Na última segunda-feira de janeiro, 27, Lisboa foi palco de uma noite histórica para os fãs de metal extremo. Nem o frio do lado de fora do Music Station desanimou o público, que lotou a casa para presenciar performances insanas de Rotten Sound, Brujeria e Carcass. Mesmo sendo uma segunda-feira, a energia era de um festival de fim de semana – pura brutalidade sonora e um público incansável!

Confira como foi essa noite devastadora!

ROTTEN SOUND

Rotten Sound @ Music Station Lisboa | Photo By: @pmgama & @culturaempeso
Rotten Sound @ Music Station Lisboa | Photo By: @pmgama & @culturaempeso

Extremamente pontuais, os Rotten Sound, titãs do grindcore finlandês, subiram ao palco exatamente às 20h, com uma energia contagiante e prontos para esquentar os motores da malta presente. A sala ainda não estava completamente cheia, mas o público já demonstrava empolgação desde os primeiros acordes.

Comemorando 30 anos de carreira, a banda entregou um set explosivo, destacando faixas do seu mais recente álbum, Apocalypse (2023), além de clássicos devastadores. Abriram com “Self”, seguida de “Power” e “Pacify”, estabelecendo rapidamente o tom da noite: blast beats frenéticos, riffs esmagadores e vocais poderosos de Keijo Niinimaa. O baterista Sami Latva demonstrou precisão absurda, enquanto a dupla das cordas Mika Aalto e Matti Raappana despejava peso e groove. A sala foi ganhando vida, com mosh pits, headbangings insanos e os primeiros crowd surfings da noite.

O setlist seguiu com faixas destruidoras como “Equality”, “Koiranoksennus”, “Suburban Bliss” e “Lazy Asses”, aumentando ainda mais a intensidade da roda. Um pequeno contratempo técnico interrompeu “Targets”, mas nem isso esfriou a energia. Com carisma e simpatia, Keijo manteve o público engajado, que comemorou efusivamente o retorno da música.

Na reta final, “Salvation” deu início a um circle pit insano, seguido de “Trashmonger” e “Blind”, que encerraram o set de forma excelente. Foram 30 minutos e 21 músicas, com pouco respiro, em uma apresentação técnica, agressiva e repleta de interação com o público. A banda é muito simpática e carinhosa, e sua performance conjunta é muito entrosada e certeira. O público recebeu essa performance com todo o entusiasmo, provando que três décadas de Rotten Sound continuam tão intensas quanto no início!

SETLIST:

  1. Self
  2. Power
  3. Pacify
  4. Equality
  5. Koiranoksennus
  6. Suburban Bliss
  7. Renewables
  8. Lazy Asses
  9. Inhumane Treatment
  10. Targets
  11. Void
  12. Insects
  13. Ownership
  14. Sharing
  15. Nothingness
  16. Slay
  17. Western Cancer
  18. Sell Your Soul
  19. Salvation
  20. Trashmonger
  21. Blind

BRUJERIA

Brujeria @ Music Station Lisboa | Photo By: @pmgama & @culturaempeso
Brujeria @ Music Station Lisboa | Photo By: @pmgama & @culturaempeso

Às 20h55, com a casa agora completamente lotada, era a vez dos mestres do death/grind, o Brujeria, subirem ao palco. E já adianto: QUE APRESENTAÇÃO! O impacto foi imediato, com cada integrante entrando sob uma ovação ensurdecedora.

A banda agora se apresenta como um quarteto (voz, guitarra, baixo e bateria) e fez desse show uma verdadeira celebração à memória de Juan Brujo e Pinche Peach, dois membros icônicos que faleceram em 2024. Henry “El Sangrón” Sánchez, assumindo os vocais nesta turnê, honrou esse legado com maestria, mantendo viva a essência da banda.

O show foi uma explosão de caos! Abrindo com “Brujerizmo”, a banda incendiou o público, que imediatamente respondeu com mosh pits insanos e coros a plenos pulmões. A sequência de clássicos como “El Desmadre”, “Hechando Chingasos (Greñudos Locos II)”, “Vayan Sin Miedo” e “La Migra” só aumentou a intensidade, evoluindo para circle pits, crowdsurfings frenéticos e pessoas sendo levadas ao pit. Os seguranças tiveram que se desdobrar para dar conta do frenesi.

Em “Revolución”, a sala inteira cantou em coro, transformando o momento em um verdadeiro hino. Antes de “Consejos Narcos”, El Sangrón interagiu com o público de forma hilária, perguntando primeiro se “em Portugal tem e gostam de Marijuana” – o que gerou uma resposta entusiasmada. Em seguida, provocou: “Tem Marijuana AQUI?”. A resposta veio com “cigarros” sendo erguidos e depois jogados ao palco, onde o baterista Sativo acendeu um, levando a plateia ao delírio.

