Uma lenda da cena death metal da costa Oeste dos Estados Unidos, os SADISTIC INTENT já têm origens plantadas em meados dos anos 80. Inicialmente conhecidos como Devastation, os irmãos Cortez, Bay (baixo/voz) e Rick (guitarra), fundadores que ainda se mantêm como núcleo duro do quarteto, adoptaram o nome actual em 1987, e desde aí nunca mais pararam de debitar o seu negro e profano death metal. Famosamente, nunca editaram um álbum, sendo toda a sua produção discográfica distribuída por vários EPs, splits, singles, maquetas e compilações, o que talvez tenha prejudicado a sua ascensão em termos de popularidade. São, acima de tudo, uma banda de palco, e foi com esse intuito que o mítico Jeff Becerra, dos Possessed, fez deles os próprios Possessed à sua volta durante alguns anos, alistando os irmãos Cortez, bem como o guitarrista Ernesto Bueno e o baterista da altura, Emílio Marquez, para completarem a sua banda. Em Barroselas, iremos finalmente testemunhar o poder do death metal old school destas figuras marcantes na história do metal extremo.

Em Portugal, a popularidade dos espanhóis CRISIX estava em crescendo, com uma mini digressão nacional esgotada, e eram tudo eram bons augúrios para o futuro dos catalães até que aconteceu a pandemia. Felizmente, os músicos não perderam muito tempo e, com a novidade «Full HD» e centenas de concertos na bagagem, partiram definitivamente para o salto que lhes valerá a internacionalização em larga escala com o seu thrash aguerrido. O LP foi registado em Barcelona, mas com mistura e masterização nos Estados Unidos, pela mão de Ete Rutcho, e editado pelo selo francês Listenable Records. Cheios de boa disposição e riffs letais a rodos, saíram da experiência a soar como a banda-sonora perfeita para musicar uma festa bem regada a cerveja e com cheiro a podredo no ar.

Foi na viragem da primeira década do segundo milénio que os bracarenses assumiram de modo meio profético, aquilo que este mundo e sociedade de merda merecia que lhe dissessem. Com um EP homónimo surgiram os VAI-TE FODER. No ano seguinte surgiu «Viciados No Degredo», o LP de estreia que se tornou num clássico do underground português e, já em 2022, foi reeditado pela Larvae Records. “Poço”, não obstante os seus valores de produção bem acima da podridão lo-fi dos primeiros registos, confirmou o vigor e autenticidade do punk crust emanado por uma banda que ao vivo soa ainda mais demente e caótica. Já com algumas visitas ao SWR, permanece no imaginário de todos o concerto de 2014 e uma rebaldaria épica que culminou com uns, sem exagero, 759 punks em cima do palco, crowd surf a um cão e um par de ébrios castiços nativos, de volumosa bigodaça, em coreografias de rancho folclórico.

Formados em 1998 pelos irmãos Aghora e Dödfödd, os BLODSKAM ficaram adormecidos durante uma série de anos e só ressuscitaram em 2014, com a gravação de «Lá-Bas», que foi lançado em 2019 pela Suicide Records e lhes permitiu conquistarem seguidores dedicados no underground um pouco por todo o mundo. Estranhamente, ou será que não?, essa singular peça de black metal retorcido e acutilante foi elogiada na televisão e no maior jornal da Suécia, dando motivação à dupla para criar um sucessor ainda mais desafiante. Com a novidade «Ave Eva», que chegou aos escaparates e às plataforma de streaming em Setembro do ano passado, estes suecos trataram de reinterpretar – de uma forma crua, obscura e melódica q.b. – a génese bíblica e celebraram a força destructiva de Eva.

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