Cela De Ossos
No alto de uma montanha, aquela torre se misturava à neblina e ao frio. Foi cuidadosamente construída para o prazer de velhos pervertidos no auge de sua insanidade. Magníficas cenas de violência e dor para preencher olhos sedentos…ah, eles lacrimejavam de prazer…
Assim era o cotidiano daqueles anciãos, com sua mais bela criação de lobos treinados para dilacerar até a morte.
Aquela cela já fedia à tanta carne podre, e aqueles lobos que nela viviam adoravam, pelo seu tapete de carcaças que alimentava e confortava.
Vísceras, couro humano, membros expostos e arruinados eram sua maior satisfação.
Tudo se iniciava pela captura, logo após aprisionavam e empalavam, serviam o espeto de corpo cru e vivo para os mais belos caninos afiados consumirem.
Um grupo de psicopatas vivendo ao redor de um vilarejo sem lei, aterrorizava a todos aqueles garotos que lá viviam.
Eram sempre pegos de surpresa, desacordavam, e quando voltavam à lucidez já se iniciava a oferenda aos animais da cela.
A dor lenta e profunda, sangue escorrendo e enlouquecendo os paladares e visões, era uma orquestra de agonia e risadas delirantes.
O medo tomava conta daquele vilarejo, e nunca conseguiram pegar os culpados. Era tudo muito bem planejado e calculado. Os garotos ficavam na angústia tenebrosa de imaginar que poderiam ser os próximos.
Eram escolhidos os rostos mais bonitos e angelicais, garotos saudáveis e bem aparentados eram o prato preferido.
O vigor da beleza e da juventude gerava muito asco, era preciso satisfazer o desejo de vingança à raça humana mais bem favorecida.
Ah…a vingança! Não existia coisa mais bela e satisfatória para eles. O ódio alimenta uma força desconhecida e absoluta, aquela que age a cada reação de revolta e asco.
Eles estavam no fim da vida, e assim como anjos da morte, precisavam levar uns cem mil, ou três vezes mais, quem sabe.
Como era satisfatório ver tudo aquilo, oh, a boca salivava e os olhos brilhavam, e brilhavam…
“Ah, como eu gozo em ver esses fétidos guris agonizarem como frangos no espeto para a grande ceia!”
Frases assim entre um copo de whisky e outro, cigarros enfumaçavam o nobre salão no subsolo da torre, um compartimento muito bem escondido, acima de qualquer suspeita.
O terror continuava sempre no vilarejo, grupos de pessoas caçavam e nunca achavam nada.
Não havia vestígios, não havia suspeitas, não havia sobreviventes.
Era o matadouro de jovenzinhos bem convictos e bem dotados, o palco da grande vingança pelo ódio às leis vitais, cela de ossos e prazer.