Um show carregado de história, energia e conexão com o público gaúcho

Na quinta-feira, 10 de abril, os fãs do rock clássico e do progressivo foram presenteados com uma apresentação memorável da icônica banda britânica Uriah Heep. O palco do Bar Opinião, tradicional casa de shows de Porto Alegre, recebeu a segunda apresentação da turnê brasileira da banda, a primeira aconteceu em Curitiba e o resultado foi uma verdadeira celebração intergeracional da música.

Logo às 22h, as luzes se apagaram e a noite começou com uma intro instrumental épica, carregada de sintetizadores e atmosferas que remetem às raízes mais progressivas do grupo. O público, que já lotava cada canto da casa, respondeu com aplausos e gritos, em uma antecipação quase ritualística. Poucos segundos depois, os primeiros acordes de “Grazed by Heaven” tomaram conta do ambiente, dando início a uma jornada sonora que atravessou mais de 50 anos de carreira.

Apesar de ser uma quinta-feira, o Bar Opinião estava cheio, uma prova viva da força e fidelidade da comunidade de fãs da banda. E o que se viu ao longo de quase duas horas de show foi mais do que um concerto, foi uma conexão emocional, um encontro entre lendas do rock e um público que conhece cada verso, cada solo, cada nuance da sonoridade do Uriah Heep.

A voz de Bernie Shaw e a energia contagiante do público

Ao longo da apresentação, ficou claro o carisma e a entrega do vocalista Bernie Shaw, que não apenas impressionou com sua voz poderosa e precisa, mas também demonstrou um carinho sincero pelo público gaúcho. Shaw conversou bastante entre as músicas, contando histórias, brincando e agradecendo pela recepção calorosa. Essa interação constante ajudou a criar um clima intimista, apesar da grandiosidade do show.

Um dos momentos mais especiais da noite aconteceu durante uma canção com arranjo mais suave, em que uma guitarra acústica entrou em cena, trazendo uma atmosfera mais introspectiva e emocionante, um contraste belíssimo com os momentos mais explosivos do set.

A seleção de músicas foi pensada com cuidado para agradar tanto os fãs mais antigos quanto os novos admiradores. A primeira parte do show destacou faixas mais recentes, como “Save Me Tonight”, “Overload” e “Hurricane”, que mostraram que a banda continua relevante e criativa mesmo após cinco décadas de estrada.

 

 

A partir da metade do espetáculo, o clima mudou sutilmente: entraram em cena os clássicos absolutos e o som assumiu um tom mais progressivo, psicodélico e técnico. “Shadows of Grief”, “The Magician’s Birthday”, “Gypsy” e “July Morning” foram pontos altos, com solos estendidos, atmosferas densas e uma performance instrumental impecável.

 

 

Os músicos, incluindo Mick Box, único membro da formação original ainda na ativa, mostraram uma sinergia impressionante no palco. A energia, a paixão e a técnica que demonstraram seriam invejáveis para qualquer banda de garotos.

Após um curto intervalo, a banda voltou para o bis com duas músicas que selaram a noite de forma apoteótica: “Sunrise” e “Easy Livin’”. As duas canções foram cantadas em uníssono pelo público, em um momento de pura catarse coletiva que simbolizou tudo o que aquele show representou: história, paixão e entrega.

Ao final, aplausos demorados e olhares emocionados mostravam que o Uriah Heep entregou muito mais do que se esperava. Em tempos de shows cada vez mais efêmeros e comerciais, foi refrescante testemunhar uma performance sincera, feita por músicos que claramente ainda amam o que fazem.

Texto: Alessandro Siciliano

Fotos: Giovanni Maglia

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