1) A banda rotulada de thrashcore, mantém esta chama viva. Mas afinal que estilo é este e de onde ele surgiu? China: “Isso mesmo, a banda é thrashcore. mas no começo do grupo éramos hardcore. com o tempo as músicas foram tendo mais características do metal.”

Sales: Rotulam de trashcore porque é o que mais se aproxima de referência musical para a nossa sonoridade. O que ouvimos com mais prazer é o que nos influencia mais na hora de compor e como não sabemos fazer outra coisa o resultado é essa proximidade com o trash e o hard core.
Bin Ladi: O estilo surgiu com bandas como, D.R.I, S.O.D, Heresy, Gang Green na década de 80. É uma fusão do hardcore com o Trash metal. Aqui no Brasil por exemplo temos o Ratos de Porão a ser a primeira banda nacional a fazer esse tipo de fusão.
2) Inovando, vocês colocaram dois vocalistas a frente da banda, uma proposta que deu certo. Mas a banda chegou a receber alguma critica no ato desta proposta?

China:”Pelo contrário, esse sempre foi nosso diferencial que todos aceitaram muito bem.”

Sales:”Até hoje nunca nos criticaram por termos dois vocalistas. Pelo contrário, a química de dois vocais com influências diferentes ajudou a criar os arranjos com mais naturalidade. Cada um dá sua contribuição até aonde suas limitações sustentam.”

3) Na ativa desde de 1996, a banda sofreu sérias mudanças , dentre as quais posso destacar a temática (que era mais juvenil) e a formação , como você pode nos relatar isso?

China:”A proposta inicial eram temas de sacanagem tipo o cara que queria comer a empregada e etc. Não acho que isso é ser juvenil por que o axé e o forró só fala sacanagem e ninguém diz que é infantil. sobre a formação passaram até hoje 4 baixistas, 3 bateristas e 4 guitarristas.”

Sales:”Se, com o passar dos anos, não evoluíssemos ao menos na temática do que vivemos, teríamos que procurar algum psicanalista ou coisa desse tipo para nos ajustarmos a nossa natureza. Pode-se dizer que no início cagávamos e andávamos para o que dizíamos, mas com o tempo vimos que podíamos fazer melhor. Hoje somos muito mais críticos com o que fazemos do que antes porque quando fazemos algo, antes de mais nada temos que agradar a nós mesmos e se uma letra não soa bem, não há razão para existir.

4) 8 anos , foi este o tempo para se alcançar o primeiro álbum, o que a banda obteve durante todo este tempo, e o que foi usado disso na gravação?

China:”Até o lançamento o que posso afirmar é que nós adquirimos muita experiência tanto de palco como de estúdio.”

Sales:”Lançamos uma demo tape em 96, em 98 lançamos um CD EP, em 2004 um CD e em 2008 o último. Nesse tempo também participamos de algumas coletâneas. O que mais influenciou nos intervalos esticados foi puramente a falta de grana para que pudéssemos ser mais “produtivos”. É muito fácil ter uma banda bancada pelo papai que é diretor de gravadora ou dono de casas de shows. Não é o nosso caso. Temos nossas vidas particulares e não dependemos da banda para sobreviver, de forma que não temos obrigações contratuais nem previsões fixas nos nossos trabalhos. Fazemos como fazemos porque é o que podemos fazer.”

5) Sem demogagia, sempre se fala em lista de shows que a banda já fez com grandes nomes( Dead Kennedys e Força Macabra), mas como também é ser um grande nome? Afinal os “Uzomi” já tem nome cravado no cenário nacional ?

China:”No Rio de Janeiro a banda já fez tudo que deveria mas como somos independentes e pobres, não conseguimos viajar muito durante esses anos. a banda fez sua primeira tour pelo BR no meio de 2008 mas ainda temos que tocar em outros lugares e voltar a esses que tocamos para firmar nosso nome na cena.”

