Southern Rising, banda uruguaia de black metal sinfônico formada em 2020 por músicos experientes, destaca-se na cena local com uma proposta que combina elementos modernos do gênero com passagens clássicas orquestrais e arranjos corais. Marcando presença no Carnival Paysandú Metal Fest, o principal festival de metal no Uruguai, a banda enfrenta desafios na cena underground do país, mas mantém um compromisso profissional, lançando álbuns notáveis como “Epic Tales of Evil” e “Sic Semper Mortis”. Com planos de lançar um novo LP em 2024, a Southern Rising visa consolidar sua presença na cena e, mesmo enfrentando desafios logísticos, considera a possibilidade de apresentações internacionais, mantendo-se fiel à sua proposta única de black sinfônico.

Eder: Contem-nos um pouco sobre a história da banda. Como e quando ela foi formada e qual foi a motivação por trás da criação da banda?
Southern Rising é um projeto relativamente jovem, formado em 2020. No entanto, seus membros são músicos experientes e reconhecidos da cena local, provenientes de antigas bandas dos anos 90, como Requiem Aeternam, Zenith, Angkor-Vat, entre outras.

A ideia de criar um projeto melódico/sinfônico extremo existia desde 2006, das cinzas da banda Zenith Metal Uruguayo. No entanto, mais de 10 anos tiveram que passar para que finalmente se tornasse realidade.

Por ser black metal sinfônico, a banda se propôs a realizar produções de qualidade, dentro do possível, considerando que o estilo e o som combinam elementos modernos de black metal, juntamente com passagens clássicas orquestrais e arranjos de música coral.

Eder: Vocês participaram de festivais renomados como o Carnival Paysandú Metal Fest. O que essa experiência significou para a banda e como influenciou seu desenvolvimento?

O Carnival Fest em Paysandú é o festival de metal mais importante no Uruguai. Estabelecido em 2020, tem se superado a cada ano e se posiciona na região como um festival de referência (metal camp, ao estilo europeu).

No nosso caso, temos um vínculo muito estreito de amizade e camaradagem com a produtora que organiza o festival (Distrito Norte Producciones) e também com toda a gente de Paysandú.

E nossa história está fortemente ligada ao festival. O primeiro single do Southern Rising: Somniphobia, foi apresentado em 6 de fevereiro de 2020, como o primeiro corte promocional da banda, justo um dia antes do histórico primeiro Carnival Fest (realizado nos dias 7, 8 e 9 de fevereiro de 2020). Além disso, nosso primeiro show ao vivo foi em 2022, na segunda edição do festival (passando por mais de um ano e meio sem shows ou festivais devido à emergência sanitária). Na apresentação no Carnival 2023, não apenas estreamos um novo single, mas também fizemos um vídeo ao vivo no próprio show! E agora estamos confirmados para o Carnival Fest 2024, e estamos extremamente animados e orgulhosos de poder voltar ao melhor festival de metal do Uruguai!

Eder: Podem falar sobre os álbuns que lançaram até agora? Qual consideram o mais importante em sua evolução como banda?
Nossos lançamentos até o momento são: Somniphobia – single – fevereiro de 2020. Epic Tales of Evil – álbum (LP) – outubro de 2020. Sic Semper Mortis – single – fevereiro de 2023.

Além disso, anunciamos nosso segundo LP para o início de 2024, no qual ainda estamos trabalhando.

Dizem que o álbum mais importante de uma banda sempre é o próximo 😉

Brincadeiras à parte, nosso primeiro álbum LP foi muito importante, pois deixou claro que o projeto é sério, de alta qualidade, e estabeleceu as bases de um estilo quase inexplorado no Uruguai e pouco explorado na região. Por outro lado, nosso single de 2023, Sic Semper Mortis, marca um marco importante, pois foi nosso primeiro trabalho completo como banda, após nos apresentarmos em diversos festivais e shows em 2022.

Eder: O caminho de uma banda de metal underground muitas vezes está cheio de desafios. Quais foram os principais desafios que enfrentaram como banda e como os superaram?
Uruguai é complexo para o metal em geral. Uma cena muito pequena, com poucos lugares para tocar, e bandas que lutam incansavelmente para seguir em frente, seja organizando shows, fazendo produções ou mesmo conseguindo divulgação. No Uruguai, não existem bandas com contratos vigentes em gravadoras; as poucas que conseguem apoio de uma gravadora o fazem apenas para aquela edição específica.

