O suor que escorre lentamente da testa, faz uma curva tímida no queixo e deixa-se ir ao chão. Os cabelos emaranhados vibram e pulam num ritmo frenético e sem preocupação alguma com o pente que não iria entrar depois. As camisetas parecem combinar não só na cor preta, mas no peso que sustentam o suor, que não pára de cair em fluxo contínuo. Todos estão cantando músicas sobre festas, mulheres, bebedeiras, brigas, ressacas, canalhas… e tudo isso misturado com um calor do diabo que fazia no bar Opinião no último domingo, 31 de agosto.
O último Matanza Fest, realizado em Porto Alegre- RS, além de fechar com chave de ouro a sequencia de shows da banda este ano no festival, deixou muita gente alucinada, sem voz e com pedaços do corpo faltando nas quase duas horas de show. Se você queria mandar tudo pro inferno, mas não sabia como, essa foi a hora! O último CD da banda, Pior Cenário Possível, lançado em 2015, vem fazendo multidões lotarem as casas de show e foi o destaque da noite.
Quem não se entorpeceu cantando clube dos canalhas ou passou uma cantada fajuta na menina do lado ao ouvir mulher diabo, não soube aproveitar tudo que o Matanza tem de melhor. Seu estilo único de música, segundo eles, mistura o cinismo do country norte-americano à energia do hardcore, temperados com pitadas de thrash metal e música folk irlandesa.
O bar opinião ficou pequeno para os fãs que fizeram parte de mais um encerramento histórico do Matanza Fest. O humor e também o mau humor clássico, fizeram parte das histórias contadas nos intervalos das músicas, o que faz toda a diferença para o fã que tem Jimmy London (voz) como ídolo. Conhecido pelo seu estilo inusitado de ser, Jimmy é idolatrado pela galera e não tem papas na língua: fala tudo que quer mesmo e não liga pra o que os outros vão pensar. Agradar não é seu objetivo.
Segundo a banda, a frequência de shows varia numa média de 90 apresentações por ano, ou seja, 8 shows/mês. O Matanza já fez parte da lista de melhores shows do Brasil e também já conquistou o prêmio de melhor disco rock, pela revista Dynamite. Em 2009 tiveram a honra de abrir o show para a banda Motorhead, o que consagrou ainda mais a banda no seu lugar ao sol.
Atualmente ela é formada por Jimmy London (voz), Donida (guitarra/composições), Mauricio Nogueira (guitarra), Dony Escobar (baixo) e Jonas Cáffaro (bateria). O quinteto de agenda apertada não deixou de fazer bonito no Matanza Fest Poa 2016 e trouxe para o público um repertório totalmente variado, com músicas de todos os álbuns.
Nos quase 120 minutos de show a puncadaria comeu solta e as tradicionais rodas punks deram seu ar da graça, fazendo muitos fãs se jogarem de cabeça, alma e chutes nela. Conforme definição da banda quem, além destas terríveis figuras, ousaria misturar banjo com riffs de metal?
O clima quente, nada típico de final de julho em Porto Alegre-RS, ajudou os fãs que fazem parte do fã-clube oficial do Matanza no RS, a realizarem seu “esquenta” tradicional no parque da redenção no domingo. O grupo possui mais de 50 integrantes, facebook, whatssap e o amor pela banda como ponto em comum. Estes malucos se reúnem periodicamente para festas e shows e estiveram presentes em peso no show para prestigiar seus ídolos.
Fabrício Brock, 25 anos, líder e fundador do fã-clube, tem na pele marcado e eternizado seu amor pela banda. A tatuagem na panturrilha representa muito mais que apenas um desenho, é sua admiração e amor pela banda, que hoje faz parte do dia a dia.
“O peso das guitarras, as letras, e o som fazem do Matanza uma banda única”, comenta Fabrício. Com nada menos que 8 shows na bagagem, ele afirma que a mistura inédita do Country com Hard core e as letras boêmias do Matanza são o que fazem essa afinidade crescer entre os fãs.
A abertura do show ficou por conta das bandas Walverdes e do Rebaelliun, que fizeram um bonito espetáculo e jus ao convite do Matanza para participar do Festival.
A banda Walverdes abre a noite exatamente às 18:45 com um repertório variado de músicas bem construídas. Ela, que já foi descrita na revista Trip como “o melhor power-trio nacional” , é uma das principais representantes do cenário de rock independente brasileiro. Os gaúchos surgiram em 1993 em meio à borbulhante cena porto alegrense e rapidamente derrubaram as fronteiras geográficas e estéticas do chamado rock gaúcho pra tocar em todo Brasil ao lado de bandas importantes. A banda já lançou 5 fitas cassete e quatro CDs e possui como influência bandas como: The Who, Stooges, Rocket From The Crypt, Nirvana, Mudhoney, Deep Purple e Bob Marley.
Já o Rebaelliun subiu para detonar às 20h e levou à loucura os fãs. A banda teve início em 1998 em Porto Alegre/RS e já lançou 2 EPs, 2 álbuns além de fazer 4 turnês na Europa e ganhar o respeito de toda cena de música extrema em diversos países.
Provenientes de outras bandas de Death Metal que estiveram na ativa desde o início da década de 90 no underground brasileiro, a banda teve uma trajetória rápida, porém marcante: 6 meses após sua formação, gravaram sua Promo-Tape 98 e viajaram pra Europa pra divulgar sua música. A banda tocou durante uma hora músicas do seu último disco, lançado em maio deste ano, chamado The Hell’s Decrees e desde sua volta já pegou estrada no Brasil e na Europa.
O Matanza, que realizou seu primeiro Matanza Fest no final de 2012, em Porto Alegre, já se consagrou em terras gaúchas e encerra com gostinho de quero mais um dos melhores festivais do Brasil.
Confira as fotos do show:
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