Sales:”Não temos muita noção de como é o cenário nacional. Temos o nosso cenário pessoal que é o resultado das nossas atitudes. Temos total ciência de que existe um abismo abissal entre o cenário udi grudi e o mundo mainstream. Vivemos num mundo à parte que para o grande mercado não se passa de nada. Agora, se formos analisar que o nosso cenário se resume à rua Ceará e agregados podemos afirmar que já temos nossa marca imunda manchando os carpetes desses lugares.

6) Qual a principal diferença que vocês viram entre as tours “Sul” e “nordeste” do Brasil?

Bin Ladi: Diferença mesmo está só nos sotaques, tocamos em lugares bons e ruins, para um público maluco em ambos os lugares.

7)Em 14 de dezembro de 2008, foi realizada a festa de 13 anos da banda, o que se passa na cabeça em cima do palco num momento como este? O que te da mais orgulho de tudo isso? O que mais decepcionou?

China:”Ver a galera no show e cantando as músicas é o que nos orgulha. a decepção vem quando vemos que a cena está morrendo.”

Sales:”Meus parcos neurônios não me deixam lembrar dessa festa, mas garanto que parece que tudo começou na semana passada. E foi uma semana cheia de lá pra cá. O que mais me orgulha é que estamos deixando nossa marca na vida e podemos mostrar pros nossos netos que “velhinho cansado” é o caralho; e o que mais me decepciona é lembrar que fiz vasectomia e não posso ter netos.

8) Há uma história sobre o surgimento do nome da banda? Pode nos contar? É verdade que já não se encontra mais entre nós o autor do nome?

China:”Nome é complicado de se escolher e nosso criador tocou pouco tempo na banda mas o suficiente para criar o nome . valeu leozinho.”

Sales:”Que eu lembre, não há uma “história” sobre o nome da banda. O autor do nome ainda está vivo e mais poser do que nunca. Não sabemos aonde. Chama-se Rafael, foi o primeiro guitarrista da banda (durou dois ensaios) e a forma como é escrito é que foi desenvolvida pelo Vítor (baterista), Sales (vocal) e o Leozinho (guitarrista).

9) Responda rápido:
China:
4 bandas nacionais: krisiun,RxDxPx,Enterro,Matanza
4 bandas internacionais: Slayer,AC DC ,Motorhead, mayhen
1 livro: manual do blefador
1cd: Decade of agression
O que mais odeia : Gente fresca e ser incomodado.
Nos tempos livres: O diabo trabalha na sua oficina. Surf
Uma frase: Pelo ronco da cuica, esse cu já levou pica.

Bin Ladi:
4 bandas nacionais: Rot, Facada, RxDxP, Nucleador
4 bandas internacionais: Slayer, Cannibal Corpse, Napalm Death, Uncurbed
1 livro: Mentes Criminosas e Crimes Assustadores
1cd: Bloodthisrst
O que mais odeia : Mau Humor
Nos tempos livres: Futebol, Cerveja e Churrasco
Uma frase: “Tenho feito tudo para ser aceito em seu mundo, e agora vocês querem me matar! Eu apenas digo a mim mesmo: ora, já estou morto, sempre estive em toda a minha vida… não ligo a mínima para o que possam fazer comigo!” Charles Manson

10) A banda não segue um padrão de influências como todas várias bandas tendem quando estão em um determinado estilo, é proposital por parte da banda? Quais as influências literárias?

Sales:”As letras existem independentes da música e quando vamos “fazer a química” muita coisa casa e muita coisa vai pro ralo do esquecimento. A influência principal é o nosso subconsciente que manda e desmanda sem dó nem piedade na gente. Literariamente tudo o que nos salta aos olhos influencia na construção das nossas idéias. Influências que vão de Augusto dos Anjos a mensagens escritas em banheiros de pés sujos. Absorver todas essas informações é natural e disso ninguém está a salvo, agora a forma de escrever é que ganha contornos propositais no que se refere à estrutura e objetividade. O que se escreve é para ser entendido, mas não muito. Há muito o que dizer, mas sejamos breves.”

