The Troops of Doom é uma das bandas mais esperadas por esse humilde colunista, durante os últimos 30 e poucos anos da minha existência e já vou explicando logo de cara; se teve muita viúva do Max no Sepultura, o Jairo levou consigo alguns afetos de sua obra, aquele Sepultura do Bestial Devastation e Morbid Visions, foram marcos do Death Metal Mundial, um movimento que nasceu e cresceu em uma época sem recursos e com muita vontade; conheci os caras na época, fizemos várias pontes entre São Paulo, ABC Paulista e Belo Horizonte. Quando Jairo saiu e entrou o grande Andreas Kisser o som do Sepultura mudou, evoluiu o que tinha que evoluir e tornou-se por muito tempo a maior banda do planeta. Os mais saudosos sentiam muita falta “daquele Sepultura” e hoje, Alex Kafer (vocal e baixo), Jairo “Tormentor” Guedz (guitarra), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria) nos brindam com esse delicioso EP “The Rise of Heresy” no qual sinto- me honrado em desenhar essas letras.

O EP foi gravado individualmente, devido a Pandemia cada um na sua residência (vide entrevista logo abaixo) e está disponível em todas as plataformas de streaming. O trabalho, masterizado por Øystein G. Brun (Borknagar) no Crosound Studio (NOR), foi lançado digitalmente pela Blood Blast, subsidiária digital da gravadora alemã Nuclear Blast. O material também será lançado em CD, CD-digipack, vinil e K7 em diferentes partes do mundo. “No Brasil, o EP será lançado em formato físico pela Voice Music, mas também teremos a versão em vinil pela Anomalia Distro. Além da boa receptividade da mídia, com resenhas fantásticas, estamos muito contentes com o sucesso da pré-venda do EP”, comemora Jairo “Tormentor” Guedz. “O interessante é que cada lançamento do EP virá com um diferencial específico para cada país, como pôster autografado, patch ou arte em alto relevo. O material já tem lançamento confirmado no Brasil (Voice Music em CD, Anomalia Distro em vinil e The Black House Records em K7), México (Metalized Records em CD-digipack) e Portugal (Hellven Records em CD e vinil), que fará a distribuição na Europa”, acrescenta Marcelo Vasco.

A jornada inicia com Whispering Dead Words, uma introdução digna do final dos anos 80 e a expectativa pelo que virá já mexe todas lembranças daquela época e não decepcionam, uma pancadaria sem precedentes, o mais impressionante é o peso aliado a uma sonoridade vintage, suja, com muito do vigor que era lançado na época, impressionante como foi detalhado o processo dessa gravação em busca da sonoridade da época; seguimos com Between the Devil and the Deep Blue Sea, isso ao vivo não vai dar muito certo não mano, o pau vai comer solto, que patada, Alexandre Oliveira senta braço sem dó do couro, aliás, todas as músicas são um convite aberto ao “Pogo” assim como a faixa que segue ; The Confessional, que tem uma puta levada Death oitentista, destaque pro trampo das guitarras que está demais nesse som, The Rise of Heresy é um caminhão sem freio com refrão que fica na cabeça e te faz sair cantando após a audição, Alex Kafer dá uma aula de como fazer um refrão grudar que nem chiclete no cérebro, demais. As duas próximas são músicas já conhecidas da época de ouro do Sepultura, Bestial Devastation e Troops o Doom, fazendo a parte nostálgica do EP, com aquela gravação que a gente adoraria ver na época, para o fã, um deleite, poder ouvir essas duas preciosidades. Um disco que já entrou para história e não tenho o mínimo pudor em dar a nota máxima (nota do editor – 10).

A cereja do bolo aqui segue para vocês, que assim como eu, curtem essa maravilhosa banda. Conversei com o Alex Kafer sobre a banda e segue na íntegra para vocês do Cultura em Peso.

1 – Fala Alex beleza? Primeiramente agradeço em nome do Cultura em peso a oportunidade dessa conversa e já começo perguntando como aconteceu essa parada do Troops of Doom?

Em novembro de 2019 o The Mist veio tocar aqui no Rio e minha outra banda, o Enterro, foi convidada para abrir o show. Conheço o Jairo há mais de 30 anos, porém, nunca tivemos a oportunidade de estarmos no mesmo palco. Convidei o Jairo para tocar Bestial Devastation conosco e a repercussão desta jam foi ótima, com várias pessoas comentando que o Jairo deveria montar algo e voltar a tocar o estilo da época que ele tocava no Sepultura. Em março de 2020 em uma conversa telefônica entre eu e ele, falando sobre a repercussão da apresentação dele junto com o Enterro, decidimos juntamente que era a hora certa de montar o The Troops of Doom e resgatar o som daquela época.

 

2 – Fale um pouco sobre Alex Kafer, que bandas tocou, como chegou aqui

Comecei a tocar aos 14 anos de idade. Sempre tocando em bandas de metal. Entre as bandas que toquei e gravei posso citar: Necromancer, Explicit Hate, Mysteriis, Songe D’Enfer, Enterro. Dentre essas bandas que citei já fui baterista, guitarrista, baixista, vocalista e hoje em dia me estabilizei sendo vocalista e baixista no The Troops of Doom. Além disso, sou músico profissional no Rio de Janeiro e leciono diversos instrumentos.

3 – O Jairo sempre esteve na vanguarda do Death Metal Nacional, mas esse projeto, na minha opinião, até que demorou pra sair, digo isso porque vivenciei muito de perto o Sepultura na época em que o Jairo tocou e ficou um “vazio” daqueles tempos no coração dos mais idosos como nós, o que motivou após tanto tempo esse retorno?

