E tão rapidamente chegou o segundo dia do Milagre Metaleiro Open Air, mas já sabemos que o que é bom passa rápido e a sensação era mesmo essa, que o tempo voava! Este segundo dia era o mais ansiado para muitos e contava com nomes estrondosos como Marduk, Kamelot, Korpiklaani, Onslaught, entre outros.

No segundo dia do Milagre Metaleiro o São Pedro deu uma ajuda preciosa aos devotos metaleiros que não se intimidam com qualquer condição meteorológica. Mas o facto do calor ter dado uma pequena trégua foi muito bom para a conservação da energia dos fãs.

RAGEFUL

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O arranque deste segundo dia com menos calor (mas que não se pense que não foi um dia quente na mesma) esteve ao cargo dos lisboetas Rageful com o seu death metal mais técnico, claramente a nível de solos de guitarra, mas brutal para rapidamente fazer levantar a poeira do recinto. Foi um começo de dia 2 do festival com o pé bem a fundo no acelerador.

EKYRIAN

De seguida subiram ao palco os madrilenhos Ekyrian como que saídos de uma produção de piratas das caraíbas, com os seus contos fantásticos sobre a natureza e a vida pelos sete mares.

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Uma tripulação de 9 elementos onde, para além dos instrumentos mais característicos do rock/metal, ainda acrescentaram acordeão, flautas, vários tipos de gaitas e teclados. Uma mistura bastante perceptível e os líricos sempre de fundo foram uma grande ajuda para se fazer uma verdadeira festa pirata. Foi muito boa surpresa e uma boa oportunidade para os metaleiros provarem que sabem dar um bom pezinho de dança!

FRENZY

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E diretamente do mesmo país e da mesma região, os Frenzy, que são uma banda para verdadeiros fãs de heavy metal puro, sem complicações, com “clichés” mas com uma qualidade composicional bem acima da média. Bons riffs e letras de cantar com o punho ao alto e uníssono.

SPEEDEMON

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De volta a bandas nacionais, os Speedemon deram uma lição de como dar um bom concerto de thrash metal. A banda de vila franca de xira é relativamente nova, formada em 2011 e é liderada por Bruno Brutus cujo nome lhe faz jus devido às suas habilidades vocais poderosas, mas simples, sem frescuras e meio rosnadas.  Esta banda pega no metal galopante tradicional dos anos 80 e acelera-o com altas doses de thrash e toques de brilho contemporâneo, mas sempre a soar à moda antiga. Estes lisboetas realmente conquistaram os metaleiros com esta atuação vibrante e energética!

HUMANART

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Passamos do thrash metal para o black metal puro com os nossos Humanart, numa performance de qualidade altíssima à qual já nos habituaram e onde demonstraram que com simplicidade se fazem boas músicas e boas atuações, sem devaneios e exageros por vezes conotados ao próprio estilo.

Som com tudo no sitio e uma postura que, sem ser demasiado séria, foi e é sempre bastante profissional da parte da banda. Foi uma demonstração que muitas vezes less is more.

WEB

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De uma banda de Santo Tirso, passamos para uma do Porto, para os Slayer portugueses, os já veteranos Web que têm uma atitude de invejar muita malta mais jovem. Apesar de terem feito uma viagem pela sua discografia inteira, notou-se que a aceitação das músicas do ultimo album “Burden Of Destiny” foi bastante boa e ainda deu para um cheirinho do que realmente os influência com uma “mini” cover de “Raining Blood” de Slayer. Um espetáculo que animou bastante os ânimos da pequena aldeia em São Pedro do Sul. E os fãs deste grupo portuense estavam bem animados e até se viam vinis do grupo a passear nas mãos dos fãs no recinto.

STORMLORD

De volta ao black metal, os Italianos Stormlord depararam-se com um recinto já muito composto e preparado para o seu black sinfônico com toques de power metal no sentido épico do estilo.

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Com ritmos sempre bastante rápidos mas com melodias cativantes e vocalizações cheias de garra como que a obrigar o público a empunhar uma espada e a ir para uma batalha épica onde a honra é mais valiosa do que a própria vida. Contos mitológicos, feitos épicos e temáticas sobre grandiosas batalhas são sempre formas boas de animar o público se interpretados da forma certa. Foi exatamente isso que fizeram os Stormlord.

KORPIKLAANI

Da mitologia mediterrânea voamos para a nórdica, mais concretamente para a finlandesa. Essas historias e as paisagens finlandesas foram contadas pelos Korpiklaani e a sua grande admiração por bebidas alcoólicas. E como as boas histórias não começam com um copo de água, a animação foi total. São uma das bandas consideradas perfeitas para animar um festival como o Milagre Metaleiro- com folk, música cantável (apesar do finlandês não ser propriamente a língua mais fácil de ser falada, pelo menos para os portugueses), e com sonoridades dançáveis e saltáveis.

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Nem uma performance marcada por alguns problemas técnicos e alguns “lalala’s” do vocalista Jonne Jarvela puderam influenciar negativamente o que foi uma verdadeira demonstração de que o povo português se sabe divertir e isso fez divertir os Korpiklaani também. No final de contas, estes finlandeses sabem como dar uma boa festa independentemente de qualquer dificuldade!

