No passado sábado de 12 de Abril viveu-se uma experiência absolutamente fantasmagórica, um derradeiro ritual fúnebre, onde todos os presentes foram amaldiçoados pelas batidas lentas e potentes daquilo que nos uniu, o Doom Metal! Num final de tarde de sol e calor que terminou numa noite negra, o For Doom The Bell Tolls, com a sua primeira edição, surpreendeu e contaminou todas as almas presentes.

É verdade, foi a primeira edição do For Doom The Bell Tolls, que decorreu no passado dia 12 de Abril, no DRAC- Direito de Resposta Associação Cultural, na Figueira da Foz, e já assinaram a sua sentença: este festival veio para ficar! Com um cartaz que privilegiou o que de melhor se faz no Doom em Portugal e com os Espanhóis EVADNE a encabeçar o evento, viveram-se muitos momentos negros mas belos neste dia.

O cartaz contava com 4 nomes nacionais- Eyze, Stones Of Babylon, Orum e Lord Of Confusion– e ainda um nome internacional, os EVADNE que nos cobriram com o seu véu de melancolia, tal como a própria tour dos Espanhóis indicava. Cada um dos grupos cumpriu a sua função na perfeição: EYZE arrancou o evento enquanto paralisou os ouvintes com a sua ideia martirizante e tenebrosa de escuridão, com uma forte mensagem a transmitir através de momentos de estilhaçar a alma; Stones Of Babylon levaram-nos numa viagem ao passado, entre o que prevaleceu nas areias do tempo, nas pedras da memória e no imaginário daquilo que poderia ter sido; EVADNE, com as suas melodias melancólicas e sorumbáticas, levou-nos a vivenciar longos minutos de tranquilidade dolorosa, numa viagem lancinante que tocou na alma; ORUM encheu-nos de momentos contemplativos misturados com outros de pura agressividade, onde a angústia transmitida era quase palpável e os momentos prazerosos de uma intensidade emocional abismal eram constantes; e por último, Lord Of Confusion terminaram a viagem com um ambiente misterioso, hipnótico, sombrio, viciante e dolorosamente belo, com recurso ao seu espetro Doom extremamente abrangente.

EVADNE, por @catiasousacts
Todas estas bandas contribuíram com os seus ingredientes para uma receita que roça a perfeição: um festival que veio para ficar! Mas que não se pense que era só a música que estava aqui presente. Porque a arte não é só música, várias bancas de artistas estiveram neste festival, desde Iron Vsco, Calhau Store, Echo Echo Illustrations, Sabbat Skateboards, Cervi, Fire e Violet Visions. 

 

EYZE

Os relógios marcavam as 19h e EYZE tinham a tarefa de enegrecer uma bela tarde de sol que se fazia em Figueira Da Foz. Tarefa difícil? Não para estes 4 senhores.

O que este quarteto de Leiria faz, é juntar toda uma negritude que incentiva à reflexão e transmite uma mensagem poderosa, a um instrumental focado predominantemente no Atmospheric Doom (embora englobe múltiplas influências). O resultado é algo extremamente criativo, diferente, contaminante, negro e único que nos envolve e contamina em segundos. Esta experiência auditiva quando interpretada ao vivo, é ainda mais intensificada!

Eyze, por @catiasousacts
A sua ideia crítica vai de encontro ao que representa a melancolia para nossa vida, e é expressa de uma forma assustadoramente viciante. Conseguem estilhaçar a alma com os seus temas e com a sua interpretação dos mesmos, penetrando qualquer barreira existente nos nossos corpos. A solidão é inevitável…

Algo que merece destaque é a versatilidade vocal que esta banda tem, com recurso a três vocalistas. A combinação das três vozes resulta numa simbiose perfeita: a mais grave do guitarrista com a mais berrada do baterista e ainda os gritos rasgados e potentes do baixista. O facto de também ser cantado em português permite transmitir genuinidade e, para nós, ouvintes portugueses, uma sensação de proximidade macabra com aquilo que está a ser representado musicalmente.

