Na última terça-feira, 03 de junho, a sala 2 do LAV – Lisboa Ao Vivo foi palco de uma noite devastadora de metal moderno e extremo, organizada pela Prime Artists. Mesmo sendo um dia útil, o público mostrou-se sedento por brutalidade e técnica, participando ativamente de um espetáculo em grande estilo com bandas de altíssimo nível. Breakdowns violentos, vocais intensos e mosh pits insanos marcaram uma noite que ninguém ali vai esquecer tão cedo. Continue lendo para ficar por dentro de cada detalhe dessa noite memorável!

The Voynich Code

The Voynich Code @ LAV - Lisboa Ao Vivo - 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso
The Voynich Code @ LAV – Lisboa Ao Vivo – 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso

Os portugueses THE VOYNICH CODE foram os responsáveis por abrir a noite com os dois pés na porta. Com seu Technical Deathcore poderosíssimo, tiraram todos do chão desde o início.

O recinto foi tomado pelo caos: mosh pits se formavam, o headbanging rolava solto. A banda é carismática, extremamente técnica, e a nova formação se mostrou afiadíssima. O vocalista britânico Jack Kinsey, anunciado no último mês como substituto da marcante voz de Nelson Rabelo, não deixou a desejar em momento algum, provando que a banda está mais pesada e precisa do que nunca. Sua presença já havia sido registrada em estúdio no dia 7 de maio, com o lançamento do videoclipe de “Serpents Meridian”, que marcou o regresso às atividades discográficas e o início de uma nova fase criativa.

Mas ao final veio o momento mais esperado: a despedida oficial de Nelson, após 10 anos de estrada com a banda. Na última faixa, “The Last Grain”, ele se juntou pela última vez aos seus companheiros para dividir os vocais com Kinsey. Um momento simbólico e carregado de emoção, representando o fechamento de um ciclo importante. E a sala veio abaixo! Não restou pedra sobre pedra.

Nesse instante, teve de tudo: emoção, energia, conexão total entre banda e público. Um circle pit se abriu, seguido de muito headbanging, os dois vocalistas subiram à grade para se aproximarem ainda mais dos fãs… foi o puro caos que amamos!

A banda saiu muito aplaudida, e Nelson ainda aproveitou para jogar seu colete à malta, como gesto de carinho. Saíram ovacionados, deixando claro que The Voynich Code segue firme, forte e com total apoio da sua legião de fãs.

Entheos

ENTHEOS @ LAV - Lisboa Ao Vivo - 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso
ENTHEOS @ LAV – Lisboa Ao Vivo – 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso

O público já se preparava para receber de braços abertos os californianos ENTHEOS, com o seu Technical/Progressive Deathcore afiado e sombrio. Abriram o set com “All for Nothing”, seguida de “Absolute Zero”, onde já se via o círculo se abrir no centro da sala para os primeiros mosh pits que dali não cessariam mais. Uma recepção em grande estilo para uma banda que veio mostrar a que veio!

Vê-los ao vivo é, pra mim, uma experiência pessoal muito feliz — porque amo ver mulheres na linha de frente do metal. E Chaney Crabb, nos vocais, é simplesmente hipnótica: ela nos lembra uma bruxa — no melhor sentido possível — que enfeitiça o público com uma mistura de vocais rasgados, guturais e limpos, entregues com intensidade e domínio de palco impressionantes. A cada faixa, a empolgação do público só aumentava!

Seguiram com “An End to Everything”, e em “I Am the Void”, o ambiente ganhou um ar introspectivo: todos levantaram os celulares com as lanternas acesas, criando um momento mágico. A música, com sua pegada mais arrastada e melancólica, contrastava com a brutalidade do restante do set. Na sequência, veio “Life in Slow Motion”, onde Chaney já chegou pedindo um circle pit, prontamente atendida pelo público com energia total — e seguimos para “A Thousand Days”, mantendo o ritmo agressivo.

Encerraram a apresentação com “The Sinking Sun”, faixa que foi recebida com crowdsurfings tímidos, mas que marcaram um novo nível de empolgação para o público. Foi aquele tipo de final que deixa a sensação de “quero mais”.

Os Entheos sairam do palco muito aplaudidos, e com toda certeza conquistaram ainda mais fãs naquela noite. Uma apresentação empolgante, com vocais marcantes, técnica apurada e breakdowns devastadores que simplesmente colocaram o recinto abaixo.

Ingested

Ingested @ LAV - Lisboa Ao Vivo - 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso
Ingested @ LAV – Lisboa Ao Vivo – 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso

Com um público claramente ansioso, exatamente na hora marcada, os britânicos INGESTED vieram com tudo com seu Slam/Brutal Death Metal, temperado com pitadas de Deathcore — a receita perfeita para não deixar pedra sobre pedra! A sala foi transformada em uma verdadeira chacina sonora, com moshs cada vez mais violentos, alimentados pela brutalidade estimulante da banda.

Abriram o setlist com um soco direto, em uma sequência destruidora com “Titanomachy” e “Endgame”, enquanto o vocalista Josh Davies já provocava a plateia perguntando: “How does it feel?”. A cada virada de som, ele exigia mais circle pits, e o público obedecia com prazer, aumentando o nível de caos com sorrisos no rosto e corpos em colisão.

Seguiram com “Altar of Flesh”, o novo single e o primeiro com Davies nos vocais. Ele o apresentou com orgulho, e em um momento especial, passou o microfone para um fã empolgado na grade, que cantou junto, arrancando gritos e aplausos.

“Impending Dominance” e “Invidious” surgiram no set, relembrando fases anteriores da banda. Os riffs afiadíssimos e uma bateria devastadora e veloz faziam o chão tremer, impulsionando os breakdowns brutais que não davam trégua ao pescoço de ninguém, que batiam em sincronia.

