Sábado de Sol na capital paulista e tempestade sonora no Carioca Club, e não foi qualquer tempestade sonora. Estética Torta fez a alegria dos bangers que queriam ouvir música pesada após uma semana caótica e conturbada em São Paulo, por conta das chuvas.
Uma tempestade ancestral se formou naquele distinto local, quando Susane Hecate ( Vocais/Teclado), Thormianak ( Guitarra), Alethea Cosso (Baixo) e Ritchie Santiago (Bateria), o poderoso Miasthenia se fazia presente, inclusive era muito aguardado.
*Ritchie Santiago substituiu a baterista Lith por questões pessoais.
A veterana banda brasileira veio com força total, para representar o Brasil no show com o Rotting Christ na capital paulista. Conforme eu havia dito a vocês, a banda estava preparando um setlist especial e dedicado ao seu mais novo e recente trabalho, o álbum “Espiritos Rupestres”, enfatizo ainda que ao vivo o som é ainda mais incrível.
Quem não foi, perdeu!!!!
Às 17h30, o Miasthenia subiu ao palco já sendo ovacionada e aplaudida.
Com este show dedicado ao álbum “Espiritos Rupestres”, a horda de Pagan Black Metal iniciou uma faixa intitulada “Evocação”, chamando os antigos espiritos para o ritual.
Narrando as estórias da Bruxa Xamã em sua saga. De forma conceitual e com muito peso (natural do Miasthenia), veio a segunda faixa, intitulada “Bruxa Xamã”, que inclusive teve vídeo lançado e que vale muito conferir. Esta com certeza, na minha singela opinião é um som muito completo, tem muita garra e principalmente, a forma que é cantanda e narrada, traz com certeza, o seu diferencial.
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Em seguida, foi a vez do terceiro som, o que dá nome ao álbum, “Espiritos Rupestres”, uma faixa poderosissima e que com pegada, convida os antigos espiritos a ser parte mais uma vez a ser parte deste culto aos antigos rituais.
A quarta canção a ser apresentada, foi “Tapula Marcha’, faixa que exaltou/exalta, a luta de antigos guerreiros mediante a opressão que matou e continua matando os povos originários. O que põe em cheque se o colonialismo acabou. Seja pelas mãos de qualquer bastardo europeu e/ou até qualquer um entre o povo brasileiro ou latino que se alia ao colonizador.
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Durante a apresentação, o guitarrista Thormianak fez um belíssimo solo de guitarra, que deixou a todos de boca aberta.
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Susane conduziu de forma primorosa (sempre), entre cada uma das faixas narrou o enredo e a justificativa de cada faixa, trazendo seu formidável gutural e vocais limpos, de uma maneira muito potente e centrada. Alethea, musicista grandiosa, dominando o baixo de forma vigorosa e demonstrando que não estava ali a toa, sendo outra experiente instrumentista. Por fim, ele Ritchie Santiago, dominou as baquetas e trouxe uma incrível técnica, com intensidade substituiu Lith nesta apresentação em específico.
E encerrando o set, Miasthenia apresentou “Transmutação”, faixa impecável e que finalizou de modo excepcional este curto e breve set. Sim, meus amigos e minhas amigas, o set foi composto por 5 faixas. Meia hora de show, curtinho – Mas intenso e que matou um pouco da saudade de ver tão grandiosa horda brasileira em ação.
Quando a galera já estava entrando no embalo e curtindo, acabou.
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Trinta anos não são 30 dias, Miasthenia apresentou um belo show e representou.
Uma banda que com certeza, jamais poderá não ser citada entre os lendários nomes do Metal Nacional. Seus shows são uma aula de História dos povos Amerindios, sejam os Astecas, Os Maias, Incas, as populações da floresta, seus antigos deuses, as bravas guerreiras amazonas, os valentes povos indigenas e o culto ancestral.
Sociologia, Filosofia, História tudo isto em um trabalho tremendo, de seis álbuns e muita estrada, luta e suor. Vida longa ao poderoso Miasthenia!
Por sua vez, após a poderosa apresentação do Miasthenia, foi a vez dos gigantes gregos, o Rotting Christ, que nos presenteram com uma apresentação incrível!
Quem pode assistí-los ano passado no Carioca Club, teve a impressão de que este ano estavam ainda mais imbatíveis que no ano passado, com ainda mais energia e vontade de tocar e ver a galera agitando ainda mais.
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Sem deixar de mencionar, que neste ano a participação especial, foi nada mais e nada menos que Armando Mystifier, o baixista da poderosa entidade do Black Metal nacional, pioneiros no estilo, o poderoso Mystifier, Armando esteve presente e tocou o baixo de Kostas Eliotis e devo-lhes dizer que foi com certeza um dos pontos altos desta impecável apresentação dos gregos, que ao final de sua participação, abraçou cada integrante do Rotting Christ e os prestou reverência. De lambuja, ele ainda curiu um pouco do show no fundo do palco.
O Rotting Christ tornou o palco do Carioca Club, um grande altar, por onde passaram grandes hinos da banda, em uma celebração de sons impuros e de muita blasfêmia.
A banda já se sente em casa, e é perceptível pela forma que agitam do palco e interagem com a galera, sempre muito gentis! Sakis Tolis (vocal/guitarra) e Themis Tolis (bateria), e acompanhada por Kostas Heliotis (baixo) e George Emmanuel (guitarra), trouxeram um setlist impecável.
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Iniciando com a icônica, “Aelalo“, que preparou terreno, após uma sombria introdução, que prepararia os ouvidos e corações para um setlist estrondoso e demasiadamente espetacular. Ainda aquecendo os motores foi a vez da poderosa “Pretty World, Pretty Dies“, que traz uma sonoridade de guitarras intensas e em partes soa como um mantra, hipnótica e com muito feeling.
