Dia 28 de novembro, a partir das 20h, abre-se um túnel do tempo no bar Ocidente, em Porto Alegre (Rio Grande do Sul). A plateia será levada diretamente para os anos de 1987 e 1988, quando o rock gaúcho vivia seu momento mais criativo e gerava bandas de várias tendências, muitas delas frequentadoras de um lugar chamado Vortex, combinação inusitada de bar, estúdio de ensaios e loja de discos de rock, localizado na avenida Protásio Alves. Os Replicantes, então com quatro anos de carreira e já fazendo sucesso em nível nacional, administravam o “complexo”, que também servia de endereço para o selo Vortex, famoso por lançar fitas cassete, em sua maioria gravadas ali mesmo, que hoje são itens raros disputados por colecionadores de todo Brasil.
Sete dessas bandas, uma por episódio, estão retratadas na série Um Ano em Vortex, uma co-produção da Prana Filmes e da Cubo Filmes, com roteiro e direção de Carlos Gerbase, gravada entre 2020 e 2022, e que estará disponível para streaming no dia seguinte ao show. E estas sete bandas – Os Replicantes, Barata Oriental, Os Cobaias (abaixo), Atahualpa Y Us Panquis, Os Rebeldes, Smog Fog e Verdruss – sobem ao palco do Ocidente no dia 28 de novembro para, num show verdadeiramente histórico, mostrar ao vivo as canções que estão na série.
Para quem lembra e quer reviver aqueles tempos, mas também para as novas gerações, que poderão conhecer bandas com trabalhos extremamente originais, que ajudaram a construir a identidade do “rock gaúcho”, será uma noite especial. A produção do show é da Rei Magro, e os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente no Sympla. A lotação do Ocidente é limitada. Então, para ir ao passado sem maiores problemas, é bom garantir logo seu lugar nesse túnel do tempo.
AS BANDAS DA SÉRIE E DO SHOW
ATAHUALPA Y US PANQUIS – criada por Carlos Eduardo “Gordo” Miranda, sua proposta era fazer uma barulheira infernal, com letras que transitavam entre o non-sense e a denúncia bem humorada. Sandina, de Jimi Joe, é sua canção mais conhecida. Lançou uma fita pelo selo Vortex. Na série, Carlos Carneiro substituiu Miranda (falecido em 2018) no vocal, e os demais músicos são Castor Daudt, Jimi Joe, Flu e Paulo Melo. Essa mesma formação estará no show de lançamento.
BARATA ORIENTAL – grupo pioneiro do rock do Vale dos Sinos, lançou em 1988 um LP independente bastante vendido na Vortex, com pérolas como Eu Não Quero Virar Couve-flor, Dançar Direito e Coca ou Cola. O vocalista Nenung, anos depois, criou a banda Os The Darma Lovers e desenvolveu projetos solos. Na série, além de Nenung, estão Luciano Sapiranga, Carlos Panzenhagen e Milton Sting. Eles prometem reviver o espírito adolescente da Barata no show do dia 28.
SMOG FOG – banda mais que “cult”, a Smog Fog experimentava sonoridades, usava instrumentos inusitados e tinha uma postura teatral. Gravaram uma fita e e fizeram um show antológico na Vortex. Sua canção As Nuvens é um bom exemplo de uma estética musical que flertava com o jazz e o surrealismo. Na série, Felipe Duarte, Guilherme Figueiredo e João Olair, todos da formação original, foram acompanhados por Felipe Boca na bateria. No show do Ocidente, novamente estarão juntos.
VERDRUSS – talvez, pelo clima sombrio e as letras existencialistas, a banda de Feliz Peterlitz, Marcos Cardozo, Marcelo Oliveira e Lucky Flores poderia ser chamada de gótica. Mas esse estereótipo não consegue resumir o som da Verdruss, que tem uma fita cassete no selo Vortex e reuniu-se, depois de mais de 35 anos, para gravar a série. No dia 28, mais uma vez estarão no palco. Uma de suas canções está na vinheta de abertura de todos os episódios.
OS COBAIAS – Cláudio Heinz, além de ser guitarrista dos Replicantes, tinha essa banda com seus amigos Ely Jr. (Zico), Daniel Lorenzoni e Cléber Andrade. Os dois últimos foram funcionários da Vortex. Em 1989, Cleber assumiu a bateria dos Replicantes. O punk rock dos Cobaias era simples e direto, com letras políticas como Terrorismo Sem Bomba. Gravaram duas fitas na Vortex, uma delas em conjunto com a banda 3D.
OS REBELDES – banda rockabilly de Caxias do Sul, liderada por Darwin Gerzson, teve várias formações, sempre à procura de um som típico dos anos 50 e 60, devidamente reciclado no contexto pós-punk dos 80. Lançaram uma fita cassete pelo selo Vortex e prometem fazer todo mundo dançar no show de lançamento da série.
OS REPLICANTES – os proprietários da Vortex também estarão no Ocidente, com duas das formações que aparecem na série: o trio dos primeiros ensaios, ainda em 1983 (Cláudio Heinz, Heron Heinz e Carlos Gerbase), mais os posteriores integrantes Luciana Tomasi, Cleber Andrade e King Jim.
QUEM TAMBÉM ESTÁ NA SÉRIE?
Nos sete episódios de Um Ano em Vortex, além dos músicos das bandas, várias personalidades da cena rock de Porto Alegre, muitos deles clientes do bar, conversam sobre o que viveram nos anos 80. A lista completa é a seguinte:
Juarez Fonseca, jornalista cultural
Luciene Adami, atriz e vocalista da banda Urubu Rei
Plato Divorak, músico e frequentador da Vortex
Samarone Silveira, músico, frequentador e autor de um desenho da fachada da Vortex
Reinaldo Portanova, criador do Relicário do Rock Gaúcho e frequentador
Ricardo Bolonha Ramos, produtor cultural de Alvorada e frequentador
Marcos Bombardelli, músico, professor e frequentador
Cássio Renck, frequentador
Marcelo Nunes, fotógrafo e frequentador
Cristiano Bastos, jornalista cultural
Marcelinho, frequentador
Paulo “Cachaça” Ressadori, produtor da banda Verdruss
Rodrigo John, artista plástico e colaborador da banda Smog Fog
Amilson Silva, músico e frequentador
James Jimi, músico e frequentador
Paola Oliveira, jornalista e atual produtora dos Replicantes
Jerônimo Jaca Vasconcellos, frequentador
Leonardo Della Pasqua, psicólogo e frequentador
Gilberto Six, iluminador e frequentador