Como vocês vêem o sinal o cenário Glam Metal & Hard Rock nos dias atuais? Já que não vemos tantas bandas em ascensão como em outros estilos.
Rick Madison: E aí! Desde a década passada que assistimos a um movimento revivalista a este tipo de música, com novas bandas a surgir nos Estados Unidos, Brasil, Chile, Reino Unido e países da Escandinávia. Aquilo a que chamam de New Wave of Hair Metal. É brutal ver novas bandas a aparecer e a fazer este tipo de música, a seguirem o legado das históricas bandas que nos 80s reinaram com toda a extravagância, depravação e riqueza musical.
Infelizmente, do que noto, são pequenas comunidades que vão surgindo nos países que enumerei e que muitas vezes não passam do circuito underground, porque, infelizmente, este não é um tipo de música mainstream, serve sobretudo um nicho concreto de ouvintes. Em Portugal, então…está esquecido. Acreditas que os Tones of Rock são uma das únicas 2 bandas de Glam Metal/Hard Rock que estão no ativo?
Francis Venus: Discordo completamente do Rick! O glam é um cenário de pós-apocalipse. Não há bandas, não há fãs, e as bandas antigas que havia os músicos começam a morrer. O que torna todo o nosso percurso solitário mas também heróico. Não andamos a reboque de nenhum artista, nenhuma moda ou nenhuma influência.
Dylan Krash: É um fato que o Rock em geral já não tem a mesma atratividade que noutros tempos, mas na verdade eu não penso muito nisso. Gostamos do que fazemos e isso é a única coisa realmente importante.
Vocês conquistaram um bom público em pouco tempo no cenário português, como foi isto para vocês?
Danny Shred: A nossa sensação é que não conquistámos público nenhum 😆 e a verdade é que as expectativas também não são óptimas – tocamos um estilo que, sejamos sinceros, não tem assim tanta saída nos dias que correm… Pessoalmente é algo que não me preocupa, fazemos música porque gostamos, o resto é secundário.
Francis Venus: quem conquistou um bom público foi o baixista… já que ele trocou de namorada algumas vezes ao longo do percurso da banda. Consegue assim arranjar mais fãs que o resto do pessoal (que não trocam de namorada / mulher).
Dylan Krash: Foi muito bom! Conquistámos mais 4 ou 5 pessoas, que no cenário atual representa uma subida de popularidade incrível!
Recentemente vocês lançaram o álbum “Banzaw Mansion”, quais são as expectativas em torno deste lançamento?
Rick Madison: Ao início as expetativas eram uma tour pela europa, mulheres de todas as nacionalidades à nossa volta, shows a rebentar de pessoas e um regresso a casa sem DSTs. Estávamos em 2019, na altura.
Francis Venus: Expectativas? Trabalhar nos próximos projectos. Não gosto muito de olhar para trás! Hoje em dia é preciso investir muito e ter muitos recursos para chegar a algum lado, e nós estamos mais preocupados em divertirmo-nos.
Dylan Krash: Zero expectativas. Está cá fora, quem quiser ouvir, ouve, quem gostar, gosta. Já estamos a trabalhar noutros temas para apresentar, novamente com zero expectativas.
O álbum que foi produzido e gravado durante a pandemia trouxe alguma dificuldade neste processo? Já que com isolamento social, confinamentos se fazia dificil as aglomerações ….
Danny Shred: Na verdade a maioria do álbum já estava gravado na altura em que entrámos em confinamento. O que não significa que não tenha sido complicado na mesma – fizémos tudo “in-house” e todo o processo de produzir as nossas próprias músicas consegue levar-nos ao limiar da loucura, principalmente numa altura em que não podíamos sair de casa para esclarecer as ideias!
Francis Venus: acho que a pandemia teve um impacto muito pior ao nível dos concertos do que da gravação. Muitos artistas aproveitaram a pandemia para compor novos temas, álbuns, etc… O próprio isolamento acaba por inspirar.
Jogo rápido:
4 bandas nacionais:
Danny Shred: Rui Veloso
Francis Venus: Toxikull
Dylan Krash: Despe & Siga
Rick Madison: António Variações
4 bandas internacionais:
Francis Venus: Dimmu Borgir
Rick Madison: Gene Loves Jezebel
Dylan Krash: AC/DC e MAMONAS ASSASSINAS!!!!