O gran finale veio com a icônica “Matando Güeros”, onde o público deu tudo de si em gritos, moshs e crowdsurfings alucinantes. Mas, como já é tradição, a festa só terminou com a irreverente “Marijuana”, uma adaptação da “Macarena”. Nesse momento, os membros se despediram calorosamente, e El Sangrón desceu para cumprimentar um a um os fãs colados na grade, encerrando um dos shows mais intensos e memoráveis da noite.

SETLIST:

  1. Brujerizmo
  2. El Desmadre
  3. Hechando Chingasos (Greñudos Locos II)
  4. Vayan Sin Miedo
  5. La Migra
  6. Ángel de la Frontera
  7. Chingo de Mecos
  8. Christo de la Roca
  9. Desperado
  10. Colas de Rata
  11. La Ley de Plomo
  12. Revolución
  13. Consejos Narcos
  14. Raza Odiada (Pito Wilson)
  15. Matando Güeros

CARCASS

Carcass @ Music Station Lisboa | Photo By: @pmgama & @culturaempeso
Carcass @ Music Station Lisboa | Photo By: @pmgama & @culturaempeso

Por volta das 22h, encerrando a noite em grande estilo, as lendas do death metal, Carcass, subiram ao palco para entregar um show de técnica cirúrgica e brutalidade impecável. Como esperado, o setlist foi uma verdadeira viagem pela carreira da banda, equilibrando hits clássicos e faixas mais recentes, agradando tanto os fãs veteranos quanto os novos seguidores.

Após os primeiros acordes e os gritos ensurdecedores do público, a noite começou com um verdadeiro soco na cara: “Buried Dreams”, seguida da recente “Kelly’s Meat Emporium” e do hino “Incarnated Solvent Abuse”. Durante essa última, copos de cerveja voaram pelo ar, atingindo a mim e outros que estavam na grade, provando que o caos já estava instaurado. O público, afinadíssimo, cantou junto em “No Love Lost”, enquanto mosh pits e crowdsurfings tomavam conta da sala.

A execução foi impecável, e o som carregava uma dose de refinamento melódico nos arranjos, algo característico dos álbuns mais recentes. Mesmo com 40 anos de estrada, os músicos mostraram que ainda estão no auge da performance. O set trouxe músicas de todas as fases da banda, incluindo medleys como “Tomorrow Belongs to Nobody + Death Certificate” e a icônica introdução de “Black Star”, que antecedeu “Keep On Rotting in the Free World”.

A troca de energia entre banda e público era indescritível. Jeff Walker, agora sem seus cabelos – pegando alguns de surpresa –, estava mais focado na execução, mas sempre distribuía sorrisos simpáticos. Já Bill Steer, empolgadíssimo, bangeava, dançava e esbanjava energia no palco. A banda inclusive fez a alegria de seus fãs, jogando muitas palhetas a cada pausa entre as músicas, deixando muitos disputando os tesouros no chão ao final do show.

Após “This Mortal Coil”, saíram sem despedidas, deixando óbvio que voltariam ao palco, mas nem por isso os fãs deixaram de clamar por mais. Poucos minutos depois retornaram, e Walker foi ao seu microfone e perguntou: “Vocês querem mais?”, arrancando gritos ensurdecedores. O encore começou com um drum solo destruidor, preparando o terreno para “Corporal Jigsore Quandary” e “Ruptured in Purulence”. Para encerrar com chave de ouro, não poderia ser outra além do sucesso letal de “Heartwork”, que veio como um golpe final, incendiando a sala e levando o público ao limite, fazendo o recinto ser tomado por um mar de pessoas nadando em crowdsurfings. Não restou pedra sobre pedra e cada segundo foi verdadeiramente aproveitado!

A banda provou, mais uma vez, por que é referência absoluta no death metal. Foi uma segunda-feira histórica, capaz de deixar qualquer fã com um sorriso no rosto pelo resto da semana. E digo por mim: voltei para casa MUITO FELIZ!

SETLIST:

  1. Buried Dreams
  2. Kelly’s Meat Emporium
  3. Incarnated Solvent Abuse
  4. No Love Lost
  5. Tomorrow Belongs to Nobody / Death Certificate
  6. Dance of Ixtab (Psychopomp & Circumstance March No. 1 in B)
  7. Black Star / Keep On Rotting in the Free World
  8. Genital Grinder
  9. Pyosisified (Rotten to the Gore)
  10. Exhume to Consume
  11. 316L Grade Surgical Steel
  12. This Mortal Coil
    ENCORE:
  13. Drum Solo
  14. Corporal Jigsore Quandary
  15. Ruptured in Purulence
  16. Heartwork

 

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