Na última sexta-feira, 02 de maio, o RCA Club, em Lisboa, foi palco de uma noite de pura brutalidade sonora, pelas mãos da HELL XIS Agency & Records.

Com sala cheia, os belgas — mestres do goregrind — Aborted lideraram a Slashing Europe Tour com um line-up de peso: as brasileiras Crypta, representando o death metal moderno com força e técnica; os norte-americanos The Zenith Passage, trazendo seu technical death metal preciso e hipnótico; e os Organectomy, diretamente da Nova Zelândia, com seu slamming death metal descomunal.

Já adianto: a noite foi INSANA. Moshs, circle pits, crowdsurfings, stagedivings e energia em erupção do início ao fim. Continue lendo para saber cada detalhe dessa noite histórica em Lisboa!

ORGANECTOMY

ORGANECTOMY @ RCA Club Lisboa - 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso
ORGANECTOMY @ RCA Club Lisboa – 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso

Os Organectomy foram os responsáveis por abrir esse massacre sonoro, enquanto uma fila ainda enorme se formava do lado de fora do RCA Club. Mesmo com o público ainda reduzido naquele momento, os que já estavam dentro da sala estavam sedentos por destruição — e receberam a banda da melhor forma possível, respondendo com muito headbanging e moshs a cada música que avançava pelo set.

Em uma apresentação de aproximadamente 30 minutos, despejaram um arsenal de peso, com faixas destruidoras como “Tracheal Hanging” e “Concrete”, encerrando com a brutal “Terror Form”. A banda, com seus breakdowns violentos, grooves pesadíssimos e a pegada slamming visceral, simplesmente não permitia que ninguém ficasse parado!

O som dos Organectomy é verdadeiramente animal e coeso — uma parede sonora de brutalidade e precisão. O vocalista Alex Paul, com seu vocal extremo de excelência, também merece destaque: além da técnica impressionante, ele tem uma presença de palco magnética e um carisma gigante, comandando o público como um verdadeiro regente do caos.

Foi uma abertura matadora, que deu o tom da noite e já entregou o aviso: o que viria a seguir seria ainda mais insano. Uma verdadeira destruição, abrindo em grande estilo!

THE ZENITH PASSAGE

THE ZENITH PASSAGE @ RCA Club Lisboa - 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso
THE ZENITH PASSAGE @ RCA Club Lisboa – 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso

Agora, com uma sala já lotada e um público completamente sedento por mais, exatamente às 20:40, foi a vez dos The Zenith Passage quebrarem tudo. Com seu technical death metal de altíssimo nível, a banda trouxe um setlist mais voltado para o seu último lançamento, o álbum Datalysium (2023).

A largada veio com “The Axiom Of Error”. Desde o primeiro acorde, ficou claro que o som estava absurdamente coeso, brutal e tecnicamente minucioso. A banda dominava o palco com precisão, mantendo o público completamente em suas mãos. A resposta foi imediata: dos headbangings furiosos aos circle pits alucinados, e os primeiros crowdsurfings da noite já se formavam no meio da multidão.

O setlist foi escalando em intensidade, passando por faixas como “Algorithmic Salvation”, “Lexicontagion”, “Holographic Principle II: Convergence” e as pesadíssimas “Divinertia I” e “Divinertia II”. A cada nova música, mais evidente se tornava o nível técnico e a entrega visceral da banda. Um verdadeiro espetáculo.

O encerramento triunfal ficou por conta da já clássica “Deus Deceptor”. Quando o vocalista Derek Rydquist anunciou que seria a última, o público reagiu com vaias de decepção — mas não porque não estavam satisfeitos, e sim porque queriam ainda mais. A banda claramente havia conquistado a todos. Rydquist, em resposta, deu o máximo de si: subiu na grade, foi agarrado com entusiasmo pelos fãs e entregou um final avassalador, levando a energia ao seu ápice.

Por volta de 21:10, finalizaram a apresentação sendo muito aplaudidos — uma performance de respeito, que deixou sua marca na plateia!

CRYPTA

CRYPTA @ RCA Club Lisboa - 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso
CRYPTA @ RCA Club Lisboa – 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso

Sem tempo para descanso, a ansiedade tomava conta do público, agora cada vez mais colado na grade, aguardando com fervor as brasileiras da Crypta. Assim que a última banda deixou o palco, vimos Luana Dametto subir para checar a bateria — e bastou esse momento para o público vibrar. Gritos e aplausos explodiram, e ela retribuiu com muita simpatia.

Por volta das 21:25, começou a intro marcando a entrada das integrantes, uma a uma, com o público vibrando num frenesi de vozes e emoção. O setlist foi certeiro, equilibrando faixas dos dois álbuns completos da banda: o poderoso Echoes of the Soul (2021) e o mais recente Shades of Sorrow (2023).

O massacre começou com a densa e brutal “Death Arcana”, e já era possível ver as cabeças rolando. O público cantava com garra, e a sintonia era imediata. Em seguida, veio o hino “The Other Side Of Anger”, com os fãs acompanhando em coro os refrões enquanto Fernanda Lira — com sua performance ímpar e carisma arrebatador — interagia diretamente com todos, tornando a experiência ainda mais especial. Em um momento particularmente carinhoso, “Fefê” soltou um “como é bom poder falar português” e completou com “Portugal nunca decepciona”, arrancando ainda mais aplausos e gritos da multidão. Mais tarde, soubemos que ela estava doente naquela noite — o que torna essa entrega ainda mais admirável, pois sua performance foi impecável e absolutamente entregue.

