E é chegado então o último momento, o último dia entre os zumbis vagantes do Barroselas, todos cansados usando o máximo do que resta de sua energia para desfrutar os concertos.
Os meninos do CAPELA MORTUÁRIA saíram la de Braga para apresentar o seu thrash destruidor, como o já habitual, para enfim dar início a nossa grande noite de glória juntamente com APOSENTO, os espanhóis puderam nos mostrar a verdadeira essência do death metal com a suas letras focadas em temas como ocultismo, satanismo e tudo mais antirreligião que adoramos.
MORTE INCANDESCENTE começou logo em seguida. Os lisboetas que já todos acompanhamos faz muito tempo. Eles começaram a tocar e toda a malta já conhecida foi a frente para apreciar essa belezinha.
O seu black metal mais cru e mortífero fez lembrar que todos nós um dia estaremos em uma “vala comum”. É impressionante como sempre atraem a atenção de todos e dessa vez não foi diferente, era possível ver ali na frente apreciando cada nota e riff alguns dos estrangeiros, franceses e espanhóis, que peregrinaram ao festival e fizeram questão de conhecer a potência do metal negro português.
ELS FOCS NEGRES, mais uma das milhares excelentes bandas nacionais aqui de Portugal. Eles trazem o seu Blackened Speed heavy metal. – uma misturada do caramba, né? Mas super da certo – Temos nos vocais Belathauzer, o vocalista dos grandiosos Filii Nigrantium Infernalium que revolucionaram com cena Black Metal em Portugal, então já era de se esperar muita qualidade e muita agitação, tal qual foi o concerto que levantou os mortos e queimou os vivos.
O seu Setlist foi composto por: Focs Negres, Nits Grotesques, Purgatori, Martìrs De La Creu, Monestirs de sang de porc e Nació Metall.
CONJURER o mais clássico do doom metal salteado com sludge, os ingleses chegaram numa paulada só e fizeram com que todos focassem nos seus riffs distorcidos e quebra de virada na bateria, lembra um pouco la no fundo, breakdown, só que na versão extrema. Ver isso pessoalmente foi demasiado interessante, a brutalidade da bateria e a diversidade rítmica entre todos ali foi uma grande experiência.
HIEROPHANT são os chefes da máfia italiana quando se trata de black metal. Eu cheguei a conhecer um tema ou outro deles, mas o seu show foi literalmente maravilhoso. Os italianos deram o nome no barroselas e passaram pelo nosso batismo de fogo infernal. Foi incrível desfrutar deste concerto onde muitos fizeram pausa para comer e ao escutá-los de longe, foram correndo para o palco assistir de perto. Cada vez mais enchia de gente, todos com aquele brilho nos olhos, com uma nova descoberta incrível. Tanto é, que quando acabaram, foi-se formando uma fila para comprar materiais, cd, discos e camisetas.
SKITSYSTEM se apresentou trazendo para a gente o d-beat/crust punk. Os suecos estavam super animados de tocar ao Barroselas, enquanto o público também estava ansiosos e animados para ver um dos nomes mais significativo para a cena D-beat e Crust com a suas letra de vomitada em cima de todos. Pareceu-me que muitos ali estavam muito contidos no fato de serem metaleiros e não fizeram tanta bagunça quanto deveria para fazer jus ao concerto magnifico, e ainda assim não deixou de ser a noite de glória. Por mim, Skitsystem poderia até voltar todos os anos ao barroselas para uma noite de ritual e caos.
ROPE SECT a banda que eu particularmente estava bem curiosa. Se tratando de uma banda com uma vibe mais post punk /gothic metal com temática voltada a si1c1d10 e ao caos. Eu esperava, sim, que a música fosse-me agradar e agradou tanto a mim quanto a muita gente que ali estavam. Cordas amarradas, geralmente usadas para “se desviver” estavam ao microfone, que é o símbolo representativo da banda, e ao final tiraram esta corda ao público e isso foi bem interessante.
