A oitava edição do Riverstone Fest decorreu no passado sábado, em Rio de Moinhos, Penafiel, e foi a melhor forma para encerrar a onda de festivais de verão!

Ambiente River Stone, por @joao.fitas

Parece que todos os astros se alinharam para que este evento corresse às mil maravilhas: após uma semana tão dura para o norte de Portugal, com toda a catástrofe provocada por conta dos incêndios, e os 2 dias de chuva que se seguiram para dar tréguas, o River Stone teve o privilégio de se realizar num belo dia de sol quando todo o terror já tinha passado.

A juntar a isso, o rigoroso cumprimento de horários, a oferta de comida e bebida, o merch, o ambiente familiar que já é tão conhecido deste festival, e claro, a palha! Nada faltou para que este evento ficasse na memória dos presentes.

INHUMAN ARCHITECTS

Com um cartaz de elevada qualidade, os primeiros a subir ao palco foram os Inhuman Architects. Apesar de alguns problemas técnicos, os fãs deste grupo de Alien Blackened Deathcore sinfônico de Lisboa não tinham como não ficar rendidos. O grupo apresenta algumas semelhanças ao grandes Cradle of Filth ou Dimmu Borgir no que toca às melodias que tão bem acompanham o seu metal extremo.

Inhuman Architects, por @joao.fitas

A banda já passou por várias mudanças de formação desde a sua recente origem, mas atenção a este grupo, demonstram um sério potencial e isso foi claramente visível nesta atuação.

LAW OF CONTAGION

Estes portuenses são uma banda que mostra bem o que deve ser o Death/Black Metal, com passagem de aspereza rápida, mas sempre com um balanço quase cavernoso onde levam o ouvinte a uma dimensão perturbante de um filme “snuff” ou até de terror mais sufocante, o que até combinou bem com o local e atmosfera do festival. As suas vestes também se adequavam bem com toda aquela aura negra. O público sentiu isso e deixou-se levar pelas malhas dos Law Of Contagion durante toda a atuação.

Law Of Contagion, por @joao.fitas

VOIDWOMB

Em primeiro lugar referir que esta banda oriunda de Viana do Castelo esteve presente no WACKEN 2024 e que orgulho para nós, portugueses, isto foi! E a atuação no Riverstone foi mais uma prova de que a visita à Alemanha foi mais do que merecida.

O black/death metal destes vianenses foi criado para concretizar as ideias de M.S.Void (vocalista),  Noctvs (baterista) e F.S (baixista). Mais tarde Lord (guitarrista) juntou-se ao grupo, e ainda sentiram a necessidade de dar mais corpo ao som da banda e Fractal (guitarrista) entrou para fechar círculo, formando um grupo que tem tanto potencial de crescimento que temos de mantê-los debaixo de olho.

Voidwomb, por @joao.fitas

Os enigmáticos e soturnos Voidwomb invocaram forças e poderes ancestrais ao trazerem as trevas ao recinto do Riverstone. O caos esteve instalado durante toda a atuação através de coros e vozes impercetíveis, vindos das catacumbas. O grupo apresenta passagens diferentes, surpreendentes, com melodias que rapidamente entram no ouvido. Mesmo ainda com a luz do dia, viveu-se uma imensa escuridão que se penetrou na nossa pele até ao fim da atuação.

TORCHIA

Chegou a hora dos forasteiros atuarem e a melhor palavra para definir a sua atuação foi: conquista!

Apesar de logo nas primeiras músicas não pararem de puxar pelo público, conseguiu-se ver um aumento de conforto e “à vontade” por parte dos membros da banda ao longo da atuação, talvez por ser a primeira em Portugal. Com o avançar das músicas, foram mostrando mais e mais confiança, acabando por conquistar o público, e de repente, quando damos por nós, a performance dos finlandeses já se tinha tornado um turbilhão de técnica, energia, mudanças de velocidade, agressividade e palha, muita palha.

Torchia, por @joao.fitas

Parece estranho falar de palha, mas já se torna habito no River Stone haver sempre fardos de palha para “divertir” os presentes e dar ainda mais ênfase ao conceito festivo que é pretendido pelos organizadores.

Este ano, “calhou” a Torchia serem os primeiros a poder desfrutar da “algazarra rural”.

Outro ponto fulcral na aceitação do público foi os detalhes técnicos e melódicos à Children Of Bodom, mas sempre com originalidade. Também na parte estética marcaram pela diferença, com o vocalista a encarnar uma espécie de demónio e olhos vendados, que juntando a tudo o resto anteriormente escrito, ainda elevou os níveis para algo teatral.

Torchia é uma banda para estar muito atento num futuro próximo e que espera-se que voltem a terras lusitanas em breve.

