Quando surgiu a idéia de criar um projeto desta grandeza e como ele foi se formando?
Acho que a segunda pergunta responde a primeira, pois a ideia inicial não era fazer um projeto desse tamanho, as coisas foram simplesmente acontecendo e ideias foram surgindo com o tempo até chegar neste ponto. Entre 2008 e 2009 eu estava sem nenhuma banda na ativa e me dei conta de que tinha muitas composições de grande valor emocional para mim e decidi que não deveria depender de uma banda e sim investir sozinho na gravação de um álbum apenas para poder ter um registro da minha obra pois, se eu morresse, tudo se perderia comigo. Eu simplesmente queria gravar tudo para poder virar essa página, mas a ideia acabou ficando de lado por outras prioridades na minha vida. Até que em 2013 eu resolvi voltar nisso com força total. Vi muitas bandas daqui gravando fora e isso me fez pensar que eu queria fazer o melhor trabalho possível e não deveria limitar minhas escolhas ao que estivesse disponível por perto e resolvi pensar em âmbito nacional, se eu pudesse escolher qualquer produtor do Brasil, quem ele seria? Por acaso, meu professor de técnica vocal na época, o Ariel Coelho, estava dando aulas em um estúdio do Edu Falaschi em São Paulo e comentou que o Edu buscava bandas para produzir. O nome dele fez muito sentido para mim, pois está ligado à banda Angra, que é o maior representante do meu estilo no Brasil, e o Edu, junto com seu irmão Tito, são dois excelentes produtores. Por outra coincidência, meu grande amigo e também atual guitarrista, Rafael Azevedo, ia fazer um show junto com o Edu em Itajaí, aí fui junto com ele e conversei com o Edu. Um mês depois eu fui para São Paulo e o Edu me convidou para ir na casa dele mostrar os esboços das minhas composições. Ele gostou do que ouviu e fechamos essa produção. Como a ideia era ser um álbum solo, sem uma banda fixa, pensei em chamar algumas participações especiais. Em 2015, eu resolvi comemorar meu aniversário chamando uns amigos para tocar minhas músicas e, com o tempo, a ideia de ter uma banda tocando esse repertório começou a ganhar força e a minha visão sobre minhas composições deixou de ser simplesmente a de ter um registro e depois esquecer, passou a ter um significado ainda maior para mim. Comecei a enxergar isso como o que realmente amo fazer e algo pelo qual devo lutar até o final.
Como foi a produção de Rise of a New Sun e Metal for Demons?
Foi um processo longo que foi interrompido várias vezes devido a imprevistos. Essas duas músicas devem fazer parte de um outro álbum que estamos gravando aqui em Floripa, no estúdio Beretta com a produção de Ivan Beretta, contendo músicas que não entraram no álbum que será produzido pelo Edu Falaschi. A participação do Detonator, vocalista do Massacration e personagem do Bruno Sutter, no single Metal for Demons foi muito divertida. Vocês podem ver como foi a gravação dele no nosso canal do YouTube.
Quando será produzido o CD por Edu Falaschi no exterior? Quais detalhes podem ser revelados?
Na verdade essa produção já começou, mas está indo em um ritmo lento pois até hoje foi difícil conciliar as agendas de todos os envolvidos, principalmente pela necessidade de eu sincronizar minhas férias com a agenda do Edu para poder me dedicar totalmente às gravações. A pré-produção que faríamos em 2014 foi adiada por imprevistos que o Edu teve, conseguimos finalmente fazê-la em 2015. O Edu havia me falado que seria um processo demorado, então tirei um mês de férias e fui para São Paulo. Desde a primeira vez que eu havia mostrado minhas músicas para o Edu até aquele momento, eu já havia evoluído muito minhas ideias, terminei músicas que estavam pela metade e estruturei todas as faixas dentro de um álbum conceitual de 80 minutos. No primeiro dia da pré-produção, mostrei a demo do álbum completo em sequência para ele, que me respondeu “já está tudo pronto, não temos nada para fazer na pré-produção”. Do mês de férias que eu tinha programado, acabei ficando apenas 3 dias em São Paulo gravando demos de vocal em músicas que eu ainda não havia feito isso. O próximo passo então seria a gravação de baterias que também foi um processo que teve muitos atrasos e teve algumas faixas gravadas em um estúdio em Los Angeles. Em 2018 estarei 100% focado na música e esse álbum será a prioridade total do projeto.
Grandes nomes participaram do projeto Xakol, quais foram, e como sucedeu estas parcerias?
A parceria com o Detonator aconteceu pois em 2005 eu havia composto uma música que eu gostaria que o Massacration tocasse, porém acabei não enviando a música para eles. Ao voltar com esse projeto, resolvi que também não poderia deixar essa ideia morrer. Então, quando o Bruno Sutter se apresentou em Floripa, fui conversar com ele e ele gostou da música e topou chamar o Detonator para gravar.
Já contei a história de como o Edu surgiu como produtor. Ele me indicou o Marcelo Moreira para gravar algumas músicas na bateria, antes de demiti-lo do Almah (risos). Como o Moreira tinha que se dedicar ao Circle II Circle ele mudou-se para Los Angeles, onde o Rafael Pensado, baterista da MindFlow, tinha um estúdio no qual o Moreira gravou. Por coincidência, o Pensado também era um nome que eu tinha na minha lista de participações que eu gostaria de ter no projeto, pois considero a banda MindFlow o maior nome do Prog Metal brasileiro e, portanto, o Rafael se encaixaria perfeitamente na música mais progressiva do álbum.
