Process of Guilt – Entrevista com Hugo Santos

Novo Álbum “Slaves Beneath The Sun” agora Disponível na Bandcamp !

Process Of Guilt lhe entrega Riffs massivamente pesados ​​em cima de uma seção rítmica punitivamente precisa e quase industrial, a banda possui uma intensidade única e agora com a chegado do novo álbum “Slaves Beneath The Sun”  que leva a sua música para uma dimensão mais pesada e sombria mas que ao mesmo tempo que te passar uma esperança e uma luz no fim do tunel.

“Queremos passar a mensagem de um som adulto, agressivo e hipnótico, onde sob a toada generalizada da desolação se vislumbra, a espaços, alguma esperança, uma pequena luz no final do túnel.

Entrevista – Hugo Santos ( Vocal – Guitar )

 

O que é a process of guilt ?

“Adotámos esta designação numa fase muito inicial da banda e, ainda que não tenha sido totalmente intencional, toda a nossa componente lírica foi sendo desenvolvida em torno deste tema. O processo de culpa é algo que é transversal a todos os que cruzam esta Terra. A tríade “pecado, culpa, medo” corresponde ao eixo de um enquadramento cultural e mental que nos acompanha ao longo da vida e consideramos este aspeto um tema tão central na nossa existência que acabamos por o incorporar sob vários ângulos nos nossos temas, desde a superação do processo até à completa capitulação perante o mesmo. É este movimento último da capitulação que, naturalmente, acaba por ser merecedor de uma nossa maior atenção dado o contexto musical em que nos movimentamos.”

Qual foi a ideia ou ideologia no processo da banda que os fizeram se torna a banda que e hoje ?

“A ideia inicial que perseguimos desde o início foi a de fazer música que realmente nos atraia enquanto ouvintes e expresse o que verdadeiramente sentimos que temos a dizer. A sonoridade de Process of Guilt evoluiu ao longo dos tempos e tornou-se cada vez mais um reflexo daquilo que tem sido a nossa evolução enquanto fãs de música intensa e com algum grau de obscuridade. Com o passar dos anos tornámos a nossa música um verdadeiro reflexo do que queremos tocar e, naturalmente, fomos aprimorando aquilo que consideramos ser a nossa estética, com a consciência de que a nossa música, o nosso objetivo, é também muito permeável àquilo que somos e sentimos no dia-a-dia, sendo também um reflexo das nossas personalidades e gostos enquanto fãs de música. Longe de termos uma ideia de banda e de som permanente achamos que a música deve refletir aquilo que também é a nossa vida e as mutações de que a mesma é alvo. Pelo que em suma, tem sido esse o objetivo em torno do qual temos desenvolvido o nosso percurso.”

Quais foram as influências para Process of Guilt?

“Sempre fomos muito ecléticos nos nossos gostos e o que fazemos acaba por ser um resultado direto dessa mistura de influências que nos acompanha desde que começámos a ouvir música extrema. Desde grind, death, doom, black, industrial ou mesmo algum gótico e rock alternativo, desde que a música nos pareça honesta e interessante consideramos que a mesma é merecedora da nossa atenção. No entanto, muitas vezes a influência para escrever uma música ou para criar um riff pode mesmo não estar associada diretamente a uma influência musical, mas a uma imagem ou a algum evento que nos impressionou. Naturalmente, com o passar dos anos fomos depurando algumas das influências iniciais e hoje, sinceramente, já não pensamos muito nelas quando queremos fazer nova música. O nosso processo é sempre de muita insistência entre nós, muita tentativa e erro, até encontrarmos algo que faz o ‘clique’ na nossa cabeça e sabemos que temos ali alguma coisa para continuar.”

Consideram como vosso estilo?

“Há um tipo de sonoridade mais crua, orgânica e marcial que apreciamos e sobre a qual tentamos construir as nossas músicas. É este ímpeto mais hipnótico, rítmico e claustrofóbico que nos guia e que tentamos atingir nos último discos, em particular no Slaves Beneath The Sun. Gostamos também de ter espaço para alguma experimentação e melodias mais desoladas, mas diria que não fazemos música fácil que seja assimilável numa audição mais desatenta. Gostamos de ser desafiados enquanto ouvintes e também gostamos que a nossa música seja composta por diferentes camadas que necessitem de entrega por parte do ouvinte. Os discos que nos marcaram e que nos levaram a perseguir este tipo de sonoridade precisaram do nosso tempo para os podermos assimilar e, apesar de agora estarmos em plena altura do imediatismo e do instantâneo, é esse tipo de disco e música que ainda hoje queremos fazer. Se nos primeiros discos ganhámos o epíteto ‘doom’, penso que ao longo dos tempos fomos evoluindo e acrescentando outras camadas ao que fazemos que concentram muito do que apreciamos noutros subgéneros do metal, do som industrial ou mesmo de outros espectros fora da música mais pesada. No fundo, com a maior diversidade rítmica que fomos acrescentando ao longo dos anos o termo ‘doom’ começou a ficar um pouco limitado para o que fazemos, mas há uma negritude associada ao mesmo que ainda compreendemos e que continuamos a apreciar. Penso que se houver um termo que congregue uma sonoridade pesada, marcial, agressiva, hipnótica e cénica será esse que poderá definir o nosso estilo.”

Qual são as inspiração para as capas de vosso álbum principalmente para Black Earth e Fæmin 00?