TANKARD, OBRIGADA POR EXISTIR.
A unica coisa negativa do concerto do Tankard foi a minha caneca de cerveja estar vazia. Que show, meus amigos!! Todo mundo subindo e se jogando do palco, o stage diving rolou solto, até eu tentei subir haha, mas sou tão baixinha que não consegui subir ao palco e quando me vieram ajudar, eu perdi a coragem, quem sabe na próxima vez.
Foi um dos muitos gloriosos momentos da noite, onde a unica parte ruim foi quando acabou. A energia maravilhosa emanada ali foi indescritível, mas a melhor parte para mim foi quando eu levava comigo impressos em cartão no formato de caneca da Super Bock, o Gerre, vocalista, avistou e me pediu. Ele colocou pendurado ao microfone e isso foi um grande momento especial.
Assistir o Tankard é ter a certeza que “Na Cerveja eu Acredito“. O seu quase alcoólico setlist foi basicamente as melhores:One foot in the Grave, The Morning After, Ex-fluencer, Rules for Fools, Rectifier, Chemical Invasion, Zombie Attack, Beerbarians, A Girl Called Cerveza e (EMPTY) Tankard.
SNET, não fica para trás no quesito de ótimo concerto. Eles vieram de Praga, na República Checa, só para nos mostrar ao vivo “com quantos paus se faz uma canoa”. Seu vocalista, aparentemente com 2m de altura, pelo menos do meu campo de visão, vomitava as suas letras enquanto ia de um lado ao outro, o público subia ao palco, brincava e se jogava. Snet estava no meu top 3 bandas que mais queria assistir no último dia eles fizeram cada momento valer a pena.
BLASPHEMY os canadenses que já estavam a curtir desde o dia −1 do festival, deram um espetáculo de blasfêmia. A banda, que já leva muitos e muitos anos nas costas, chegou em toda a pose maquiavélica, usando óculos escuros, com muito ódio e fome de destruição (mas no off são simpáticos e gente boa). E então foi dado o início ao mais impuro ritual blasfêmia do barroselas e todos ali assistindo puseram os seus óculos escuros e cerraram o punho apontando na direção do palco.
Seu profano espetáculo veio recheado de temas que adoramos, seu setlist contou com: War Command, Blasphemous Attack, Gods of War, Blood Upon the Altar, Victory (Son of the Damned), Darkness Prevails, Desecration, Nocturnal Slayer, Emperor of the Black Abyss, Hording of the Evil Vengeance, Goddess of Perversity, Weltering in Blood, Blasphemy, Fallen Angel of Doom…, The Desolate One, Necrosadist, Demoniac, Atomic Nuclear Desolation, Empty Chalice e Ritual.
SYSTEMIK VIOLENCE foi a última banda a se apresentar, para mostrar que o que começa em Portugal acaba em Portugal. Os lisboetas entraram já quebrando tudo com o seu Raw Metal punk após o Blasphemy, sem dó nem piedade, com todos os punks e metaleiros juntos numa só missão de bater cabeça o mais rápido com muita violência e euforia.
E assim foram os concertos do último dia de loucura e festa after no bar, mas pelo menos com a sensação de dever cumprido. Todas os rostinhos inesquecíveis, todas as memórias e momentos levaremos conosco pelo ano, pelo menos até o próximo ano, onde vamos renovar as nossas memórias.
Agradeço demais a equipe do SWR Barroselas que esteve sempre ao dispor, a Equipe do Cultura em Peso e agradeço mais ainda a Marta da produção que ajudou imenso com tudo que era necessário para um trabalho bem-feito ali dentro. Nada disso seria possível, o sonho não seria possível sem a ajuda de cada um ali. A organização estava ótima, o ambiente estava ótimo, a estética do festival estava bem melhor que do ano passado, tudo com muita atenção e dedicação, tal como deve ser.
Até 2025!!!