Eyze, por @catiasousacts

No meio da agressividade dos temas, somos surpreendidos com várias passagens de melodias leves e sombrias , que aumentam o fator emocional e depressivo dos mesmos. Alguns riffs com groove à mistura vão surgindo, bem como partes até ligeiramente progressivas. A técnica e a dinâmica presentes no trabalho de guitarra é também capaz de surpreender qualquer um, com especial foco em Aion (vocalista e guitarrista) que com os mais frequentes solos de guitarra, fazia o difícil parecer fácil.

Sair deste concerto a meio? Nem para ir à casa de banho! Era simplesmente impossível largar os olhos do palco. EYZE, embora sejam um grupo extremamente recente, fazem algo fascinante. Neste concerto apresentaram 2 temas de “Lost In Emptiness“, o seu EP editado em 2018, mas houve espaço para 4 novos temas que sairão na próxima obra do quarteto. Por aqui, mal posso esperar!

Eyze, por @catiasousacts
Setlist: 1- À Noite\\ Aguardo o Amanhecer; 2- Ao Longe\\ A Luz; 3- Ecos\\ Sou Vozes; 4- Agnvs Rising; 5- Darkhlaa; 6- Catarse\\ Morte Ao Soberano.

 

STONES OF BABYLON

O segundo grupo a subir ao palco foi o trio de Lisboa, os Stones Of Babylon e o protagonista era agora o psicadelismo e a viagem no tempo.

As primeiras vibrações que se sentiram ao ouvir esta atuação foram, ao mesmo tempo, assustadoras e enigmáticas. Com riffs imponentes, pesados ​​e cheios de fuzz misturados com melodias contaminantes e ruídos ambientais, este grupo foi capaz de criar uma atmosfera psych enquanto as ruínas de uma nação de outrora grande se vão desmoronando, dando lugar a uma infinidade de mitos e lendas que servem como avisos para não passar pelo portão despreparado.

Stones Of Babylon, por @catiasousacts

Melodias orientais ricas permitiram uma autêntica viagem no tempo. Durante esta hora, conhecemos o demônio da mitologia suméria e mesopotâmica, o rei dos demónios do vento, Pazuzu; fomos confrontados com divindades acadianas e babilónicas, conhecidas como “aqueles que do céu à terra vieram”, as descendências da realeza, seres cósmicos que desceram dos céus para criar os humanos, os Anunnaki; passamos pelo Portão de Ishtar, portão dedicado à deusa Ishtar, deusa do amor, fertilidade e guerra (…) Tudo isto e muito mais: uma autêntica viagem no tempo às escalas do Médio Oriente. 

O seu conceito tem vindo a ser consolidado desde a origem do grupo em 2017 e apareceram neste concerto mais maduros do que nunca! O psicodelismo doomy está sempre presente numa estrutura muito bem sucedida e intrigante, com riffs pesados ​​que sustentam uma narrativa extremamente coesa e cuidada, e crescendos intensos e viciantes. Tudo isto, faz com que Stones Of Babylon mereçam um lugar de destaque no mundo do stoner/doom.

Stones Of Babylon, por @catiasousacts

A setlist escolhida deu foco ao mais recente trabalho da banda- Ishtar Gate (2022)- tocando-o na íntegra, trabalho este onde o grupo se apresenta mais maturado do que nunca!

Mas embora o tema abordado pelo grupo seja maioritariamente histórico e intenso, havia sempre espaço para interação com o público e alguma comédia à mistura por parte do baterista Pedro Branco.

Stones Of Babylon, por @catiasousacts

Estivemos perante uma viagem de quase hora que passou num abrir e fechar de olhos e onde fomos todos hipnotizados por este trio sem qualquer possibilidade de controlo da nossa parte. Que bons momentos se viveram ao som deste grupo.

