Moonspell – 1755 (Foto: Carlos Romano)
Hello headbangers, how are you?
Há muito tempo atrás nosso amigo Ricardo Galício foi definitivamente morar em Portugal, mais precisamente em Leiria, naquele momento nossa banda Parentes Distantes perdia um de seus membros e isso nos fez repensar nosso destino como músicos daquele momento em diante. Com a ida do Ricardo para Portugal, naquela época a única maneira de se comunicar com um custo baixo era por carta escrita, as ligações internacionais custavam uma verdadeira fortuna e nem sempre foi uma ligação de qualidade, por isso os contatos foram interrompidos por algum tempo. Com a criação da internet e o telefone celular um dos membros dos Parentes Distantes, o Marcelo, mais conhecido como “Piolho”, conseguiu reunir todos os amigos e criamos um grupo de Whatsapp com o nome de Brothers of Metal, isso mesmo, Irmãos do Metal, pois e interessante com o Heavy Metal tem a capacidade de unir as pessoas e criar verdadeiras amizades que perduram para sempre.
Após a retomada dos contatos a comunicação foi ficando mais fluída com o desenvolvimento de novas tecnologias. Sempre tive a curiosidade de saber como era a cultura Metal em Portugal e nosso amigo Ricardo nos municiava com informações diversas sobre a cena Lusitana. Durante uma determinada conversa ele nos indicou uma das bandas mais emblemáticas e extraordinários do Metal, o grande Moonspell.
Lembro que imediatamente comecei a escutar o Moonspell e fiquei muito impressionado com as composições, o perfeccionismo de seus músicos, a produção dos álbuns e a inteligência para compor músicas tão pesadas e ainda conseguir cantar em Português, Inglês e Espanhol Imaginem que compor em Inglês, para uma banda que não tem este idioma como nativo, o quanto é difícil, mas o Moonspell foi além, angariando fãs ao redor do globo com seu Metal emblemático e pesado.
O que mais me chamou a atenção no Moonspell e sua condição poética, as letras realmente nos fazem pensar e encontrar a poesia em forma de Heavy Metal. Mas confesso que por mais que adorasse a banda eu tinha a expectativa de poder escutar o Moonspell compondo um disco todo em Português, sempre gostei de escutar bandas em seus idiomas originais, como descrevi na Review: A Força do Metal Nacional.
Em 2019 tive a grande oportunidade de realizar um sonho ir para Alemanha e ao Wacken, foi uma grande emoção quando desembarquei em Hamburgo, uma cidade fantástica, visitei vários pontos turísticos inclusive o bairro de St. Pauli e a The Beatles – Platz, praça construída para comemorar a importância dos The Beatles na história. Em um destes dias me deparei com uma loja de departamento, a Saturn, e resolvi entrar, lá existe uma grande seção de áudio e afins e fiquei impressionado com a quantidade de títulos de Metal que existia na loja. Um dos álbuns que me deparei foi exatamente do Moonspell, 1755, quando virei à capa para checar as músicas fiquei realmente surpreso. Pensei comigo, será que o grande Moonspell compôs um álbum totalmente em português? Os títulos das músicas todos são em português com a tradução para o inglês. Realmente isto aumentou minha expectativa e no retorno para o Brasil seria a primeira coisa a fazer quando estivesse em casa, escutar este grande registro.
Como sempre escutei músicas através de discos e cds, não tenho esta mesma curiosidade de escutar registros por streaming, e isso garantiu a grande satisfação de colocar o disco para rodar na Stanton T.92.
Além destes fatores uma coisa a mais me chamava a atenção neste álbum, a última música do lado 55 chama-se Lanterna dos Afogados. Isso me causou mais curiosidade ainda, será que está música seria uma versão dos Paralamas do Sucesso?
Após algumas semanas conhecendo a espetacular Alemanha, finalmente cheguei em casa, após o merecido descanso chegou o tão esperado momento de escutar o Moonspell e o seu 1755.
Lado 17:
Em Nome do Medo, um verdadeiro clássico abre o álbum, uma versão orquestrada, com peso e intensidade suficiente para fazer você quase tocar a música. A harmonia entre a música clássica e o Heavy Metal neste álbum e perfeita, e me arrisco a dizer que o Heavy Metal tem uma grande influência da música clássica, até mais do que o puro e bom Rock ‘n” Roll é só prestar atenção nas grandes composições clássicas que podemos notar a intensidade, peso, variações harmônicas e grande emoção que estes gêneros nos trazem quando escutamos.
1755, vem na sequencia, com peso com um coral que cria um ambiente envolvente, uma música direta e com variações em seu andamento, excelente faixa, não, não deixará pedra sobre pedra, não, não restará ninguém sob as estrelas…
In Tremor Dei, o ritmo cadenciado com um riff complexo nos faz viajar na música e nos coloca dentro álbum literalmente, a música e marcante e emocionante.
Desastre, a bateria e o vocal de Fernando Ribeiro estão alucinantes no início da faixa, esta composição e muito interessante, pois conta com uma grande variação de andamento e elementos que fazem a música crescer.
Abanão, mais uma faixa intensa e intrigante, cada vez que escuto este álbum descubro algo diferente dentro de suas faixas, realmente impressionante.
Lado 55:
Evento, abre o lado 55, com uma bateria marcante e variações rítmicas alucinantes, a música e muito vibrante e enérgica.
1 de Novembro, novamente o coral aparece com toda imponência, combinando muito bem com o vocal de Fernando Ribeiro, um grande clássico.
Ruínas, uma faixa cadenciada e pesada, acalma o disco para as faixas seguintes, e o disco continua espetacular.
Todos os Santos, a faixa tem uma introdução que cria todo um clima para o restante da música que cresce no seu andamento, a banda toca demais, realmente impressionante.
Lanterna dos Afogados, para fechar este grande álbum o Moonspell faz uma versão incrível da música dos Paralamas de Sucesso, se este som já e um clássico com os autores originais com o Moonspell ganhou uma nova roupagem e se mantém tão vibrante e importante quanto a versão original. O Moonspell conseguiu fazer com que este som encaixe perfeitamente na temática do álbum e provou que quando a música e verdadeira os estilos podem conviver entre si harmoniosamente.
Todas as minhas expectativas foram superadas, realmente me sinto muito feliz quando escuto este clássico. O Moonspell conseguiu compor um álbum espetacular e em português, o idioma mais poético de todos. O Moonspell é uma banda que consegue criar verdadeiras obras primas em forma musical, as letras são extraordinárias e com certeza poderiam virar um grande livro de poesia. Posso descrever com palavras e sentimentos que a vida e extraordinária e muitos momentos simples como descobrir um novo disco, ler um novo livro, fazer amigos, etc., podem nos fazer sentir a verdadeira e pura felicidade.
See you, have a special life!!!
Ficha Técnica
Banda: Moonspell
Formação: Fernando Ribeiro (Voz), Mike Gaspar (Bateria), Pedro Paixão Telhada (Teclados), Ricardo Amorim (Guitarras) e Aires Pereira (Baixo)
Orquestra e Arranjos: Jon Phipps
Álbum: 1755
Artwork and Layout: João Diogo
Picture: Paulo Mendes
Moonspell Logo: Adriano Esteves
Released: 2017
Producer: Tue Madsen
Composer: Moonspell (Músicas), Fernando Ribeiro (Letras)
Record Company: Napalm Records
Moonspell – 1755 (Foto: Carlos Romano)
Fernando Ribeiro e Ricardo Galício – Fenac / Leiria (Foto: Ricardo Galício)
2019 – Wacken XXX (Foto: Carlos Romano)