O desejo desesperado de um mal que se iguale ao deslocamento mais diabólico do pensamento humano tem levado a comunidade do metal extremo aos locais mais procurados e indesejáveis. Parecendo recém-chegados quando se formaram em 2008, as origens do grupo remontama 2003, quando uns adolescentes de Helsínquia formaram uma banda influenciada pelo death/thrash melódico, que logo evoluiu para uma abordagem mais séria ao death tradicional. Os KRYPTS começaram como um duo em 2008 e depressa lançaram a sua infame e alucinante maqueta, «Open the Crypt», seguida por um EP em 7”, o LP de estreia «Unending Degradation» em 2013 e um segundo álbum, intitulado «Remnants of Expansion». «Cadaver Circulation», o seu longa-duração mais recente, é um lançamento de death/doom de qualidade superior, que surgiu do pântano para assombrar os nossos dias.
Criado em 1996, o quarteto helvético NOSTROMO surgiu no meio de uma cena hardcore borbulhante. Complexa e técnica, a sua obra-prima «Ecce Lex» foi lançada em 2002 e, com uma produção bem intransigente – cortesia de Mieszko Talarczyk dos suecos Nasum –, provou ondas no underground extremo. Os músicos começaram então a fazer tours incansáveis pela Europa; apresentações ao vivo ao lado de lendas como Slayer, Motörhead, Mastodon ou Converge transformaram-nos uma banda fenomenal ao vivo. Em meados dos anos 2000, separaram-se devido a tensões internas e reuniram-se onze anos depois para um concerto privado. Algumas fotos publicadas nas redes sociais foram suficientes para despertar o entusiasmo: os Gojira aproveitaram a oportunidade para convidá-los para a sua tour. Galvanizados por este interesse substancial, os Nostromo ressuscitaram com o EP «Narrenschiff» em 2019, seguido de «Bucephale», o primeiro álbum completo da banda desde «Ecce Lex». Ainda mais sombrios, a habilidade e a fúria dos Nostromo acertaram em cheio.
É verdadeiramente incrível o crescimento desta banda num tão curto espaço de tempo. Os ANALEPSY não inventaram a roda. Ainda assim, o seu brutal death metal é criativo e dinâmico, aplicado com destreza e violência de um ensemble de músicos que soa sempre uniforme. Desde o vibrante EP de 2015 “Dehumanization by Supremacy” que a fúria metódica da banda é espantosamente cerebriforme e o seu groove cresceu exponencialmente com o álbum de estreia de 2017 e, principalmente, após a sua reformulação no line-up, do aclamadíssimo “Quiescence” de 2022. A última vez que pisaram o mainstage do SWR foi em 2019, num concerto de selvajaria arrebatadora. Desta vez, e depois da rodagem em palcos nacionais e internacionais do último álbum, não se espera menos que isso.
O crossover entre o doom e o hardcore transporta sempre elementos invariáveis. Raiva nas linhas vocais e baterias, densidade colossal de fuzz no baixo e guitarras, parede de amplificação ou, simplesmente, peso. Os REDEMPTUS passaram desta fórmula segura, no seu álbum de estreia, em 2015, para uma progressiva exploração do espaço dinâmico (sónica e instrumentalmente) no segundo e terceiro álbuns. Com uma tremenda força emocional nas suas composições e com uma personalidade e maturação da mesma cada vez mais definida, a banda liderada por Paulo Rui (veterano nos palcos do SWR), que celebra uma década de carreira em 2024, já tardava em figurar no cartaz da meca do underground luso.