11)Nos diferentes lugares que a banda passa pode-se notar uma melhora da estrutura? A mentalidade banda – público – organização melhorou?
Sales:”Nos diferentes lugares que a banda já passou nota-se que faliram, fecharam ou foram derrubados. Brincadeiras à parte, nunca vimos um investimento de peso na área underground daqui do Rio, que é aonde podemos opinar. Há um lugar ou outro aonde rola um festival aqui ou ali, mas não podemos afirmar que há um roteiro fixo e sustentável aonde possamos nos inserir. O que existe são galeras que se organizam e promovem eventos nos mais variados lugares e nem sempre conseguem lucro nas bilheterias tendo que tirar do bolso para bancar s gastos extras, mas não desistem e continuam na luta com as forças que tem. Não é viável viver do que fazemos.”

12) China, já tive a oportunidade de entrevista-lo com o Matanza aqui em Uberlândia (Festival Udi Rock Scene). Baixista em uma banda, guitarrista na outra, qual a principal diferença que você sente entre os dois instrumentos? Como fica a correria das duas bandas? E quando há choque de datas?

China:” Véio, a diferença é que um tem corda grossa e o outro corda fina, um ronca e o outro grita. a correria é grande e hoje quando as datas se coincidem,toco com o Matanza porque está pagando as minhas contas.”

13) Qual a maior diferença que você sente entre Matanza e Uzomi nos shows, estruturas oferecidos para as duas bandas?

China:” Sem dúvida a estrutura é o diferencial.”

14) Sobre o novo cd … É notória a qualidade superior deste álbum em relação ao anterior, como tem sido a criticada mídia / publico sobre este trabalho?

Sales:”Temos ouvido ótimas críticas com relação ao último trabalho por parte do público. Também gostamos muito dele e já estamos preparando o próximo que será mais sanguinolento ainda.”
Bin Ladi: Sem dúvida esse lançamento está nos levando a novos horizontes, a distribuição desse álbum é definitivamente melhor dos que os outros álbuns. Temos recebidos vários de emails de pessoas de outros continentes elogiando o CD.

15) A temática abrange mais sobre sangue, morte …. por que razão trabalhar mais estes termos ?

Sales:”É o que impermeia nossa mente. Não conseguimos fazer de outro jeito. Somos como doentes que não se cuidam e o câncer vai mostrando sua face diferente dia após dia. Não conseguiremos nos expressar a respeito de um cara que perdeu a sua gata e se sente inferiorizado nos corredores do colégio. Esse não é nosso universo, não é nossa realidade e não fazemos idéia do que se passa na cabeça de gente assim. Nossa doença é outra bem pior. Tipo:” não vem tirar onda com seu bandeide frente à minha fratura exposta.”

16) O que é mais complicado no trabalho do álbum? Composição, gravação ou manter o trabalho na mídia ? E quais as melhores formas de se resolver isso?

China:”Compor para nós nunca foi problema ,gravar só depende de dinheiro a merda é levar o trabalho para a mídia e fazê-la aceitá-lo.”

Sales:”Deve ser manter o trabalho na mídia, pois há quatorze anos que nunca conseguimos fazer isso. Compor é a parte mais interessante do processo pois há músicas que parecem nunca ficar prontas e sempre que alteramos algo para melhor mais prazeroso é executar o que foi alterado. Gravar é a parte mais divertida da estória.”

17) O que você espera das pessoas que ouvirem e tiverem a oportunidade de ler suas letras ? Aonde você espera chegar?

Sales:”Já cheguei aonde queria que era deixá-las prontas até o dia da gravação. Não acrescentaria mais nada. Subtrairia muita coisa, mas no montante me agrada mais do que me causa repulsa. Quanto a quem ouvir o que fazemos, só me consola o fato de que suicidas não voltam para criticar.”

18) Sabemos que a pirataria esta por todas as partes e não há como fugir dela. As gravadoras sentem mais que as bandas pela fatia do bolo que ficam, mas e as bandas independentes como ficam nessa história? Também gostaria de saber não o fato de ser a favor ou contra, mas qual a melhor solução para isso, haja vista que muitos fãs não tem condição de pagar valores exorbitante em CDs, ou ate mesmo valores nem tão altos. O que se há de fazer?

China:”Não há o q fazer. por um lado a pirataria é uma forma de divulgação. nós deixamos de ganhar mas a galera não deixa de ouvir.”