Em nosso caso, devemos adicionar a logística em torno de um show do Southern Rising. É um show muito visual, com figurinos, cenografia e, obviamente, o componente sinfônico que é parte significativa do nosso som. Participar de um festival ou show não é fácil, pois temos certos desafios técnicos que precisam ser previstos, como qualquer banda profissional (de alto nível), apesar de ainda não sermos (pelo menos por enquanto!)

Por outro lado, dentro da cena do metal nacional, o extremo é ainda mais limitado (especialmente no que diz respeito ao Black Metal), e, portanto, mesmo com bandas internacionais de renome, é complicado realizar uma apresentação e cobrir os custos com um número específico de ingressos vendidos.

Eder: Quais são os planos e objetivos futuros para a banda? Têm em mente fazer uma turnê internacional ou trabalhar em um novo álbum?
Nosso objetivo a curto prazo é lançar o segundo LP no início de 2024. O segundo álbum é o que garante continuidade, onde podemos ver uma evolução, uma linha temporal de trabalho, e isso nos entusiasma. Obviamente, gostaríamos de contar com uma gravadora, mas isso ainda não está fechado. Devido aos desafios técnicos e logísticos que a banda enfrenta em qualquer show, somado ao fato de sermos músicos amadores com outras obrigações laborais e familiares, vemos como remota a possibilidade de fazer uma grande turnê internacional. No entanto, consideramos a possibilidade de realizar apresentações na Argentina, Brasil ou Chile, na medida do possível, seja em algum show ou festival. Assim que o álbum for lançado em 2024, consideraremos seriamente essa possibilidade para apresentar o material ao vivo.

Eder: Me disseram que estão trabalhando em um novo disco. Poderiam compartilhar alguns detalhes sobre esse próximo lançamento? O que podemos esperar desse novo álbum?
Isso mesmo! Estamos em pleno processo de produção/gravação. Estará pronto em novembro/dezembro de 2023, e esperamos lançá-lo nos primeiros meses de 2024. A receita do álbum é, em princípio, semelhante à do primeiro. Peças consideravelmente extensas com todos os ingredientes que gostamos de incluir: Black metal, seja clássico ou mais moderno, alguns segmentos mais melódicos e até mesmo algum passagem por black and roll. A isso, somamos os arranjos orquestrais, que muitas vezes são protagonistas, os arranjos corais que criam uma atmosfera propícia, e não pode faltar nosso contraste entre música extrema, sombria, e os fragmentos épicos e gloriosos.

Eder: O processo de composição no metal muitas vezes é muito pessoal e criativo. Como abordam a criação de novas músicas na banda?
CruX é quem realiza as composições, pelo menos até agora, a partir de uma ideia musical e letras, bem como tudo relacionado à orquestração e coros. Depois, cada integrante contribui com sua forma e estilo, ajustando alguns detalhes e também incorporando seu ponto de vista.

Eder: Tiveram a oportunidade de abrir shows para bandas internacionais. Poderiam compartilhar alguma anedota memorável dessas experiências?
Durante 2022, tivemos a oportunidade de abrir para Gaerea, em sua passagem por Montevidéu em sua turnê sul-americana. Maravilhosa experiência. Uma das razões pelas quais aceitamos esse show (além do óbvio) é porque sua apresentação no palco é muito semelhante à nossa, do ponto de vista técnico. Então, podíamos aproveitar muito do rider para criar ambos os setups no palco. Também ficamos muito satisfeitos ao constatar que sua forma de trabalho era muito parecida com a nossa, salvando as claras distâncias, eles são profissionais e nós não. Foi uma data muito boa!

Eder: O metal uruguaio teve um impacto significativo na cena underground. Como veem o papel de sua banda na promoção da cena metal no Uruguai?
Nossa proposta é de nicho, para uma cena como a do Uruguai, é muito limitada. No entanto, temos a premissa de que é preciso trabalhar da forma mais profissional possível, desde as produções, os shows ao vivo, a cenografia, a promoção, as imagens, etc. Estamos convencidos de que essa é a forma como nossa (e de muitas outras bandas) pequena contribuição pode ajudar a representar bem o metal do Uruguai, de uma maneira séria e comprometida.

Eder: Por último, que mensagem gostariam de transmitir aos seus seguidores e àqueles que ainda não conhecem sua música?
Os convidamos a ouvir nossa proposta, que pode agradar a quem gosta de black metal, metal em geral, ou até mesmo àqueles que apreciam música clássica. Se gostam de black sinfônico como Cradle of Filth, Carach Angren ou Dimmu Borgir, deem uma escutada, não vão se arrepender. Muito obrigado pela entrevista e pelo espaço para divulgar!

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