Foto: Rafael Llia

 

São Paulo, dia 3 de Novembro de 2023, se der um google nesta data provavelmente só vão aparecer notícias sobre uma grande tempestade, que deixou bairros e mais bairros sem luz, árvores caídas por toda cidade, ventos de mais de 100 Km por hora, ou seja, um caos generalizado pela cidade. Atravessar da Zona Sul à Zona Oeste era um desafio a ser vencido e não é que após a tempestade veio a bonança? Tão logo a chuva cessou saímos de casa e atravessamos a cidade, no horário de pico em pouco mais de 40 minutos, um recorde a ser batido.

Na porta do Fabrique Club já havia um grande movimento, a fila para entrar dobrava a esquina, o esquenta nos barzinhos da região estava aumentando e como antecipadamente já havia recebido a notícia que o show estava sold out, não me surpreendi.

https://youtu.be/OCNcTufcDao?si=dLr2pClAsRrKd7pm

Como todos os shows que cobrimos no Fabrique Club não tivemos nenhum problema para entrar, a casa tem uma equipe muito eficiente tanto no tocante a agilizar a entrada como para servir os sedentos headbangers presentes, banheiros sempre limpos e área para fumantes é apertada, mas dá pra se virar. O local para os Merch também é bem acessível, logo na entrada da casa, mas a fila para descolar uma camiseta do ROTN estava gigante e na minha vez tinham acabado os tamanhos maiores.

Às 20:00 pontualmente entra a primeira banda da noite. Bayside Kings dispensa maiores apresentações, o quarteto de Santos (litoral sul de São Paulo) entrou com uma vontade imensa de chutar tudo e fizeram bem esse serviço, os caras são muito bons ao vivo, tem uma energia impressionante, o vocal Milton rege a plateia e indica o que fazer, two Steps, mosh, roda, voadora, teve de tudo no show deles, fora um setlist com 18 músicas tocadas uma atrás da outra sem muito blábláblá, a não ser para falar sobre a guerra da Palestina, onde criticou duramente Israel, ou para falar que ali, na roda, era para todos, não importa cor, opção sexual, e ainda agradeceu as “minas” que cada vez mais entram nos rolês e hoje fazem parte da cena e vêm ganhando espaço e notoriedade. O Bayside Kings fez um grande show, digno, de respeito, com muita gente participando e agitando sem parar, contagiante, abriram a noite com chave de ouro, problema do Paura, que tinha a missão de não deixar a galera esfriar.

Bayside Kings (Setlist)

A consequência da verdade

My freedom

The Underdog

Get Up and Try Again

Power of chance

Ronin

Warship

(Des) Obedecer

Refuse to Sink

Miragem

O que você procura aqui

Sobre

Todos os olhos em mim

Still Strong

Entre a guerra e a paz

Resistance

Miles and Miles away

Existência

Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia

O Paúra, banda Paulistana formada em 1995, vem debaixo do braço com o excelente disco “Karmic Punishment”, o oitavo disco da carreira dessa consagrada banda e, na minha opinião, o mais brutal deles. Esse disco marca a volta do baterista João Limeira para banda e a promessa de um show arrebatador foi cumprida à risca. A banda é um trator ao vivo, Fábio Prandini é um grande vocalista, e sabe muito bem fazer com que a galera não esfriasse no show deles, que teve um setlist matador, mesclando grandes clássicos da banda com músicas do novo disco, fazendo com que a roda não acabasse jamais. Foi um show intenso, politizado e na medida, Fábio dedicou o show às comunidades LGBTQIA+, às minas que lá foram, e seu discurso sempre buscando igualdade de gênero e raça dentro do Hardcore. Desceu a lenha em Israel, assim como o Bayside Kings e deixaram seu o recado bem escrito, doa a quem doer.

Paura (Setlist)

Karmic

Reverse

Urban

Truth

In the Desert

NWA (Never Walk Alone)

Last Response

Education

The city is Ours

No Hard Feelings

Retaliate

Privilege

History

Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia

Conheci o Rise of the Northstar por volta de 2012 quando o Fernando Scheafer me mostrou na Estrada com o Worst, na época eles tinham algumas demos e singles lançados, era difícil achar qualquer coisa da banda, em 2014, com o lançamento do primeiro disco “Welcame” essa maravilhosa banda de Groove Hardcore Brrutal deslanchou e ganhou mais notoriedade no meio do hip hop, Hardcore e do metal, pois navega com muita propriedade nesses mares e fazem uma mistura muito interessante com a cultura Japonesa, onde usam e abusam tanto nas letras quanto no visual de elementos dos Mangás (animações Japonesas).

O Show já começa com essa matadora intro de Arai Akino, de fundo a capa do disco novo dos Franceses, “Showdown” e os caras vão entrando um a um no palco e começam com “The Anthem”, que meio que também uma introdução para a desgraça que vinha a seguir. Nessa altura dos acontecimentos o Fabrique Club já estava abarrotado de gente mesmo assim, deu pra abrir uma grande roda no meio da galera e o agito foi impressionante. Importante ressaltar que em shows de Hardcore mais Breakdown como o deles, as rodas são muito violentas, e nesse show não deixou de ser, mas havia um grande respeito entre a galera que se batia ali no meio, foi bonito de ver.

A banda tem uma energia no palco que é um diferencial. Os caras agitaram do começo ao fim do show e embora aquelas roupas parecessem pesadas e quentes, os caras deram uma aula de postura de palco. Que show Senhores, que show. As primeiras músicas foram do disco novo, a galera alucinou com a performance e energia da banda ao vivo, é contagiante, ninguém conseguiu ficar parado. A todo momento Victor “Vithia” Leroy, vocalista da banda, elogiava a galera que estava ali, dava pra sentir a empolgação da banda com a galera que lotou o Fabrique Club, que respondia a altura, com um moshpit bonito de se ver. Foi impressionante e, na minha opinião o ponto alto do show na ”Demonstrating My Saiya Style” a galera ficou toda abaixada e enquanto Vithia ia cantando “Find in your mind da sayan rage” a galera levantou e saiu pulando quase derrubando as estruturas da casa, foi uma loucura, outro ponto alto do show foi tocarem o maior clássico da banda “Samurai Spirit”, ninguém mais conseguia ficar no lugar e se não bastasse tudo isso, ainda deu tempo para lançar outro clássico, na real a cereja do bolo, porque tocaram muitos sons que eu estava esperando, mas “Again and Again” tinha que estar lá, fechando com chave de ouro um dos shows mais brutais que eu já assisti, eles prometeram voltar em breve, espero que em um lugar maior, nada contra o Fabrique Club, que é uma ótima casa, mas se a repercussão desse show tiver seu merecido destaque, em um próximo evento ficará bem pequeno, até porque ROTN já merece um destaque maior no meio, pois é uma banda que conseguiu adaptar vários estilos em um só e dessa compilação criar o seu próprio caminho. Que venham os próximos, essa banda ainda vai dar muito o que falar.

 

Rise of the Northstar (Setlist)

Intro (voices Arai Akino “Macross Plus Opening)

The Anthem

Showdown

Third Strike

One Love

Here Comes the Boom

Welcame (Furyo State of Mind)

Bosozoku

Sound of Wolves

Samurai Spirit

Nekketsu

The Legacy of Shi

Demonstrating My Saiya Style

Rise

Again and Again

Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia Foto: Rafael Llia

 

 

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