Sales:”Piratear nosso trabalho é burrice porque ninguém vende mais barato que a gente. A verdade é que a pirataria existe porque nem todo mundo usa marreta como chapéu. Tem muito dono de gravadora se fodendo pra botar gasolina azul no seu Jaguar enquanto as vendas de CDs despencam frente à pirataria e à farta oferta digital na internet. A gente está pouco se lixando e quer mais é que esses merdas vão todos à falência. Muito já se falou a respeito da pirataria e o que vemos cada vez mais é gente se especializando em alguma forma, lícita ou não, pra ganhar seu dinheiro e quem for mais esperto que encontre a sua. Os chineses estão conquistando o mundo e não foi com produtos originais, e sim com formas originais de mercado. Não somos experts em mercado e indústria fonográfica pois o que sabemos fazer é trabalhar, encher a cara e fazer um som de vez em quando. Esse bode nessa sala não é nosso.”

19)Mudando de assunto, recentemente me Goiânia – Go cidade da qual tenho muito apreço, houve a marcha da maconha, um protesto em prol da legalização da mesma. Sabemos que é clara a falta de informação sobre quaisquer tipos de drogas e sim uma relativa pressão da mídia em por medo nos usuários (Algo que creio que nunca vai funcionar e sim deve-se ter uma educação sobre o assunto), mas em fim a banda é a favor ou contra a legalização? O que pensa sobre o tema?

China:”A legalização da maconha industrializará a mesma, acho que esse é o fator ruim da legalização.”

Sales:”Sou a favor da liberação de todos os tipos de drogas: maconha, cocaína, LSD, heroína, , bala, loló… Cada um faz da sua vida o que bem entende. Quem é melhor que um drogado? Pra quem e pra quê? No fim das contas, quando somos educados e arrumados descobrimos que não sabemos é de nada. Só sabemos obedecer. Se dizem que não estamos preparados para viver numa sociedade livre, muito menos preparados ainda estamos para vivermos numa uniformidade ideológica. Deixem os drogados se matarem sozinhos sem necessidade de envolver inocentes em guerras coreografadas. Quem souber educar que eduque, quem não souber está fodido.”

Deixe aqui os contatos da banda, as formas de adquirir os materiais da banda, e quais matérias a banda dispõem :

Bin Ladi: Site oficial: myspace.com/uzomicrossover, Site da Gravadora: www.humanosmortos.com Emails: [email protected] ou [email protected]
Obrigado por nos conceder esta entrevista, espero ter realizado boas perguntas (a entrevista foi realizada por e-mail) e peço que deixe aqui sua mensagem aos leitores do site e fãs da banda.

Bin Ladi: Obrigado a vc pelo espaço e apoio e dizer que, o Uzômi não existe.

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.
Artigo anteriorUrban Cannibals
Artigo seguinteCarne ou vegetal?
Cremo
Sejam bem-vindos ao meu mundo onde a música é pesada, a arte visual é uma paixão e a tecnologia é uma busca incessante pela excelência. Sou um aficionado por Death, Thrash, Grind, Hardcore e Punk Rock, trilhando os ritmos intensos enquanto mergulho no universo da fotografia. Mas minha jornada não para por aí; como programador e analista de segurança cibernética, navego pelas correntes digitais, sempre sedento por conhecimento e habilidades aprimoradas em um campo em constante mutação. Fora do reino virtual, vibro intensamente com as cores do Boca Juniors, e meu tempo livre é uma mistura de leitura voraz, exploração de novos lugares e uma pitada de humor. Seja nas areias da praia, nas trilhas das montanhas, acampando sob as estrelas ou viajando para terras desconhecidas, estou sempre pronto para a próxima aventura. E claro, não há nada que eu ame mais do que arrancar um sorriso do rosto das pessoas com minhas piadas e brincadeiras. Junte-se a mim nesta jornada onde a música, a tecnologia, o esporte e o entretenimento se entrelaçam em uma sinfonia de diversão e descobertas. E lembrem-se: Hail Odin e um firme 'foda-se' ao fascismo e ao nazismo!