Para responder a sua pergunta, eu volto a resposta da primeira questão. A partir da jam que o Jairo fez comigo no Enterro tocando Bestial Devastation do Sepultura e da ótima repercussão que esta apresentação teve, eu e o Jairo tivemos a ideia de formar a banda.

4 – The Rise of Heresy é um disco impressionante, o som nos remete de volta aos anos 80/90, mas com uma gravação que a gente gostaria muito de ouvir naquela época, digo isso pelo som extraído muito “vintage” mas com uma sonoridade impecável, fale sobre a gravação.

Desde o início da banda a nossa ideia foi transportar o nosso público para os anos 80, que eles tivessem o mesmo sentimento que as pessoas tinham quando escutavam um álbum gravado naquela época. Falo tanto no sentido de composição das músicas, como na gravação também. Logicamente que nos preocupamos com a qualidade sonora do EP, porém precisamos manter uma crueza característica das gravações dos anos 80. O álbum foi gravado durante os meses de abril, maio e junho de 2020, com cada membro da banda gravando suas partes em suas casas e usando programas disponíveis hoje em dia, o que facilitou muito todo o processo de gravação, já que ele foi feito todo durante a pandemia. Assim que tivemos o álbum finalizado, ele foi masterizado na Noruega no Crosound Studio, pelo nosso grande amigo Øystein Brun que além de proprietário do estúdio também é guitarrista do Borknagar.

5 – A banda já nasceu grande; digo isso pelo cast de primeira, pela estratégia que aos poucos ganhou corpo e agora conta com um Merch de muita qualidade, até porque o guitarrista Marcelo Vasco é muito experiente no processo visual, já trabalhou com bandas como Slayer, Kreator e por aí vai, como foi esse planejamento?

Acreditamos que para uma banda o principal é estar no palco e fazer shows, porém, devido à pandemia, ficamos impossibilitados de apresentar o nosso EP ao vivo. Com isso, colocamos o foco na parte de merchandising da banda, pois assim, conseguimos divulgar o nome da banda e também o EP, sem precisar tocar ao vivo. Em relação ao Marcelo Vasco, é ótimo termos ele na banda! Pois além de ser um espetacular artista gráfico é um exímio guitarrista.

6 – A banda nem saiu e a porra da Pandemia chegou, como foi estruturado esse processo, visto que os integrantes da banda moram em estados distintos?

Desde o começo da banda nós não teríamos como prever quanto tempo esta pandemia duraria. Então, procuramos focar no que estava ao nosso alcance, ou seja, compor, divulgar o EP e trabalhar o merchandising da banda. Com cada membro da banda morando em estados diferentes, sendo que Jairo e Alexandre Oliveira moram em BH, fizemos tudo tanto em composição, como a gravação na base de troca de arquivos pela internet!

7 – O Rio de Janeiro sempre foi um celeiro de bandas boas, Explicit Hate, Dorsal Atlântica, Metralion, Azul Limão, Lacerated and Carbonized e por aí vai, como anda a cena no Rio?

A cena do Rio continua bem viva, com ótimas bandas, porém com poucos lugares para tocar. Essa falta de bons espaços para shows dificulta que bandas novas mostrem seus trabalhos. Na verdade, nunca foi muito diferente do que é hoje em dia, porém, a força de vontade e a união entre as bandas, faz com que a cena sobreviva!

8 – Tem uma Tour na Europa marcada para esse ano, vai rolar? Como está a expectativa para essa Tour? Podemos esperar que o projeto se torne banda e nos brinde com mais discos e Tours? E a expectativa de tocar pelo Brasil? Estão nos planos da banda?

O The Troops of Doom nunca foi um projeto. Ele já começou como uma banda de verdade. Vamos dar sequência aos trabalhos como qualquer outra banda, lançando mais álbuns e procurar tocar o máximo possível assim que acabar a pandemia. Temos esta tour em novembro com 25 datas, porém, tudo ainda está incerto devido à pandemia. De qualquer forma, os shows estão marcados e se tudo normalizar até lá, a tour acontecerá. Em relação ao Brasil, já tivemos convites para vários shows, porém, só poderemos confirmar tais datas quando a situação estiver estabilizada.

9 – Você acha que a banda pode alcançar o patamar que o Sepultura alcançou na época? Estão preparados para grandes Tours ?

Mesmo o The Troops of Doom estar ligado ao Sepultura diretamente pelo fato do Jairo ter feito parte da formação original, acredito que o tipo de som que fazemos é mais extremo do que o Sepultura quando atingiu o mainstream. Porém, não posso negar, que vamos tentar atingir o maior número de pessoas possíveis e também, esperamos fazer tours cada vez maiores.

10 – Além do Troops of Doom você toca outros projetos, fala prá gente das suas outras bandas.

Atualmente, além do The Troops of Doom, eu toco no Enterro, que por sinal, estamos gravando um novo álbum neste momento e também toco no Explicit Hate.

11 – Quero agradecer a atenção e humildade que sempre teve e deixe um recado para os leitores do Cultura em Peso e para os fãs da banda.

Eu é quem agradeço o espaço e acredito que a imprensa alternativa é o alicerce principal para que a cena brasileira esteja sempre viva e forte! Foi um prazer! Sigam o The Troops of Doom nas redes sociais e em breve teremos muitas novidades!

Não conhece os  The Troops of Doom ainda? Seguem alguns links e divirta-se. Tão logo acabe essa Pandemia louca a gente com certeza vai se trombar em algum show deles.
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