Além disso, já tive contato com alguns nomes internacionais que também se interessaram em participar do projeto. Mas esses nomes são coisas que só vou anunciar no dia em que eu tiver 100% de certeza, ou seja, quando eu estiver com suas partes gravadas na minha mão.
Como você avalia o ano de 2017 para você e o Xakol?
Por um lado existe um certo sentimento de frustração de não termos alcançado algumas metas, como a de já ter um álbum full length lançado. Mas considerando a minha história na música, considerando que comecei a tocar e compor em 1999 e até este ano não tinha nenhum material gravado profissionalmente, o fato de ter conseguido lançar 2 singles já foi motivo de comemoração. Além disso, eu não esperava estar na estrada tocando minhas músicas tão cedo e o fato de termos feito uma média de um show por mês, tocando em praticamente todas as regiões do estado, dentro do cenário da música autoral de um estilo pouco popular em Santa Catarina, eu considero que foi algo muito positivo.
Com uma agenda predominante em Santa Catarina, a banda pretende explanar seu talento a outros estados?
Eu mesmo nem esperava já estar na estrada este ano, mas resolvemos arriscar dar as caras fora de Floripa, mesmo com pouco material lançado, e acabamos tendo uma ótima recepção por onde passamos. Fazer shows fora do estado exige uma logística mais complicada e maiores investimentos das partes interessadas, mas com o planejamento que temos para os próximos anos, a demanda irá surgir naturalmente.
O que você busca expressar em suas letras?
Eu busco me expressar. A música pra mim sempre foi uma forma de expressar os meus sentimentos, experiências e a minha visão sobre a vida e o mundo. Mas às vezes também faço letras buscando me divertir utilizando os clichês do heavy metal de maneira inusitada.
Quais suas principais influências musicais?
Principalmente Prog e Power Metal do final dos anos 90 e início dos anos 2000. Absolutamente todos os meus álbuns favoritos foram lançados nesse período. Do lado do Prog as principais bandas seriam Symphony X, Dream Theater e Pain of Salvation. Do lado do Power eu diria Sonata Arctica, Stratovarius, Angra, Rhapsody, Royal Hunt, entre várias outras. Mas dentro do Rock qualquer coisa pode ser influência. Em especial, um estilo que eu também gosto muito e me influenciou em algumas composições foi o Punk Rock. Pode soar muito estranho quando eu falo em Prog Metal e Punk Rock na mesma frase, mas pior ainda é quando eu falo que também já usei algoritmos matemáticos para compor. Também há composições que misturam elementos de black e thrash metal dentro de uma letra supostamente romântica. Outra coisa que marcou minha infância e consequentemente trouxe sua influência nas minhas composições são músicas de video game.
Qual a formação atual da banda e como foi a seleção dos músicos?
Em 2015 eu resolvi fazer um show tocando minhas músicas para comemorar meu aniversário.
Chamei logo meus grandes amigos, o guitarrista Rafael Azevedo, que já havia tocado comigo em um cover de Dream Theater e Symphony X e em uma banda de Thrash Metal, e o tecladista Daniel Schlemper, que já havia tocado comigo na banda de Power Metal, Alpha Six.
Conheci o Daniel porque ele tocava com o Rafael em outra banda, mas nunca havíamos tocado os três na mesma banda. Daniel estava com uma banda de tributo a Angra e Helloween e me indicou o baterista deles, Gil Lima. Em 2016 eu tinha marcado novamente um show para o meu aniversário e ainda estava sem baixista definido, não sabia se ia encontrar alguém ou ia ter que tocar baixo eu mesmo. Um mês antes do show fui ver uma banda cover de Dream Theater e convidei o baixista, Thiago Moser, para entrar no meu projeto. Por último, o guitarrista André Freitas era amigo do Gil que me falava muito bem dele, e também falava para ele do meu projeto. Um dia nos encontramos em um show do Angra e começamos a conversar, até que convidei ele para se juntar a nós.
Jogo rápido:
(não sei se consigo dar respostas curtas, mas vamos lá)
4 bandas nacionais: Angra , Massacration, Lince e Maestrick
4 bandas internacionais: Dream Theater, Pain of Salvation, Sonata Arctica e Royal Hunt
Uma música: Dawn of Insanity (composição própria) ou Awakenings (Symphony X)
Xakol: Minha vida, literalmente. Só acaba quando eu morrer.
Um CD: Chaos Lit a Soul é o álbum da minha vida, minha obra prima, minha alma está nele.
Um álbum: fica difícil escolher entre o Metropolis, pt. 2 do Dream Theater,
Remedy Lane do Pain of Salvation e V (The New Mythology Suite) do Symphony X.
Santa Catarina: de oeste a leste, de norte a sul, amo este lugar
Caçador: nostalgia
Florianópolis: amigos
Família: amor
Metal: minha religião
Uma frase: Prefiro viver intensamente altos e baixos, do que seguir sempre em uma linha reta horizontal desprovida de emoções.
Quais as expectativas a longo prazo para vocês?
Dado um prazo infinito, a expectativa é conquistar o mundo.
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