Stones Of Babylon, por @catiasousacts
Setlist: 1- Gilgamesh; 2- Anunnaki; 3- Pazuzu; 4- The Gate of Ishtar; 5- The Fall of Ur; 6- Tigris & Euphrates.

EVADNE

Após uma pausa de uma hora para jantar, conviver e refletir sobre as duas brilhantes atuações a que já tínhamos sido sujeitos, chegou agora a hora da atuação dos cabeças de cartaz do evento: os EVADNE.

EVADNE, por @catiasousacts

Os EVADNE vieram de Valência e País Basco para celebrar os seus 20 anos enquanto banda connosco, com a tour “20 Years Behind The Veil Of Melancholy”, sendo este concerto na Figueira da Foz, o último da Europa antes de arrancar para a América Latina.

O que estes senhores fazem é simplesmente divinal. Apresentam um death/doom metal clássico com uma vertente melódica bastante apurada, transcendente e graciosa que se pode assemelhar, em termos de profissionalismo e destaque, de certa forma a Anathema no início de carreira, a Swallow the Sun mais recente ou até My Dying Bride. Para cada canto escuro, há um beco ofuscante de luz. Para cada vocal áspero, há uma expressão suave e limpa.

EVADNE, por @catiasousacts

Ao ver e ouvir a atuação deste grupo, é transmitida uma sensação de capricho, introspeção e poesia que cria toda uma experiência auditiva e sensorial. Uma sensação relaxante mas ao mesmo tempo melancólica é criada, daquele estilo para ser contemplado de olhos fechados. Desde as letras pensativas ao ambiente rico, este grupo dá valor à arte e à autenticidade. E apresenta um profissionalismo fora deste mundo!

Com recurso a vários elementos, como trémolo picking de base que cria melodias penetrantes, conjugação de vozes berradas monstruosamente potentes, e deixem-me dizer-vos, impressionantes de Albert Conejero combinadas com os vocais leves e harmoniosos de Joan Nihil, temas com foco no peso, outros com foco na melodia e vários onde existe uma simbiose perfeita das duas realidades, riffs contaminantes e muito bem construídos e executados (…) Este grupo tem tudo o que o Doom/ Death Melódico exige, nas quantidades certas, nos momentos certos, da forma certa.

EVADNE, por @catiasousacts

Um véu de melancolia cobriu-nos durante mais de uma hora, um ambiente soturno e triste invadiu a sala de forma penetrante e as emoções foram vividas à flor da pele. Tudo o que já seria de esperar para quem conhecia este grupo, mas de alguma forma, mesmo assim conseguiram surpreender.

O ponto mais alto no que toca ao sentimento de tristeza foi atingido com o tema “Shadows“, talvez o mais conhecido do grupo. Esta música é simplesmente arrepiante e muito pesada emocionalmente e permitiu atingir o clímax do peso emocional do festival! Mas outros temas da já longa carreira de EVADNE merecem aqui destaque, como “All I Will Leave Behind” (2012), “Ablaze Dawn Eyes” (2021), “One Last Dress for One Last Journey” (2012) e “Scars That Bleed Again” (2017) permitem exemplificar a viagem no tempo a que nos submeteram, percorrendo a discografia do grupo desde o mais pesado ao mais harmonioso, do mais melancólico ao mais depressivo.

EVADNE, por @catiasousacts
A sonoridade do grupo tocou cada alma presente e deixou-nos letárgicos, adormecidos na sua música, na sua arte, na sua intensidade. Vai ser difícil ultrapassar este concerto mas não podia sentir-me mais concretizada após finalmente ter tido oportunidade de assistir a uma atuação destes senhores.
EVADNE, por @catiasousacts
Setlist: 1– 88.6 (Intro); 2- Where Silence Dwells; 3- Scars that Bleed Again; 4- Shadows; 5- Heirs Of Sorrow; 6- All I Will Leave Behind; 7- One Last Dress For One Last Journey; 8- Ablaze Dawn Eyes; 9- The Pale Light Of Fireflies; 10- The Vacuum (Outro).