HOLOCAUSTO CANIBAL

Os mestres do grind português apresentaram-se com um novo baterista- Gaspar Ribeiro– , que se junta à banda temporariamente até Diogo P. recuperar, após acidente e cirurgia. E em primeiro lugar, dar os parabéns ao Gaspar e ao grupo pela excelente performance. Mesmo com pouco tempo para ensaiarem juntos, parecia que já o faziam há meses. Da perspetiva do público, diria isso mesmo pois tudo funcionou numa simbiose perfeita.

Holocausto Canibal, por @joao.fitas

Há mais de duas décadas que Holocausto Canibal brilham nas profundezas putrefactas do underground através da sua brutalidade sonora e humor grotesco. A sensação que tenho é de que a cada álbum e atuação da banda, sente-se sempre uma subida de patamar. A violência, essa existe deste a sua origem em 1997, mas vê-se uma maturidade crescente e os elementos da banda são cada vez mais donos de fluidez, execução instrumental, criatividade, presença… Tudo aquilo que o grindcore exige, estes senhores têm!

Um concerto dos Holocausto nunca desilude, isso já sabemos, e este não foi exceção. Acho que é caso para dizer que foi um gigante “Empalhamento”…

TARANTULA

O que dizer da atuação de uma banda com quase 40 anos de carreira mas que se divertem e desfrutam da sua atuação como se estivessem agora a começar?

Como metalhead e como amante de música e arte, no modo geral, do fundo do coração, é um gosto ver uma banda como Tarantula atuar.

Estiveram sempre comunicativos, mexidos e com a tal “aura” de felicidade que contagia, e foi isso mesmo que o fizeram, com a ajuda das suas músicas, que serviram de fio condutor por entre as décadas da sua discográfica e fizeram lembrar ou relembrar o bom Heavy Metal que é feito em Portugal.

Tarantula, por @joao.fitas

Foi pena que por motivos técnicos a sua performance tenha sido reduzida, e nesse momento foi onde se sentiu mais o quanto eles estavam a gostar a atuar, mas apesar disso, pediram desculpa ao público e como profissionais que são abandonaram o palco com postura e um sorriso na cara. Noutras palavras…  uns senhores!

BIZARRA LOCOMOTIVA

EXPLOSÃO DE ADRENALINA TOTAL! É a melhor forma que tenho de resumir aquilo que foi a atuação dos reis da música industrial em Portugal.

Os Bizarra estão no top de bandas portuguesas e isso é provado em álbum, e reforçado a cada atuação. Com Rui Sidónio, o verdadeiro animal de palco com uma postura sempre selvagem, rebelde, intensa e um contacto com o público incrível, não há como não vidrar na atuação deste quarteto.

Bizarra Locomotiva, por @joao.fitas

Nesta hora o recinto já estava completamente cheio mostrando que muitos dos visitantes a esta pequena aldeia em Penafiel, consideravam este, um dos pontos altos do festival. Infelizmente, devido a um pequeno atraso inicial, viram-se obrigados a reduzir o seu setlist planeado, e na minha opinião, temas como “Vala Comum” do seu mais recente álbum “Volutabro” e “Foges-me em Chamas” fizeram alguma falta, mas não o suficiente para prejudicar aquilo que foi uma atuação absolutamente estrondosa, porque ainda assim não faltaram músicas como “O Escaravelho” ou “Ergástulo” que são verdadeiros hinos da selvajaria industrial que são os Bizarra Locomotiva, tanto numa vertente mais decadente (Ergástulo), como na mais energética e dançável (O Escaravelho).

Os Bizarra são uns senhores que em qualquer vertente das suas músicas oferecem tal entrega, que ao vivo, tudo é para ser berrado, dançado, saltado e principalmente sentido.

Essa é a maior força da escumalha!

PITCH BLACK

E o encerramento da oitava edição esteve à responsabilidade dos ícones do Thrash metal portugueses, os grandes Pitch Black. E que energia que estes senhores têm e transmitem!

A banda portuense formada em 1995, têm muita história para contar. Tiveram o privilégio de dividir palco com bandas como The Haunted, Mastodon, Sepultura, Exodus, Obituary, Nuclear Assault, Tankard, Benediction e muitas outras e realmente merecem estes privilégios.

Pitch Black, por @joao.fitas

Donos de uma energia e intensidade brutal em palco e um Thrash “da velha escola”, os Pitch Black são uma das bandas mais respeitadas no cenário do metal português e em cada atuação comprovam mais isso. O público vibra intensamente em todos os seus temas, os coros são cantados em uníssono, os circle pits fortíssimos independentemente de qualquer cansaço físico existente. Foi a forma perfeita de encerrar o festival!

Ambiente River Stone, por @joao.fitas

E mais uma edição de verão do Riverstone Fest terminou, onde tudo correu às mil maravilhas, com uma casa bem composta já desde cedo e muitos banhos de palha à mistura. A organização está mais uma vez de parabéns, e nós fãs, tivemos a possibilidade de nos despedir do Verão e dos festivais da estação da melhor forma.

Resta-nos aguardar pelas próximas edições, tanto de inverno e de verão, que certamente terão muitas surpresas…

 

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