Com um conceito de trazer experiências inéditas além da música, Summer Breeze Open Air desembarca em São Paulo nos dias 29 e 30 Abril de 2023 com megaestrutura e mais de 40 atrações (que se dividirão em 4 palcos). Serão dois dias de muita música, diversão e vivências para pessoas de todas as idades.
Com 25 anos de história, o megafestival Summer Breeze Open Air, conhecido por levar ao palco as principais bandas de rock do mundo terá sua primeira edição no Brasil, na cidade de São Paulo – SP, no Memorial da América Latina.
Uma das atrações confirmadas em seu Lineup são os Alemães do Kreator, segue o release deles:
Contando atualmente com os fundadores Mille Petrozza (vocal e guitarra) e Jürgen “Ventor” Reil (bateria), além de Sami Yli-Sirniö (guitarra solo) e Frédéric Leclercq (baixo), o Kreator, um dos pioneiros do thrash metal, retorna ao Brasil para promover o seu 15º álbum de estúdio, “Hate Über Alles” (2022). Apontado como o mais completo da carreira, engloba diversos momentos da musicalidade da banda, criada em 1982 em um dos templos do thrash alemão, a cidade de Essen.
Mais que uma referência, o Kreator, que inicialmente adotou nomes como Metal Militia, Tyrant e Tormentor, ajudou a pavimentar o terreno para o metal extremo e, não por acaso, é citado como influência para formações de death e black metal espalhados pelo mundo, inclusive para o Sepultura. “Influenciamos muitas bandas, o que é até natural. Quando começamos, nossas influências eram Venom e as bandas inglesas de heavy metal, além do punk rock”, disse certa vez Mille Petrozza à revista Roadie Crew.
Após a estreia com “Endless Pain” (1985), veio “Pleasure To Kill” (1986), um dos discos preferidos de músicos como Andreas Kisser (Sepultura), Phil Fasciana (Malevolent Creation), Øystein Garnes Brun (Borknagar), Sakis Tolis (Rotting Christ), Gerre (Tankard) e Stefan “Tormentor” (Desaster/ALE), entre outros. “Pleasure To Kill” mostrou tanto a evolução técnica quanto elevou o nível de agressividade que o Kreator havia apresentado em seu debut.
Seguindo com o objetivo de evoluir, após o lançamento ocorreu a entrada de Jörg “Tritze” Trzebiatowski no lugar do guitarrista Michael Wulf (ex-Sodom), que fez sua estreia em “Terrible Certainty” (1987). “Podemos dizer que ‘Terrible Certainty’ foi o nosso primeiro álbum mais político. O Kreator estava se afastando das letras de horror e adentrando na realidade e em questões sociais. A letra da faixa-título deixa isso bem claro”, aponta o vocalista e guitarrista. “Foi também o começo de uma nova era. Saímos da linha mais crua de ‘Endless Pain’ e ‘Pleasure To Kill’ e iniciamos algo mais certeiro e profissional. É um disco muito interessante. Éramos apenas adolescentes naquela época, mas há ótimos riffs ali. Fizemos um bom trabalho”, acrescenta.
Certamente, o trabalho abriu o caminho para “Extreme Aggression” (1989) e “Coma of Souls” (1990) outras pérolas do thrash metal. Porém, a partir daí, a banda passou a fazer experimentações no som, culminando com o lançamento de um material com elementos do industrial, “Renewall”, lançado em 1992, mesmo ano em que o Kreator se apresentou no Brasil ainda no final da turnê mundial de “Coma of Souls”.
Dois anos depois, o baixista Rob Fioretti saiu e os shows da turnê foram completados por Andreas Herz, que se apresentou no Brasil em 1994, quando os alemães tocaram no Super Metal Festival no ginásio da Portuguesa de Desportos com Volkana, Krisiun, P.U.S., The Mist e Korzus. Outra mudança significativa veio com a saída do baterista Jürgen “Ventor”.
A brutalidade musical de certa forma voltou com o agressivo “Cause for Conflict” (1995), que contou com o baterista Joe Cangelosi (ex-Whiplash) no posto de Ventor. “Às vezes, passamos por problemas, até mesmo com a família. Assim, muitas vezes é melhor que haja um distanciamento para que depois as coisas voltem ao normal”, explica o baterista, que retornou para seu posto em “Outcast” (1997), no qual a música da banda foi tomando novos contornos, caminhando pelo thrash, industrial e até pelo gótico. No entanto, “Outcast” marcou a entrada de Tommy Vetterli (ex-Coroner) como guitarrista no posto de Frank “Blackfire” Gosdzik, que tinha vindo do Sodom e estava na banda desde a fase de “Extreme Aggression” (1989). Frank Blackfire, que chegou a residir por um tempo no Brasil, hoje está de volta ao Sodom.
O ápice do experimentalismo veio com o polêmico “Endorama” (2000), quando a banda praticamente criou um novo estilo que pode ser descrito como gothic thrash. “Acredito que muitas pessoas não entenderam o que nós estávamos querendo fazer naquele momento e por isso demorou muito para que estas mesmas pessoas se tocassem de que é um bom álbum”, analisa Mille Petrozza.
Com opiniões divididas, restou retomar o posto no thrash metal. “Cada experiência que você tem como músico o leva a pensar sobre qual direção vai seguir no trabalho seguinte. Para nós foi extremamente importante termos feito ‘Endorama’ e ‘Outcast’, porque sem eles não teríamos chegado a ‘Violent Revolution’”, observa Petrozza.
Além da volta às raízes, “Violent Revolution” também trouxe outra mudança na formação, com a saída de Tommy Vetterli e a entrada do finlandês Sami Yli-Sirniö (ex-Waltari e In Rags). “O álbum é mais orientado para salientar os riffs de guitarra, a brutalidade e a velocidade do que as experimentações que fizemos”, enfatiza o vocalista e guitarrista. “Com ‘Violent Revolution’, voltamos a tocar com mais agressividade e colocamos para fora toda a nossa ira, algo que tínhamos deixado um pouco para trás no ‘Endorama’”, acrescenta.
O sucessor natural, “Enemy of God”, saiu em 2005. “A variedade foi realmente importante, porque não queríamos compor um álbum que tivesse só músicas rápidas do início ao fim. Essa dinâmica e versatilidade têm a ver com a adição de mais melodia”, avalia Petrozza.
Mantendo a mesma linha vieram “Hordes of Chaos” (2009) e “Phantom Antichrist” (2012), enquanto que “Gods of Violence” (2017) trouxe orquestrações. “Adicionamos mais elementos sinfônicos e industriais para deixar algumas partes mais intensas”, explica Mille.
Promover “Hate Über Alles” no “Summer Breeze” significa para o Kreator voltar a ver os fãs brasileiros, algo que Mille & Cia. nunca deixaram de exaltar, tanto que 17 faixas do ao vivo “Live Kreation” (2003) foram registradas em São Paulo, a 1º de setembro de 2002. “Nossos mais ardorosos fãs são os brasileiros. (…) Veja, é bem legal ter fãs no mundo todo, mas os brasileiros estão acima, pois têm um entusiasmo dobrado e gritam bem alto. As pessoas aí são selvagens, no bom sentido, e apreciam música. Não são modistas, gostam mesmo das bandas de metal”, conclui Mille Petrozza.