Quem diria que íamos estar aqui todos entusiasmados com uma banda de tribute a encabeçar o cartaz do festival ao fim de 23 anos? Claro que esta não é uma banda de tributo qualquer, tendo sido montada pelo próprio Tom G. Warrior, um dos pioneiros mais importantes e icónicos do metal extremo, para prestar homenagem à sua primeira e lendária banda, os inesquecíveis Hellhammer. Vai fazer-se história quando o Tom e os seus comparsas subirem ao palco de Barroselas para disparar bestas míticas como «Massacra», «Maniac», «Reaper», «Messiah» ou tantas outras, e até se pode dizer que este palco lhes estava destinado – não só o festival foi desenvolvendo uma tradição de honrar os Hellhammer através de várias visitas dos fantásticos mestres do tributo germânicos Warhammer (R.I.P. Volker – vamos ter muitas saudades tuas este ano!), mas o SWR também recebeu um dos primeiros concertos dos Triptykon, em 2010. Agora, mais uma peça do destino será cumprida.

Formados em 2005 na cidade de Bordéus, estes franceses têm sabido exactamente como construir uma carreira consistente, sendo que se foram paulatinamente afirmando como uma das mais sólidas propostas que o tech death tem hoje para oferecer. Famosos pelas suas passagens carregadas de groove e da destreza instrumental que se pretende deste tipo de coisa, os quatro músicos nunca baixaram a guarda e mantiveram os níveis de intensidade lá em cima, com uma sequência de álbuns a que nenhum fã do estilo poderá apontar defeitos. O exemplo mais recente da linha condutora que tem pautado o percurso dos músicos ao longo dos últimos quinze anos está neste momento nas bocas do underground – o novíssimo «The Orb», primeiro trabalho desde o «Æthra», e com o qual já virão armados para Barroselas, reunindo tudo o que de melhor fizeram até hoje.

Os algarvios PRAYERS OF SANITY têm construído uma carreira de respeito durante os seus quinze anos de actividade, tornando-se numa das propostas de maior destaque do thrash nacional deste século. Já com quatro álbuns editados, «Religion Blindness» (2009), «Confrontations» (2012), «Face Of The Unknown» (2017) e «Doctrine Of Misanthropy» (2021), têm também percorrido palcos um pouco por todo o país, Barroselas incluído – estrearam-se no SWR em 2010 através da W:O:A Metal Battle, que venceram nesse ano –, espalhando a sua festa do thrash, cheia de headbang e muita cerveja. Regressam agora com a promessa de trazerem alguns novos “docinhos thrash” na bagagem – cá os esperamos!

Foi antes do apocalipse. Em Janeiro de 2020, um bando de veteranos da cena portuense unidos atrás do nome do heróico cachorro do Superman, mas revelando-se numa espécie de The Legion Of Doom, editou «Eye18». O disco, com o selo Lovers & Lollypops, é uma colecção de frenéticos malhões que têm tanto de Tomahawk, Helmet e Battles, como de Zen e Greengo (estandartes do melhor rock alternativo português e pontos de origem do line-up dos Krypto). São oito canções com um peso esmagador na sua parede de amplificação e com um groove rítmico capaz de esmurrar com a força e a graça bailarina de um pugilista. Depois é preciso recordar que Gon é um dos mais neuróticos e irascíveis vocalistas nascido intramuros, cumprindo aqui com demente solenidade o papel do xamã que nos conduz a meio da abrasiva acidez sónica. Depois chegou o apocalipse e desde aí que se espera que subam a um palco tão maníaco como a sua música et voilá, Barroselas

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