-me o baixista, referindo-se à lenda de “Vaselina”, que com muletas e uma velhice feroz, veio cantar-nos que “vamos queimar o congresso”.

Descendo as escadas de uma área chamada “VIP”, abri os braços como um avião, descendo cada degrau até ver sua camisa de manga curta, o sorriso de um avô agradecido e uma alma enriquecida que podia emanar paz. “Você é um professor, obrigado por tanto e desculpe por tão pouco”, “Obrigado por terem vindo, obrigado jovens”.

Peguei suas mãos, me ajoelhei na frente dele e nada mais importava. Aquela primeira imagem de “Vaselina” abrindo o show do “Green Day” no estádio San Marcos voltou ao meu coração, aquelas risadas de não saber quem eram, o que faziam vestidas de vampiras, o que cantavam e por que “Angella” . Eu entendi tudo naquela jornada imortal.

E não tenho mais fotos. Não tenho mais nada a comentar. Porque no final da noite só importava deixar a máquina fotográfica, as alianças, o rosário, o telemóvel, a carteira e algumas moedas na mochila. Tudo, com a intenção de cantar. Cante, como diria Ray Bradbury, para não morrer.

A velhice assusta muitos. Mas se um dia desses eu me sentar diante de um grupo de jovens e ler, projetar uma imagem ou cantar uma oração que escrevi para mim, e alguém 50 ou 60 anos mais novo que eu se esforçar para cantar um refrão pela eternidade, saberei que fiz certo.

Taro K. Zelada

Lima, Perú, 2023.

 

ESPANÕL ORIGINAL:

Billie Joe Armstrong dijo una vez: “El segundo día siempre es mejor que el primero”.

Me gustaría estar de acuerdo.

Sentado frente a un plato desordenado de pollo y papas, un vaso medio lleno de refresco amarillo y tres botes de crema sucios en los bordes, me pregunto: “¿Cómo hacían esto todos los días los Rolling Stones?”.

Entonces recuerdo por qué me duele el codo (porque fue lo primero que cubrió una de mis dos caídas en el mosh de “VASELINA”) y me da menos vergüenza saber que mi camisa está abierta porque ayer estaba desnudo cantando “Jessica”. Finalmente, cuando llega una nueva notificación al teléfono, entiendo que todos al ver a un fotógrafo querían saber cómo encontrarme.

 

 

 

 

 

 

 

 

La tarde comenzó en la Av. Alfonso Ugarte. Esperaba al bajista de “Escremento Social” y, cuando él apareció en la puerta del Festival, se disculpó a cambio de un cigarro. Entramos por el estacionamiento, acompañados de una mujer octogenaria que, por alguna razón, todos conocían. Allí nos esperaba “Pedro Psicosis”, vocalista de una banda con el mismo nombre que su apodo. Lo conocí en algunos conciertos en el centro de Lima y debo reconocer que no es un placer culposo, sino mal visto por los “conocedores”. En persona, su prueba de sonido era muy profesional, pero me entristeció saber que no había un saxofonista para él o “Los Escremento”.

Entré al baño, me quité el polo y dejé solo mi campera, un collar de plata y otro que simulaba un rosario. Fue entonces que, en un rincón, un hombre vestido de cuero, nalgas descubiertas y botas desgastadas, se miró en el espejo, respirando. Durante 4 segundos o menos, intercambiamos una mirada incómoda. Era como yo, de eso no había duda: igual de nerviosos, igual de salvajes.

La explosión ocurrió cuando solo había 12 pasos desde el baño hasta el escenario, como un tiro penal, pero con menos gente (y esto es algo de lo que también tenemos que hablar). Pero ahora que actúe el silencio, ellos jugarán.

“Escremento Social” es una banda que tiene presencia y no sé si ya lo escribí, pero eso es lo que les falta a los demás. No me interesa, en este momento, que tus letras sean tan revolucionarias o significativas para mi camino de casa al trabajo, lo que me importa es que, si voy a pagar el boleto, quiero recibir una experiencia. Y ellos lo saben.

Por mi parte, la experiencia con mi cámara fue desastrosa. Entendí (entrando en detalles técnicos) que necesito un flash, y que, si voy a cubrir un evento tan grande con tantas luces, no se puede hacer como en las avenidas. Y aquí es donde, quizás, debería disculparme con las bandas.

Recibí varios mensajes durante la noche para ir a LIMA NOISE, pero estaba muy lejos, “REPTIL” ya había cancelado, y al final nadie me iba a aguantar. Puedo ir solo, pero vamos, ya tengo tres vasos de rum, una sustancia más y una conversación privada con un medio emergente. ¿De verdad iba a dejarlo?

“¡La música ha vuelto!” grita el bajista de Escremento después de salir a fumar por más de una hora. Le grité: “Eres mi abogado, idiota. Te necesito aquí si alguien que no conozco interviene y comienza una pelea”. Pero no respondió, estaba lo suficientemente “distraído” para escuchar mis reproches.

De repente hay unas congas, unos timbales y alguien con uno de esas camisetas que odio con letra de Elliot Túpac… Hasta que bailé con toda el alma recordando a mi amado Chiclayo. Acabé entre cervezas, la valla de contención y un abrazo eterno. “Los Chankas”, en menos de 45 minutos, hicieron lo que nadie más pudo con su show: unirnos. Nos llevó al llano, nos llevó a las raíces de nuestra negación. Nos quitó ese ritmo que nos gusta esconder debajo de la alfombra porque avergüenza a los puristas.

“Me acabo de tomar una foto con Freddy, ¡mierda, quiero llorar!” Me dice el bajista, refiriéndose a la leyenda de “Vaselina”, que con muletas y una vejez feroz, vino a cantarnos que “Vamos a quemar el congreso”.

Bajando las escaleras de un área llamada “VIP”, abrí los brazos como un avión, deslizando cada peldaño hasta ver su playera de manga corta, la sonrisa de un abuelo agradecido y un alma enriquecida que podía emanar paz. “Eres un maestro, gracias por tanto y perdón por tan poco”, “Gracias por venir, gracias jóvenes”.

Tomé sus manos, me arrodillé frente a él y nada más importó. Aquella primera imagen de “Vaselina” abriendo el show de “Green Day” en el estadio de San Marcos volvió a mi corazón, esas risas de no saber quiénes eran, qué hacían vestidos de vampiros, qué cantaban y por qué “Angella”. Entendí todo en ese viaje inmortal.

Y no tengo más fotos. No tengo nada más que comentar. Porque al final de la noche lo único que importaba era dejar la cámara, los anillos, el rosario, el celular, la billetera y algunas monedas en la mochila. Todo, con la intención de cantar. Cantar, como diría Ray Bradbury, para no morir.

La vejez asusta a muchos. Pero si un día de estos me siento frente a un grupo de jóvenes y leo, proyecto una imagen o les canto una oración que escribí para mí, y alguien 50 o 60 años más joven que yo se desvive para cantar un coro por la eternidad, sabré que lo hice bien.

Taro K. Zelada

Lima, Perú, 2023.

 

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