 

ORUM

Deixem-me começar por dizer que os ORUM pareciam que estavam a jogar em casa. Eram quase incontáveis as t-shirts e long sleeves da banda que estavam espalhadas pelo DRAC, o que prova que este trio instrumental tem uma grande rede de fãs, pelo menos no centro de Portugal. Uma outra coisa que gostaria de também salientar, é da importância que este grupo teve para a primeira edição do For Doom The Bell Tolls: conforme foi partilhado nas redes sociais do festival, ORUM foram o gatilho que permitiu que a ideia do festival se concretizasse, e só por aí terei de agradecer aos ORUM só pela sua existência. Mas, após conhecer o grupo e após assistir a esta atuação, posso concluir que este cartaz não fazia sentido sem ORUM e todos os presentes perceberam o porquê.
Orum, por @catiasousacts

 

Os ORUM são uma banda instrumental etérea de Lisboa, de Post-/Sludge/Doom Metal. O que fizeram nesta atuação? Derrubaram completa e catastroficamente o muro de quaisquer expectativas que o público tinha. Se já estavam no alto? Sim. Se mesmo assim saímos surpreendidos? Com toda a certeza!
Com uma sonoridade comovente, com crescendos de angústia que despertam todo o nosso ser em termos contemplativos e cheios de melodias progressivamente atmosféricas, criaram um longo momento prazeroso, rico em intensidade emocional que nos deixou completamente viciados.

Algo neste grupo que me deixou vivamente curiosa, é a sua interessante presença de elementos de Black metal. Algumas passagens são pura e simplesmente Black, um estilo que está de mãos ligadas com o Doom, ou pelo menos este trio faz com que assim se pareça. E a junção dos dois funciona de uma forma que nos leva a crer que simplesmente tem de assim ser! Passagens mega pesadas, passagens bem lentas, melodias leves, vibrações loucas, estes senhores têm tudo. Vários elementos agrupados num só longo tema, com um fio condutor que faz todo o sentido.

A criação de riffs parece fácil para eles, e a construção de melodias que tornam impossível não mexer os nossos pescoços está sempre presente. Em certos momentos, veio-me à cabeça a criatividade de Celtic Frost/ Triptykon ao ouvir este grupo…

Orum, por @catiasousacts

A sua atitude em palco é estrondosamente profissional e ao mesmo tempo deixam que as vibrações das suas músicas se entranhem completamente pelos seus corpos, sem qualquer controlo, sem qualquer contenção. A sua música dominou completamente o palco e a sala.

Orum, por @catiasousacts

E tendo tudo isto dito, chegou agora o momento de mencionar que ORUM foram formados apenas em 2022. Como é possível tanta qualidade, tanto à vontade em palco, tanta criatividade e distinção num grupo tão jovem? É simplesmente de tirar o chapéu…

Nesta atuação tocaram alguns temas do seu único EP “Kosmos” mas também houve espaço para novos temas que certamente irão integrar o novo trabalho do grupo. O tema escolhido para encerrar este concerto foi “Kosmos“, o tema de 12 minutos que deu o nome ao EP e são 12 minutos difíceis de descrever por palavras. Esta faixa tem melodias muito nostálgicas e melancólicas, dignas de ser contempladas de olhos fechados. Todos os sentimentos foram transmitidos do palco para o público sem recurso a qualquer palavra. Os minutos finais do concerto foram, mais uma vez, momentos de pura surpresa, quando o baixista e o guitarrista largam os seus instrumentos e transformam, com o suporte da percussão de Duarte Dias, o concerto em algo totalmente drone/noise com recurso aos seus pedais. Que transformação inesperada e totalmente impressionante!!! Que excelente forma de encerrar esta viagem!