Após se banquetear com esta deliciosa canção, foi a vez de “Demonon Vrosis”, faixa empolgante e que já traz além de harmonias, os pedais duplos de Themis Tolis, faixa poderosa e Sakis com vocal com ainda mais energia. O baixo de Kostas brilha e ao vivo, a canção traz uma atmosfera totalmente absurda.
Outro som que sempre funciona é a íconica “Kata Ton Daimona Eaytoy“, sem dúvida, uma das mais matadoras do set, seja pela sua violência sonora, seja pela empolgante avalanche sonora que vem a seguir, som rápido e consistente. Uma preciosidade que não pode faltar em nenhum show do Rotting Christ pois agita até o mais cansado dos bangers. Essência visceral desta faixa cativa demais! Depois desta pedrada, foi a vez de “Like Father, Like Son”, uma faixa mais épica, com muita melodia, solos de guitarra e nem por isto menos pesada. Uma bela faixa e que inclusive está no último disco da banda, o “Pro Xristou” que dá nome a tour pela America Latina.
Em seguida foi a vez da faixa “Elthe Kyrie”, impiedosa já chega queimando o pavil de uma bomba, explodindo tudo e trazendo a fúria do poderoso Rotting Christ em um outro patamar. Ao vivo, que energia!!!!
Depois desta explosão, vieram os clássicos, iniciando com “King of a Stellar War”, do álbum “Triarchy of the Lost Lovers“, de 1996. Que trouxe aquela áurea nostálgica e enfeitiçada do Black Metal dos anos 90.
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Na sequencia veio a poderosa “The Sign of Evil Existence“, na mesma pegada intensa e nostalgica e que desta vez, contou com Armando Mystifier tocando baixo. Uma faixa furiosa e totalmente maligna, que ao vivo impressiona por sua atmosfera sombria.
Por fim, foi a vez do hino “Non Serviam”, cantada a pulmões extras, pois a galera cantou mais forte e um pouco mais.
Na hora de “Societas Satanas”, um estrondoso mosh se abriu, os mosheiros de plantão fizeram festas e a galera cantou este som, que ganhou uma versão poderosa com os gregos. Uma grande canção e que não pode faltar de forma nenhuma no set.
A liturgia maligna seguiu de pé com “In Yumen-Xibalba”, outra canção que parece um mantra feito em um sombrio monastério e que ganha forma e riffs poderosos que antecedem a tempestade e o caos, faixa de peso e intensa, que não dá vontade de ficar parado (a essa hora quase fui pro mosh, só não fui pois meu joelho não deixa).
Culminando em catarse e letargia, é uma faixa intensa e que impressiona.
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Hipnotica e dando uma quebrada no som mais extremo, foi a vez de “Grandis Spiritus Diavolos”, meio que já dava o tom de despedida. Faixa singular e que todos cantaram fácil, por ser um som que gruda na mente por conta de caracteristicas bem próprias, chegando até a ser um pouco melancólica. Com versos narrados, foi a vez de “Raven”, uma clara homenagem a Edgar Allan Poe, com sua melodia sombria, um som quase que declamado.
Em seguida a sua finalização, a banda se ausentou do palco e as cortinas permaneceram abertas e a banda voltou para concluir o seu profano ato, foi a vez de “Noctis Era”, brindando aos que ali estavam com uma canção que parece um cantico tribal convidando para a guerra da noite eterna, com certeza esta foi uma escolha acertada e que encerrou a noite com chave de ouro.
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Para alegrias de uns e tristeza de outros, o evento terminou cedo permitindo voltar para casa sem risco de perder o metrô (risos).
Setlist MIASTHENIA:
1 – Evocação
2 – Bruxa Xamã
3 – Espiritos Rupestres
4 – Tapula Marcha
5 – Transmutação .
Setlist ROTTING CHRIST:
1 – Aealo
2 – Pretty World, Pretty Dies
3 – Demonon Vrosis
4 – Kata Ton Daimona Eaytoy
5 – Like Father, Like Son
6 – Elthe Kyrie
7 – King of a Stellar War
8 – The Sign of Evil Existence (with Beelzeebubth)
9 – Non Serviam
10 – Societas Satanas (Thou Art Lord cover)
11 – In Yumen-Xibalba
12 – Grandis Spiritus Diavolos
13 – The Raven
Encore:
14 – Noctis Era
Não poderia deixar de registrar que após o termino da apresentação, Kostas desceu do palco e autografou livros, cd´s, fotos das fãs (Oh cara bonito). A mulherada ficou ensandecida com a gentileza e beleza do jovem baixista.
Infelizmente não pude ficar para o Meet and Greet, mas só por estar neste grandioso evento, já valeu demais a experiência. Sigo na expectativa que voltem no ano que vem.
A banda segue fazendo shows no Brasil até o dia 18/02, passando por capitais brasileiras e a cidade de Limeira. Rotting Christ é brasileiro, só eles ainda que não perceberam!
Os gregos mais brasileiros do mundo, seja por sua energia, seja pela alegria que demonstram no palco. Trazendo sua música de maneira genuína, poderosa e potente.
Longa vida ao ROTTING CHRIST, que sua música seja eterna! Toda a banda agitou muito e curtiu o momento com verdade e garantindo a todos excelentes bangueadas, mesmo que no outro dia, o indiíviduo precise de um transporte de pescoço (risos).
Por um mundo sem fronteiras, somos todos(as), irmãos(as)!