Na última sexta-feira, dia 16 de fevereiro, aconteceu na cidade do Porto o evento Filha da Cvlto, no Ferro Bar. A casa, já tradicional em abrir as portas para a cena underground, ambientou além dos concertos e DJ SETS, o Talk “Debaixo do chão – rostos da disrupção feminina que moldam o underground português” com a presença de Joana Brito, da banda The Black Wizards, e com as produtoras Tila Santos e Helena Fernandes, com a moderação de Ana Garcia de Mascarenhas do CVLTO.
Antes dos Raw Power entrarem em cena, os Itami fizeram o seu primeiro concerto. Apesar da curta duração foi possível sentir a energia desta banda jovem e do público, igualmente, com músicas como Devils Work e Caos e Violência. Receberam, em seguida, os lisboetas Rosa Sparks, com muito punk rock e letras que falam sobre política e resistência como se podia ouvir nas suas músicas, tais como No More e Intolerance. Mensagem esta que estava no cerne de todo o evento.

Ainda sobre a banda Rosa Sparks, a inspiração do nome da banda é uma homenagem à Rosa Sparks, uma mulher negra norte-americana, que foi presa a 68 anos atrás por violar a lei de segregação no estado do Alabama ao não ceder o seu assento no autocarro para um homem branco. Sua recusa e prisão gerou revolta na cidade que decidiu protestar em forma de boicote aos transportes públicos por mais de um ano, gerando grande impacto económico e forçando a Suprema Corte a declarar como inconstitucional a segregação racial nos transportes públicos. Rosa Sparks tornou-se, assim, uma das figuras mais memoráveis dos movimentos dos direitos civis.

Já à meia noite, entraram em palco os italianos do Raw Power. A banda de punk hardcore (até com uma pitada de trash) formada em 1981, pela primeira vez em Portugal, trouxe o som pesado, sujo, explosivo e inquietante do estilo, com muita vitalidade e energia. Proporcionaram um evento cheio de fervor com uma força non-stop do início ao fim que era possível sentir na sala inteira. O concerto teve duração de cerca de 1 hora contando com trilhas de toda a história da banda, entre elas Bastard, You Are The Victim e State Opression.
O nome da banda é homónimo ao terceiro e mais aclamado álbum dos The Stooges, uma das mais importantes bandas que deram início ao movimento punk nos anos 60. Nos anos 80, os Raw Power marcaram a história tendo, inclusive, os Guns n’ Roses como banda de abertura em um dos concertos nos EUA. E foi nos EUA que os Raw Power se consagraram na época, compartilhando o palco com bandas como Circle Jerks, Adolescents, D.O.A., Bad Brains, Agnostic Front, Minor Threat, Dead Kennedys, Suicidal Tendencies, entre outras.

Os Raw Power fizeram ainda mais um concerto no sábado, 17 de fevereiro, na capital portuguesa, no Cine-Teatro Corroios, às 19h00, acompanhados dos Rosa Sparks que abriram mais uma vez o palco aos veteranos da cena, e seguirão em digressão pela Europa.