Dois trios numa noite em que não houve fullhouse, mas andou lá perto! A promessa de chuva e vento trazidos por mais uma depressão com nome de gente, não afastou aqueles que compareceram ao Tokyo, agora em nova localização, para uma noite nada depressiva. A aposta da Infected Records nos The Messthetics mostrou-se acertada e refrescante face aquilo que normalmente nos é oferecido no circuito do punk e do hardcore.
Pouco depois da abertura de portas já os The Rite of Trio subiam a palco, e foi com alguma estranheza que o publico os recebeu pois a sua indumentária a isso levava. Mas, como se costuma dizer “primeiro estranha-se, depois entranha-se” e ao fim de algum tempo já ninguém estava surpreendido com o que vinha deste trio. O Jazz Jambacore que nos apresentam (confessamos que até à data não sabíamos o que era), não é para todos e passa pela improvisação e experimentação musical e não só. Apesar da convencionalidade dos instrumentos utilizados pela banda, a sua utilização foi por vezes não convencional, como por exemplo a utilização do arco do contrabaixo ser utilizado nos pratos da bateria, ou mesmo uma corrente metálica também usada nos mesmos. Musicalmente a sua base é efetivamente o Jazz, mas é-nos difícil dizer ao certo quantos temas foram tocados, ou se na verdade assistimos a um único tema dividido em vários atos. À parte de toda a teatralidade e dramatismo os The Rite of Trio conseguiram a atenção de toda a gente que não ficou indiferente à sua atuação, e como já tinhamos dito “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Quanto aos The Messthetics não se pode dizer que dispensam apresentações, sendo uma banda relativamente recente são sobretudo conhecidos pelos fãs de Fugazi, não fosse a sua secção rítmica constituída por Brendan Canty (bateria) e Joe Lally (baixo) a mesma dos lendários Fugazi. Mas o trio ( que fica completo com Anthony Pirog na guitarra) tem uma identidade própria e isso ficou bem patente nesta noite ao longo dos 12 temas tocados. O jazz punk jam dos The Messthetics é inteiramente instrumental, e acaba por ser Brendan Canty por detrás do seu kit que faz o papel de frontman da banda nas diversas intervenções, o palco baixo e sem divisões do Tokyo leva a esta relação intimista entre banda e publico. “Quantum Path” do álbum de estreia da banda, The Messthetics foi o tema de abertura e serviu para mostrar ao que vinham. Ainda do mesmo disco iriamos ouvir “The Inner Ocean” e mais para o final “Serpent Tongue”.
“Better Wings” de Anthropocosmic Nest de 2019 leva-nos por uma viagem etérea através do dedilhar frenético de Anthony Pirog, ao mesmo tempo que nos deixa também margem para algum (discreto) headbanging! “Drop Foot”, “La Lontra” e ainda “Touch Earth Touch Sky” representariam também Anthropocosmic Nest, o ultimo álbum da banda.
Setlist
Quantum Path
That Thang
Better Wings
3 Sisters
Drop Foot
La Lontra
Inner Ocean
Instanktive
L´orso
Touch Earth Touch Sky
Serpent Tongue
Crowds & Power
Foi indiscutivelmente uma hora e pouco de deleite para os ouvidos, “The Messthetics” provaram que o Jazz pode ser entrosado com outro género mais alternativo e pesado, neste caso o punk, dando origem a algo fácil de ser apreciado! Esperamos vê-los e ouvi-los por terras lusas mais vezes.