A última sexta-feira, 5 de abril, marcou o retorno dos Greenleaf à Portugal. A banca sueca formada no final dos anos 90, projeto paralelo de membros das bandas Dozer e Demon Cleaner, tocou as principais músicas do seu legado e apresentou singles do seu novo álbum – The Head & The Habit – que será lançado em 21 de junho.

Era por volta das 22 horas quando os Greenleaf subiram ao palco e encontraram uma Hard Club Porto lotada e muito animada, ansiosa por ouvir o stoner rock dos suecos. Escolheram como música de abertura a acelerada “Trails and Passes”, do álbum do ano de 2014 com mesmo nome, que fez a plateia dançar ao ritmo da música que tem um riff de guitarra bem psicodélico e único.

Greenleaf - Hard Club Porto | Photo: @julianji.matti
Greenleaf – Hard Club Porto | Photo: @julianji.matti

Setlist dos Greenleaf:

  • Trails and Passes
  • Sweet is the Sound
  • Ocean Deep
  • Our Mother Ash
  • Bury Me My Son
  • On Wings of Gold
  • The Drum
  • Breathe, Breathe Out
  • Good Ol’ Goat
  • Bound To Be Machines
  • Tides
  • Let It Out
  • Be My Husband (cover Nina Simone)
  • Going Down (cover Freddie King)

A música seguinte foi a “Sweet is the Sound”, do ábum “Hear the Rivers” (2018), que tem uma sonoridade que mistura hard rock oitentista com vocais que refletem uma grande influência do blues. O vocalista Arvid Hällagård aproveitou a segunda parte da faixa para incutir na plateia palmas quase uníssonas que acompanharam a marcação forte da bateria de Sebastian Olsson.

O carismático Hällagård soube não apenas entreter, como um bom frontman, mas também envolver e divertir o público puxando coros nas canções, elogiando a cidade do Porto e o seu vinho, e contagiando a todos em sequências de “chamada e resposta” de uma expressão bem nortista: dizia “foo” e a plateia respondia “das”. As interações divertidas foram uma constante ao longo de todo o concerto.

Greenleaf - Hard Club Porto | Photo: @julianji.matti
Greenleaf – Hard Club Porto | Photo: @julianji.matti

Os Greeleaf fizeram todo o Hard Club Porto ir de um misto de explosão à contemplação com a sequência das músicas “Ocean Deep” e “Our Mother Ash”, ambas do álbum “Trails and Passes” (2014), com a psicodelia e riffs afiados de hard rock, que levantaram mais uma vez palmas ritmizadas da plateia.

A estonteante “Bury Me My Son”, do álbum “Echoes From a Mass” (2021), fez todo o Hard Club dançar com linhas de baixo com bastante funky do Hans Fröhlich, mas também trouxe um dos momentos mais icónicos do concerto, quando o guitarrista Tommi Holappa mostrou toda a sua criatividade e genialidade em um solo impressionante usando uma garrafa de cerveja, fazendo um efeito de reverb psicodélico que, mais tarde, repetiria usando as pedaleiras com muita maestria.

Tommi Holappa foi um espetáculo a parte ao longo do show, roubando a cena com seu gingado, seus solos impecáveis e o seu jeito inerente de tocar. Mas não ficou atrás dos demais membros da banda, que souberam unir perfeitamente a técnica muito bem trabalhada, a sonoridade com influências de diferentes estilos de rock e a sintonia em palco entre eles, ao atuar à vontade com o público e, visivelmente, se divertindo acima de tudo.

Em “On Wings of Gold”, do álbum “Echoes From a Mass” (2021), o acid rock se fez presente no palco levando a plateia ao delírio com riffs rápidos e, por vezes melódicos e com uso de muita distorção, finalizando com os vocais ecoantes de Arvid Hällagård. Já com um ritmo que reverencia o southern rock americano, a faixa “The Drum”, do álbum “Trails and Passes”, trouxe uma melodia que se pode até fazer uma alusão aos ZZ Top, que estampavam a camisa de Tommi Holappa.

Greenleaf - Hard Club Porto | Photo: @julianji.matti
Greenleaf – Hard Club Porto | Photo: @julianji.matti

O mais novo single “Breathe, Breathe Out”, do novo álbum “The Head & The Habit”, veio na sequência para animar a plateia mais uma vez com seu ritmo acelerado e refrão contagiante, que logo se fez perceber por todos que ecoaram seus versos junto com o vocalista Arvid. O videoclipe oficial do single havia sido lançado a poucos dias antes do concerto e já está a alcançar expressivas visualizações no YouTube.

As faixas seguintes, “Good Ol’ Goat” e “Bound To Be Machines”, respectivamente, trouxeram um tom mais pesado, típico do doom metal que é elemento forte do estilo stoner da banda, com bateria mais marcada e guitarra acelerada com afinação mais grave. Nesta última, os Greenleaf pegaram emprestado a voz do público em um coro que ecoou aos comandos de Hällagård da metade até o final da música.

A penúltima música escolhida para a noite, foi a melódica “Tides”, do álbum “Echoes From A Mass”, que envolveu o Hard Club em uma atmosfera de suspense com uma sonoridade mais sombria e indie rock com vocais cheios de tecitura, fazendo a plateia cantar junto com Arvid os versos: “We are all but the same kind”.

Para encerrar com toda a energia, os Greenleaf escolheram tocar a agitada “Let It Out”, do álbum “Hear The Rivers” (2018), que fez todo o Hard Club sair do chão e dançar ao ritmo da música e aplaudir na marcação da bateria rápida de Sebastian Olsson. A música contagiante foi como colocar fogo em gasolina, pois quando as luzes se acederam e a banda saiu do palco, o público se recusou a ir embora e gritou por mais.

Atendendo aos pedidos da plateia, os Greenleaf voltaram ao palco para um epílogo memorável. Segurando uma garrafa de vinho do Porto, Arvid Hällagård cantou “Be My Husband”, um clássico de Nina Simone, a capella, acompanhado apenas das batidas da bateria de Olsson e das palmas da plateia, provando mais uma vez a sua capacidade vocal impecável. De seguida, deu lugar aos demais membros que improvisaram um jam que agitou mais uma vez o ambiente.

Finalizando a noite, os Greenleaf fizeram o Hard Club Porto “Going Down” literalmente ao som de uma versão mais pesada e psicodélica deste clássico do blues do cantor norte-americano Freddie King, evidenciando o quão profundas e dinâmicas são as influências da banda. Em seu clímax, via-se por toda a plateia pessoas se abaixando enquanto a melodia desacelerava e o frontman ia ao chão, todos em sintonia. Para fechar com tudo, a banda volta a acelerar num ápice de energia, culminando em uma roda de mosh no centro da casa, encerrando de forma intensa uma noite simplesmente antológica.

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