Orum, por @catiasousacts
Setlist: 1- Silent Hunt; 2- Through Frenzied Eyes; 3- “Untitled new song”; 4- Birth By Cycle; 5- Kosmos.

 

LORD OF CONFUSION

A noite já ia bem avançada quando os Lord Of Confusion pisaram o palco do DRAC, mas parece que foi aqui que o pico de energia foi atingido. Honestamente, fico com pele de galinha só de pensar naquilo que este grupo faz, quanto mais ao assistir às suas atuações. Uma coisa é certa, são um dos grupos de Doom metal mais promissores em Portugal e não há espaço para discussões!

Lord of Confusion, por @catiasousacts

O crescimento deste grupo é quase palpável. A cada atuação, mostram-se mais maduros, mais profissionais, mais seguros, e quando parece que já não dá para subir mais? Surpresa! Eles conseguem subir na mesma e é isto que tem feito com que a sua rede de fãs cresça exponencialmente e de forma tão rápida.

De clara inspiração witchcraftiana, os Lord of Confusion bebem praticamente da influência de todas as bandas de Doom metal mais tradicional, desde Black Sabbath, Candlemass, Cathedral até aos talvez mais influentes Uncle Acid And the Deadbeats, mas com um personalidade muito própria: com um espectro do Doom muito abrangente, vivem enraizados no Doom tradicional, mas perseguem a luz da sua própria identidade.  Toda a ambiência dos seus temas sai beneficiada por serem cantados grande parte por uma voz feminina (Carlota Sousa) e acima de tudo o trabalho de teclados da mesma tem tanto de sinistro como de psicadélico, sempre sobre uma boa camada de riffs hipnóticos. Os vocais berrados do baixista acabam ainda por elevar toda a agressividade e reforçar o facto de que aquele ritual deve ser levado a sério. Já a apresentação ao vivo deste grupo, acaba por tornar tudo dez vezes mais intenso, com uma postura assombrosa e viciante da carismática Carlota que se transforma completamente num outro ser possuído, macabro, sinistro a partir da primeira nota.

Lord Of Confusion, por @catiasousacts

Quem disse que num concerto de Doom Metal não existe moshe? Bem, Lord Of Confusion conseguiram desafiar todas e quaisquer barreiras, incluindo essa mesmo. Foram capazes de nos deixar abismados com cada arrepio de negrura que sentimos, e quando demos por nós, já estávamos completamente envolvidos na sua amargura, frieza, desespero, hipnotismo, mistério e todos aqueles tão bem interpretados sentimentos.

Lord Of Confusion, por @catiasousacts
Uma atuação completamente magistral, tal como o grupo já nos tem vindo a habituar, que é simplesmente difícil expressar por palavras. Que orgulho é poder dizer “esta banda é portuguesa!”. Que futuro brilhante se avizinha para este grupo…
Setlist: 1- Intro; 2- Dead Tree; 3- Howling Void; 4- Afflatus; 5- All your Sins; 6- Hell

 

E assim foi a primeira de muitas edições do For Doom The Bell Tolls. Festival criado para se focar num dos estilos mais fúnebres, mais escuros e mais envolventes que existe. Não só veio preencher uma lacuna que poderia existir em Portugal, criando um festival puramente dedicado ao Doom, como também veio provar que este estilo está vivo, e bem vivo! Com um cartaz excelente, artistas das mais diversas áreas geográficas e bom ambiente, tudo concentrado num só evento, resta-me dizer : Até para o ano For Doom The Bell Tolls!

 

Página do festival: https://www.facebook.com/profile.php?id=61572451965117
DRAC: https://www.facebook.com/WEAREDRAC

Artistas:

EYZE: https://www.facebook.com/eyzept
Stones Of Babylon: https://www.facebook.com/stonesofbabylon
EVADNE: https://www.facebook.com/@EvadneOfficial
Lord Of Confusion: https://www.facebook.com/lordofconfusion

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