Josh Davies é, sem dúvida, um frontman absurdo. Sua presença de palco é dominante — ele comanda a plateia como um verdadeiro maestro do caos, incentivando constantemente a energia a se manter no pico. Muito além de seus vocais brutais e impecáveis, ele tem o carisma e o controle necessários para incendiar a multidão.

Na reta final, lançaram “Copremesis”, e num gesto descontraído, Davies jogou água para o público — inclusive em mim e nos que estavam ali empolgados na grade, o que foi comemorado com ainda mais gritos. Seguiram com “Cremated Existence”, onde Davies convocou um wall of death que o público não apenas atendeu, mas superou com gosto, explodindo o ambiente.

Encerraram com “Skinned and Fucked”, que trouxe um super mosh intenso, crowdsurfings a todo vapor, e Davies indo até a grade para interagir ainda mais de perto com os fãs — tudo o que um show brutal deve ter! Foi caos do início ao fim, no melhor sentido possível, e exatamente do jeito que todos nós amamos.

Born Of Osiris

Born Of Osiris @ LAV - Lisboa Ao Vivo - 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso
Born Of Osiris @ LAV – Lisboa Ao Vivo – 03/06/2025 | Photos by: @ritafmota.photo & @culturaempeso

Agora sim, o ápice da noite: os norte-americanos BORN OF OSIRIS subiram ao palco pela primeira vez em Lisboa, trazendo sua sonoridade avassaladora que mistura metal progressivo, djent e deathcore. A banda estreou-se em solo português dias antes, no Porto, mas era visível o quanto os fãs da capital esperavam por esse momento.

O setlist foi simplesmente explosivo e satisfatório aos fãs, navegando entre os primórdios — com o EP The New Reign (2007) — e o presente, com faixas do aguardado álbum Through Shadows, que será lançado em 11 de julho de 2025.

Após alguns minutinhos de atraso — que não causaram frustração, mas sim aumentaram ainda mais a ansiedade e a expectativa — ouviu-se o grito de Ronnie Canizaro: “Portugal!”. E a casa veio abaixo com a abertura destruidora de “Open Arms to Damnation”, seguida de “Bow Down”, já com moshs, danças, headbangings e gritos empolgados tomando conta da sala. As luzes intensas a cada kick da bateria transformavam o ambiente numa boate insana, num contraste divertido com o peso sonoro.

Vale lembrar que a banda encarava um desafio importante: no último mês, já em turnê, o guitarrista Lee McKinney deixou a formação, pegando todos de surpresa. Ainda assim, os remanescentes não se abalaram, assumindo o palco como um power trio. Nick Rossi brilhou ao dividir-se entre guitarra solo, base e programação eletrônica, enquanto Canizaro e Cameron Losch se mantiveram firmes, entregando uma apresentação impecável, sólida e tecnicamente afiada.

Seguindo a festa, Canizaro pediu por mais circle pits, enquanto entravam as novíssimas “Elevate” e “A Mind Short Circuiting”, do álbum que ainda nem foi lançado. Essas músicas trouxeram um lado mais melódico e refinado, sem abandonar a identidade forte e brutal da banda. A plateia reagia com intensidade a cada interação, devolvendo tudo com gritos, pulos e headbangings constantes — ninguém parava!

Passaram então por “Divergency” e “White Nile”, saindo um pouco da zona do início da carreira e da era atual. Em seguida, voltaram ao clássico com “Empires Erased”, e depois trouxeram as recentes “In Desolation” e “Through Shadows”. O pulo temporal continuou com “Ascension” (2011), depois a poderosa “Torchbearer”, e em meio a tudo isso, Canizaro foi pura simpatia, comentando com entusiasmo sobre o álbum que chega em julho e celebrando essa estreia em Lisboa.

Veio então “Abstract Art”, com todos os fãs levantando o dedo do meio e gritando junto: “And we don’t even give a fuck”, seguido de “Brace Legs”, onde Cameron Losch, o baterista e único membro original da formação de Chicago, foi cumprimentar brevemente a malta. Canizaro fez questão de pedir aplausos a ele, num momento de reconhecimento sincero.

Antes do encore, vieram “The War That You Are” e “Rosecrance”, com a sala inteira mergulhada em moshpits desenfreados. A banda incentivava, e o público respondia sem pestanejar, com mais energia a cada música. Chegando ao fim, Canizaro agradeceu, pediu uma salva de palmas às bandas anteriores que os acompanham na tour europeia, e anunciou a última música. E foi com “Machine” que tudo explodiu de vez — plateia gritando, cantando, crowdsurfings em cadeia, e o mar de cabeças rolando sem parar. A energia se manteve no ápice até o último segundo.

No encerramento, a banda desceu brevemente ao pit para cumprimentar e agradecer aos fãs, num gesto que coroou a conexão criada naquela noite. Mesmo sem estar lotado, o ambiente estava cheio de harmonia e felicidade. Foi um show animado, interativo e pesado, com a marca da Prime Artists, e uma demonstração clara de resiliência e profissionalismo da banda, que mesmo com as mudanças na formação, seguiu com tudo e não se deixou abalar. Uma noite incrível!

SETLIST: 1. Open Arms to Damnation | 2. Bow Down | 3. Elevate | 4. A Mind Short Circuiting | 5. Divergency | 6. White Nile | 7. Empires Erased | 8. In Desolation | 9. Through Shadows | 10. Ascension | 11. Torchbearer | 12. Abstract Art | 13. Brace Legs | 14. The war that you are | 15. Rosecrance | Encore: 16. Machine

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