Há momentos em que mudanças de membros não caem bem com uma banda, mas há momentos em que sim, eles os revivem completamente, dando-lhes nova força e desejo. E esse foi o caso de Lorna Shore, com a adição de Will Ramos e Andrew O’Connor. De mãos dadas com o selo de qualidade Century Media, lançaram seu quarto LP ‘Pain Remains’ no dia 14 de outubro de 2022 com uma força e uma vontade de demonstrar do que são capazes, digna de admiração.

A mudança de vocalista e guitarrista não é que veio agora, mas já em 2021, quando eles lançaram seu viral ‘… And I Return To Nothingless’ e sua gigantesca música ‘To The Hellfire’. Foi então que os descobri… E que jeito de os descobrir!

O LP abre com ‘Welcome back, O’Sleeping Dreamer‘. Nas suas primeiras notas surpreendem-nos com uma introdução sinfónica como se estivessem prestes a desencadear o fim do mundo, entrando no mundo dos sonhos que Lorna Shore nos quer entrar e depois acordando-nos com um gutural brutal de Ramos e o pedal duplo de [ baterista] metralhando sua cabeça. Tem riffs dignos do mais puro Djent e breaks do melhor do gênero passando por riffs de death metal e um solo de guitarra acompanhado de uma melodia apocalíptica de tirar o fôlego. Existe alguma vara que não toca neste tópico? Possivelmente não. Maneira magnífica de começar um disco, sim senhor.

O tempo todo temos ‘Into The Earth’, um de seus singles onde cedemos mais à velocidade e velocidade das guitarras e à potência vocal de Will, deixando-nos com alguns guinchos e guturais característicos da casa. Um tema que é acompanhado pela sua parte sinfónica que lhe confere epicidade mas também brutalidade.

Algo que já percebi, e só temos duas músicas, é a produção magistral do álbum. Como casa tudo o que é sinfônico com o brutal… Maravilhoso. Não existe um instrumento que se destaque mais que o outro, todos equalizados e produzidos de forma soberba.

Continuamos com ‘Sun/Eater’, uma música que começa suave com alguns violinos tocando e de repente a música explode com a mesma força de uma bomba nuclear. Com certeza uma das minhas músicas favoritas do álbum.

‘Cursed To Die’ começa com uma guitarra desbotada em antecipação ao que será a melodia principal da música. Uma música muito boa com um ritmo fácil de cantarolar que pode dar muito play ao vivo. Tem um bom ritmo, um bom solo de guitarra bastante melódico e um bom instrumental.

Continuamos com ‘Soulless Existence’ onde as guitarras de Andrew e Adam, a bateria de Austin, o baixo de Michael e a voz de Will criam esta música estilo Black Metal no estilo de Lorna Shore.

Já passamos o meridiano do álbum e chegamos a ‘Apotheosis’ com coro e bateria que dão lugar a um baterista disparando com os pedais duplos e o blastbeat, riffs bem rápidos junto com a melodia rítmica da guitarra que fica tão bem e dá um toque bastante épico. Os colapsos dessa música (com os mil timbres de Will fazendo seu trabalho) seguidos pelo solo de guitarra e o retorno dos riffs principais a tornam uma música completa.

‘Wrath’ é uma mistura entre o black metal do Behemoth junto com o melhor do Deathcore.

E chegamos com a trilogia Pain Remains, neste caso com ‘Pain Remains: Dancing Like The Flames’, ‘Pain Remains II: After All I’ve Done I’ll Dissapear’ e ‘Pain Remains III: In A Sea Of Fire ‘. A meu ver, essa trilogia não pode ser analisada sem estar junto e posso dizer que os 20 minutos que eles fazem como um todo são a melhor coisa que Lorna Shore já fez. As três músicas combinam perfeitamente, cada uma com seu estilo e andamento, sua letra, sua mensagem e seu sentimento se refletem aqui. Menção especial para a terceira parte ‘Pain Remains III: In A Sea Of Fire’ com duração de 9 minutos repleta de genialidade e talento.

‘Pain Remains’ Vou me lembrar dele como um cd que eu queria muito e que realmente me surpreendeu de vez na primeira audição. É tudo o que você esperaria de Lorna Shore e muito mais!

O que esses caras fazem está além do meu raciocínio. Vou ter de os ver ao vivo para acreditar porque raramente se vê um grupo crescer tão depressa quando já passaram por tantas mudanças de formação e com maturidade para criar um LP tão redondo como este.

Nota: 9’5

Formação:

Adam De Micco – guitarra
Austin Archey – batería y teclado
Andrew O’Connor – guitarra
Will Ramos – voz
Michael Yager – bajo

Tracklist:

1.- Welcome Back, O’Sleeping Dreamer
2.- Into The Earth
3.- Sun/Eater
4.- Cursed To Die
5.- Souless Existence
6.- Apotheosis
7.- Wrath
8.- Pain Remains I: Dancing Like Flames
9.- Pain Remains II: After All I’ve Done I’ll Dissapear
10.- Pain Remains III: In A Sea Of Fire

 

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