Martiria faz como um eco do passado, vem das mesmas mentes que
compõem o grupo que apresenta este último álbum.
Sua particularidade começa com um Vinny Appice (bateria, ex Black Sabbath, Dio)
que testemunhou o nascimento e a evolução do heavy metal e do metal épico; Não
diminuindo a contribuição para a letra que aborda temas mais oníricos e fantasiosos,
recorrendo de lendas de guerra a espaços filosóficos.
Isso nos liga a Marco R. Capelli, o poeta responsável pela letra de Martiria.
Mais do que focar no currículo dos integrantes, é atentar para o
intenção e criação destes.
Em Timeless (2022), eles dão King of Shadows como abertura, letra dada por
Menarini-Capelli e inspirado na lenda de Orfeu. Uma piscadela perfeita para ele
retorno da banda após várias décadas em hiato. É a viagem para
submundo onde, com sua música, conquista as feras e cativa as divindades em
procurando sua amada Eurídice. Mostra-se um caminho entre mitos e lendas onde, se
o herói, seu amor não é “verdadeiro“, ou seja, ele não está disposto a morrer por isso, seria punido pelas divindades. Tema presente nos Desentendimentos onde eles se materializam parte de sua memória social como uma banda italiana piscando para a figura de Jesus e o traição de judas, novamente, liderando o conflito de salvação e morte
divino, tudo a partir de alguns riffs que nos convidam à batalha e confronto e alguns
acompanhamentos e coros que parecem divinos, sempre guardando um lugar
etéreo, como eco.
Em outro tom, a banda nos leva a um sentimento atmosférico e mais terreno com
instrumentos acústicos e de sopro, como em Idos de marcha; deseja “red de rationem
(Em breve haverá um confronto)“, acompanhando César em um símile à “Crônica
de uma morte anunciada” de Gabriel García Márques, onde a inevitável reivindicação
de sua alma devido à morte é o foco principal da peça e ele caminha envolto no
melodia que funciona como os sussurros da ameaça que se segue.
Outra coisa que merece destaque é a que recorre a discursos históricos como em
Tsushima onde remonta à batalha travada entre 24 e 25 de maio de 1905, onde o
A frota russa superava a japonesa, no entanto, a frota russa estava quase exterminados pelos japoneses, sob o comando do almirante Togo Heihachirō. O Soldados russos que foram feitos prisioneiros de guerra, foram abandonados pelo Exército Japonês ao longo da Ferrovia Transiberiana, saindo de Moscou seis mil quilômetros de distância. O fato de ocupar este espaço para narrar verdades
alienígena e sem perder a lendária teatralidade. Toda essa cena com a trilha sonora ligada
Doom, com a sensação de estar atento e alerta, pois a realidade imediata é
tortuoso e incerto, por isso é melhor não perder o foco para sobreviver.
Na minha opinião, a música com o riff mais cantável; É pesado e conciso.
como golpes no chão. Estou falando de Burn, Baby Burn; saindo da anedota
onde Nero incendeia os bairros antigos de Roma. A sensação de euforia,
adrenalina, êxtase, o poder de manipulação e destruição de algo ou alguém é
o que Nero gostou quando viu seu povo queimar com capricho e perversão; aquela
sentimento de poder é o que eu percebo é insinuado na música.
No comentário final, ficou um belo detalhe de fechar o álbum com Spiral Architect,
lembrando que Vinny Appice tocou com Black Sabbath, então você pode imaginar o
emoção e nostalgia por parte dos integrantes ao tocar um tema que transcendeu
tempo e geografia desde 1973.
Em resumo, ressaltando que a playlist proposta é composta por trechos de
vários álbuns da banda, dá-lhe um toque de memória e nostalgia se for que acompanha o desenvolvimento da banda ao longo de seu projeto. Em outro sentido, sua atração principal, me pareceu, sua proposta dada a temática épica que inicia a letra do olhar da poesia; Eu até gosto da ideia de brincar de quê, mais que poeta é um menestrel que narra e tem voz, ora do lugar de observador ora da primeira pessoa.