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Rio de Moinhos será um bom local para o windmill headbanging? Fomos ao River Stone Fest 2022 descobrir. Com um palco de luxo para um evento deste género, em Portugal, o festival começou com algum atraso. Oportunidade para provar uma cerveja em cada um dos vários stands de um recinto com excelentes condições. Que mimo.
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Os espanhóis Demonik deram início às hostilidades, mas foi um início algo manco. Um género musical algo perdido entre o thrash e o death, com membros que pareciam estar com a descontração de um ensaio em palco… esquecível. Tentaram puxar pelo público, mas não havia química.
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Já os portugueses Nihility mostraram porque são a banda sensação do underground nacional em sonoridades pesadas. Uma atuação sólida duma banda que é tão coesa que os elementos poderiam tocar de olhos fechados. O mais recente álbum “Beyond Human Concepts” resulta muito bem ao vivo.
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Após novo atraso, os Equaleft subiram ao palco e deram um dos melhores concertos do festival. Com muita rodagem em palcos a Norte do país, é natural que haja uma maior adesão por parte do público. Foi com o seu groove (ponto alto, a “We Defy”) que conquistaram os presentes. E foi por esta altura que o público começou a desfazer fardos de palha, num momento insólito que se prolongaria até ao fim do festival. Moshpits de palha? Só no River Stone.
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Outra banda de Espanha, os Evil Hunter trouxeram heavy metal puro e duro. Sem querer reinventar a roda – ou precisamente por isso -, é uma banda que consegue a atenção do público e muito se deve ao vocalista. Damián Chicano tem o vozeirão indicado para este género clássico e tem o carisma necessário para entreter. E é entretenimento que procuramos num festival.
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Quando chega Godiva, o que salta à vista é a caracterização. A imagem desta banda de Famalicão causa impacto, assim como o seu metal sinfónico. Desta vez, sem as dezenas de músicos com que presentearam o público do Vagos Metal Fest. Não pode ser sempre.
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Chegada a vez dos germânicos Dust Bolt, a expectativa era elevada. Foi com os moshpits de palha ao rubro que esta banda apresentou o seu thrash aos presentes. Quase – quase – a roçar no crossover, os Dust Bolt tocam thrash aparentemente despreocupado mas muito mais técnico do que parece. Bons riffs, bons solos e a voz limpa de Lenny Bruce fizeram valer a viagem que merecia mais público.
O deathcore dos The Voynich Code já soou com algum atraso (as últimas bandas pagam sempre a fatura…). O que dizer? Peso, mais peso e uma técnica que se pode apelidar de cínica. Tem sido reconfortante ver o quanto esta banda tem evoluído ao longo dos anos. Fazem render mesmo os que não se consideram fãs do género – e isso diz tudo.
E foi com o folk de Mileth que o River Stone chegava ao fim. Com atrasos, sim, mas com um ambiente de festa. E é isto que é preciso. Portugal precisa de um River Stone Fest em cada distrito. Mas também precisa que as pessoas apareçam quando as coisas acontecem. Até para o ano!
Texto: Rui Alexandre – @ruidamosher
Fotos: Rita Mota – @ritafmota.photo
Link das fotos completas em:
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.808006797110710&type=3