O set seguiu com “Stronghold”, um verdadeiro soco sonoro que inaugurou os primeiros stagedivings da noite. A intensidade só subia com “The Outsider”, seguida da destruidora “Under the Black Wings” e da intensa “Possessed”, e o público já estava totalmente tomado. O hit “Lord of Ruins”, com seu breakdown pesadíssimo, veio como avalanche, completando um ciclo de pura pancadaria.

Tainá Bergamaschi mostrou mais uma vez sua força em palco, evoluindo técnica e presença a cada show. Luana, por sua vez, esmagava tudo com uma bateria precisa, forte e perfeitamente executada. Helena Nagagata demonstrou estar entrosada com a banda, segura e bem recebida, o que se refletiu nos aplausos e gritos do público.

O setlist culminou com “From the Ashes”, e aí não restou pedra sobre pedra. O RCA Club explodiu em moshs e crowdsurfings completamente fora de controle — alguns caindo direto sobre a grade, inclusive apertando a área dos fotógrafos, numa visão de puro caos. Foi uma apresentação intensa, impecável, e claramente muito esperada. Banda e público estavam em absoluta sintonia, onde a banda entregou tudo, e os fãs, sem dúvida, retribuíram em dobro!

ABORTED

ABORTED @ RCA Club Lisboa - 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso
ABORTED @ RCA Club Lisboa – 02/05/2025 | @the.goldenrush @culturaempeso

Em uma sala completamente lotada, onde já não parecia caber mais ninguém, por volta das 22:28 se ouvia a intro que anunciava: o massacre final estava prestes a começar. Os mestres do goregrind Aborted, finalmente subiriam ao palco para destruir tudo. Sem cerimônias ou apresentações longas, a destruição teve início com “Dreadbringer”, seguida imediatamente pela avassaladora “Retrogore”, numa sequência tão brutal que o RCA Club se transformou num verdadeiro campo de batalha. Não deu outra: um circle pit se formou instantaneamente, crescendo a cada riff, numa explosão de pura violência sonora.

A carnificina seguiu sem piedade com “Brotherhood of Sleep”, “The Origin Of Disease” e “Infinite Terror”. Entre uma faixa e outra, o carismático frontman Sven de Caluwé aproveitava para conversar com o público, soltando histórias — como algumas envolvendo sua mãe — e arrancando gargalhadas da multidão. Era aquele contraste perfeito entre brutalidade extrema e leveza bem-humorada que só ele consegue entregar.

Cada nova faixa era um soco mais forte que o anterior. A energia do público crescia sem parar: headbangings, moshs, crowdsurfings desenfreados… O caos era completo. Ninguém mais enxergava direito o palco, de tanta movimentação à frente — e, sinceramente, ninguém parecia se importar. Todos queriam mesmo era entregar-se ao caos sonoro absoluto e viver cada segundo do que acontecia ali.

Enquanto isso, no palco, a banda demonstrava com clareza seus 30 anos de estrada. Técnica absurda, presença de palco destruidora e uma coesão impressionante. Destaque especial para o novo baterista, Kévin Paradis — francês conhecido por trabalhos no Mithridatic e Paths to Deliverance — que chegou botando tudo abaixo com precisão cirúrgica e agressividade de sobra. Cada batida era como se tocasse até os ossos.

Na sequência, vieram “Deep Red”, “From a Tepid Whiff” e a explosiva “Death Cult”, que deixou o público completamente fora de controle. Era um mar de corpos em constante rotação. A cada nova faixa, mais brutalidade. Em “The Shape of Hate”, a energia seguiu no ápice, preparando o terreno para o momento em que Sven, liderando o culto, pediu um wall of death para começar “Insect Politics”. E claro, o público obedeceu e não decepcionou!

Indo para a reta final, a banda lançou a poderosa sequência “Threading on Vermillion Deception”, seguida do clássico incontestável “The Saw And The Carnage Done”, que trouxe um novo pico de insanidade. Nessa altura, o RCA era um pandemônio absoluto. Encerraram com “Hecatomb”, deixando o palco após uma hora de massacre auditivo, com o público ainda cheio de energia, gritando por mais.

Infelizmente, o espetáculo chegava ao fim. Mas o que ficou foi aquela sensação de “presenciamos algo histórico”. Aborted entregou tudo — e mais um pouco — com brutalidade, precisão e uma performance insana. Essa noite ficará gravada na história dos shows extremos em Lisboa.

SETLIST:

  1. Dreadbringer
  2. Retrogore
  3. Brotherhood of Sleep
  4. The Origin of Disease
  5. Infinite Terror
  6. Deep Red
  7. From a Tepid Whiff
  8. Death Cult
  9. The Shape of Hate
  10. Insect Politics
  11. Threading on Vermillion Deception
  12. The Saw and the Carnage Done
  13. Hecatomb

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