ONSLAUGHT

E com a ajuda das bandas que já tinham passados pelos palcos do Milagre Metaleiro, já não dava para “aclamar os ânimos” no publico português, e os britanicos Onslaught só vieram pôr mais lenhas na fogueira com o seu thrash metal old school e right to the point, e criaram o que foi para alguns a performance da noite. Para ser sincera, até chegou a ser difícil ver o palco, de tanta que era a poeira que pairava naquele recinto, e acho que não dá para explicar melhor o que foi aquela atuação.

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O vocalista David Garnett sentiu essa energia do público e com a ajuda de uma garrafa de whisky ainda incendiou mais um recinto que já se encontrava em alvoroço, com apelos a que fosse feita toda uma panóplia de coisas para levar o público ainda mais à loucura. Até senti que não era necessário esse apelo, o público já estava “on fire“.

KAMELOT

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A lua já estava bem alta e o recinto a abarrotar para os americanos Kamelot, provando-se ser a banda mais esperada da noite e as expectativas não saíram defraudadas, antes pelo contrário, tanto pela grandeza do espetáculo e das músicas, como pela grande demonstração de humildade de todos os membros da banda, como da própria vocalista de apoio, a já bastante conhecida Melissa Bonny.

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Uma setlist a roçar a perfeição com malhões que fizeram todo o público cantar em uníssono como “Center of The Universe“, “Insomnia” ou “Opus Of The Night”, sendo a ultima música referida uma prova de que o último album foi muito bem recebido pelo público português.

Fica muito difícil não destacar cada uma das músicas da setlist porque cada uma delas demonstrava o porquê de Kamelot ser tão adorado, tanto as de power metal mais puro, as mais sinfónicas até as mais progressivas.

No fim deu para notar que foi um concerto tão bom para o público como foi para a própria banda, e sobre um grande mar de aplausos os Kamelot foram abandonando o palco com muito custo. Foi até emotiva a reciprocidade do que ali se estava a sentir. Esta é uma opinião muito pessoal mas sinto que tenho de agradecer à organização do Milagre Metaleiro pela oportunidade de ver uma banda como Kamelot e sabendo bem que nem sempre é fácil com que se concretize e com o promessa dos mesmo voltar rápido a Portugal.

MARDUK

E passamos para a última banda do já longo dia 2 do Milagre Metaleiro e fez-se sentir a mudança mais abrupta em relação a estilos de metal, passando o fantástico power metal dos kamelot para o black metal bélico dos Marduk. Até em termos estéticos e comportamentais foi uma mudança extrema e por esses motivos temia-se uma quebra enorme em relação a quantidade de público para a assistir aos Suecos mas surpreendam-se os mais sépticos, quase não se notou diferença e isso foi de louvar ao demonstrar que o publico português tem a mente bem aberta em relação abrir horizontes.

Mas vamos ao que realmente importa, Marduk a ser Marduk, uma postura intimidatória, negra, inconformista mas de total sinceridade para com o que são como banda, se há banda que merece o termo trve são eles.

Uma setlist inteligente e que foi tocar um pouco em cada vertente de Marduk, tanto nos temas bélicos e vertiginosos como nos mais lentos e evocativos. De salientar as músicas do último álbum, a rapidíssima “Blood of The Funeral” como a “Shovel Beats Sceptre” a funcionar mais como uma música de intervenção a ser repetida pelo publico. Foram demonstrações de que os Marduk estão no bom caminho. Não faltaram a malhas obrigatórias como “Panzer Division Marduk” ou “On Darkened Wings“. Mas de realçar também a “Wartheland” ou “Souls For Belial“.

Foi outra performance como Kamelot, fica difícil não realçar alguma música. Bem vistas as coisas, já quase realcei todas as músicas da sua setlist. Demonstra que eles mereciam mais tempo de palco mas também que foram muito bons e até que parece que Mortuus deu demonstrações de agrado descendo do palco e indo cumprimentar o publico, algo pouco comum nas suas atuações.

Agora que mencionei Mortuus…  que “monstro”! Que voz! Temívelmente impressionante, nunca pensei que o medo soubesse tão bem! Ainda é preciso denotar que apesar de toda a imagem fria que os Marduk têm, prestaram-se a ir fazer uma sessão de autógrafos e não se restringindo a nada do que foi pedido. Respect!

 

E encerrou assim o segundo dia do festival. Mais uma vez, passou num abrir e fechar de olhos, muitos sonhos foram concretizados, muitos bons momentos vividos, e os metaleiros foram recarregar energias para o terceiro e último dia do festival de coração cheio!

 

Infelizmente nem tudo correu bem neste dia que ficou marcado pelo falecimento de Cláudia Oliveira durante a manhã, no campismo, do que se sabe, por causas naturais. O festival e todos os participantes envolveram se numa maré de solidariedade para com a família e amigos. É sempre difícil digerir uma notícia assim, pois apesar de tudo, foi uma das nossas, por isso, da minha parte e da Cultura em Peso, os mais sinceros pêsames.

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