Danny Shred: Queen
1 cd :
Danny ShredS: Guns n’ Roses – “Appetite for Destruction”
Dylan Krash: The Offspring – “Americana”
1 livro :
Francis Venus: Lord of the rings
Dylan Krash: Rock n Roll for Dummies
Portugal:
Danny Shred: CR7 e Bacalhau
Dylan Krash: Tintol
Glam Metal:
Rick Madison: Deboche
Francis Venus: Collants do roupeiro da mãe
Dylan Krash: Extensões do Rick
Família:
Danny Shred: Vida – para todos os restantes membros da banda à excepção do Rick
Dylan Krash: Há a de sangue e a que escolhemos. Ambas altamente importantes.
Política:
Rick Madison: Guerra incessante entre gananciosos em busca do poder para benefício pessoal.
Francis Venus: Harmonia cessante entre medrosos em busca de subsistência para benefício comunitário.
Dylan Krash: Lixo, descrédito total.
Qual a grande essência do Metal?
Danny Shred: É não fazer disso uma moda, achar que vestir uma camisola preta dos Black Sabbath é suficiente. É apoiar as bandas locais da mesma forma que se apoiam as bandas internacionais. É pertencer a uma comunidade que faz com que este estilo musical nunca morra 🖤
Francis Venus: Num metal, cada átomo exerce apenas uma fraca atração nos electrões externos, da camada de valência, que podem então fluir livremente, proporcionando a formação de iões positivos e o estabelecimento de ligações iónicas com não-metais.
Dylan Krash: Djun Djun Djun Djun Djun Djun Djun
O clipe de “Milfshake”, muito bem produzido diga-se de passagem, traz uma imagem bastante oitentista do glam metal, mas renovada aos dias atuais, como foi a construção de roteiro e ambiente para esta gravação? Quem produziu e como foi todo o processo?
Rick Madison: Como várias músicas que podem encontrar tanto no álbum “Banzaw Mansion” como no álbum “Glamourized”, A “Milfshake” é uma música baseada em casos verídicos. Tentámos, com o videoclip, reproduzir um episódio caricato que eu vivi, há vários anos atrás, depois de um concerto. Para conseguirmos publicar este videoclip, tivemos de cortar nas partes obscenas que tínhamos preparadas, caso contrário, na melhor das hipóteses, este videoclip só estaria disponível no PornTube.
Francis Venus: Temos a sorte de ter recursos próprios dentro da banda! Não chegou a haver roteiro em papel, pensámos só nas ideias que queríamos implementar, arranjámos o cenário e foi meter a gravar.
Quais são os planos para o próximo ano ?
Rick Madison: Estamos a começar a trabalhar em música nova, enquanto o regresso aos palcos continua a ser uma miragem. Por isso, espero que 2022 nos compense por aquilo que 2020 não nos trouxe: uma tour pela europa, shows carregados de pessoas, festa e mulheres. Qualidade.
Francis Venus: Queremos apostar em menos músicas e mais comunicação. Temos também um projecto cinematográfico onde estaremos envolvidos e que tem muito potencial!
Dylan Krash: Voltar aos concertos. Músicas novas, espectáculos diferentes para preparar.
Qual a temática empregada nas letras do disco ?
Danny Shred: Todas as temáticas imagináveis. Temos músicas que são compostas sem letra e que depois vamos atrás da sonoridade (“The River”, “Maynard Boys”, “You’re Going Too Fast”…). Temos algumas músicas que orientamos para temáticas específicas porque achamos que vão dar uma boa história (“Cleopatra’s Slave”, “Glam Robot”, …). Temos letras que são a loucura completa e que não fazem sentido, nem é suposto fazerem (“Holy Madness”, “Volcano”). E, como todas as bandas, temos letras baseadas em histórias verídicas (“Milfshake”, “On My Way”…). E, sejamos sinceros, estas últimas também estão muito perto de ser a loucura completa.
Dylan Krash: Há um tema? Nunca prestei atenção…
Mensagem final
Rick Madison: Fala galera! Obrigado a todo o mundo que segue o Tones of Rock desde o Brasil! Para quem não conhece, pega a visão! Valeu, gente!
Danny Shred: Dada a escassez de concertos nesta altura de pandemia, decidimos estender os nossos serviços a baptizados, funerais e baby showers, não hesitem em contactar-nos! Obrigado pela oportunidade de entrevista malta! Stay strong 🤘🏻
Francis Venus: Pimbolim é matraquilho. Abraço!
Dylan Krash: Pau que nasce torto mija fora da bacia. Força!