“A inspiração para as capas desses dois discos relacionou-se diretamente com os conceitos que explorámos em cada. No Fæmin conceitos como a escassez, a fome ou o definhar fazem parte de muito do imaginário que é abordado ao nível lírico, pelo que as fotografias que o Pedro Almeida, com quem colaboramos desde 2011, enviou do seu arquivo de viagens permitiram-nos construir todo o layout com base nas imagens tétricas do cadáver de um corvo. A exploração dos detalhes dessas imagens permitiu-nos atingir um equilíbrio entre a imagem e a sonoridade que explorámos nesse disco. Para o layout do Black Earth levámos esta colaboração um pouco mais longe e a figura central do layout é uma criação minha e do Pedro Almeida com base numa viagem que fizemos expressamente para procurarmos material para trabalharmos na capa. O resultado foi construído com base no que encontrámos de forma natural ao longo da viagem e na própria paisagem e conceptualmente aproxima-se a uma escultura que simboliza a terra negra sobre a qual desenvolvemos o imaginário do nosso penúltimo disco.”

Qual foi o impacto da pandemia sobre a banda e como passaram por cima nessa dificuldade ?

“A pandemia teve um efeito direto em toda a nossa atividade quotidiana, especialmente no que se refere à banda e com maior custo particularmente durante os longos períodos de confinamento, o que teve como consequência direta a interrupção dos nossos ensaios. Especialmente no primeiro ano, 2020 a pandemia e os vários confinamentos representam um período de que não teremos nenhuma saudade e cuja marca para nós continuará a ser mais negativa do que positiva. O nosso processo de composição é altamente dependente da forma como reagimos aos temas quando os tocamos e esta interação entre nós atua como guia do processo de refinamento das novas músicas. Com o confinamentos estúdios onde ensaiávamos nessa altura fecharam e ficámos limitados ao que podíamos fazer em casa e online, o que é longe do ideal para a forma como estamos habituados a compor. Inicialmente tínhamos agendado a gravação e mistura para o início do verão de 2020 e, com todos os adiamentos acumulados de vários meses de restrições, apenas um ano depois conseguimos iniciar a captação em estúdio. No entanto, por muito frustrante que tenha sido este período, a dada altura optámos por ver o ‘copo meio cheio’ e aproveitámos para repensar os temas e despi-los ainda mais de tudo o que considerámos em excesso, pelo que, no final a pandemia permitiu-nos ter um disco mais completo e com o qual estamos mais satisfeitos hoje em dia.”

Qual foi inspiração para o Slaves Beneath The Sun e a arte da capa baseado nas fotos do Lee Jeffries?

“O Slaves Beneath The Sun parte do conceito do processo de culpa e daquilo que foram as nossas experiências pessoais ao longo dos últimos anos para chegarmos a uma paisagem desoladora e crua onde somos nós os escravos sob o sol e sem nenhuma hipótese de final glorioso nesta terra. Já conhecíamos o trabalho do Lee Jeffries há muitos anos (em particular o Lost Angels de onde foi retirada a imagem ‘Christ’ e assim que pensámos sobre a capa, mesmo no início da nossa entrada em estúdio, a imagem surgiu-nos e pareceu-nos tão adequada, crua e sem esperança, que, além de ser bastante representativa daquilo que queríamos transmitir, funcionou também como uma certa forma de inspiração nesse momento tão crucial do processo.”

Qual mensagem quer passar nesse novo álbum?

“Mais do que uma mensagem, o que queremos transmitir com este disco é uma imagem sonora, um retrato sónico do que é o nosso ‘estado de alma’ em função do que vivemos e assistimos no mundo. Queremos passar a mensagem de um som adulto, agressivo e hipnótico, onde sob a toada generalizada da desolação se vislumbra, a espaços, alguma esperança, uma pequena luz no final do túnel.”

Como ta sendo a recepção para os fãs e ouvintes do Process of Guilt com a evolução da banda?

“A recepção por parte de quem nos segue e acompanha não poderia ter sido melhor. Temos tido muitos contactos de fãs que estão verdadeiramente contentes com este disco, pelo que penso que o Slaves Beneath The Sun, sobre muitos pontos de vista, representa o aprimorar de tudo o que fomos experimentando e desenvolvendo desde que lançámos o Fæmin, passando pelo split com Rorcal até ao «Black Earth». A apresentação do Slaves Beneath The Sun também foi feita de forma nova para nós, sendo que o apresentámos ao vivo antes do lançamento oficial, pelo que a maioria do público presente não conhecia os temas. Pelas reações nessa altura e pelas que obtivemos até hoje, penso que quem presenciou ficou bastante contente e, desde esse momento, tomou o seu tempo para apreender o que ambicionámos para este disco.”

Próximos concertos ?

“Temos algumas atuações marcadas em Portugal para o resto do ano, sendo que destacamos as que já estão anunciadas, como o Rock dos Romanos em Condeixa-a-Nova, a 10 de setembro, e o Amplifest, no Porto, onde atuaremos no FDS1, festival no qual participámos nas suas primeiras edições e que desde então se tornou num verdadeiro mostruário de um espectro sonoro diverso e coerente de excelência a nível europeu. Estou certo que em breve anunciaremos mais datas, pelo que é uma questão de nos acompanharem nas nossas redes onde partilharemos toda a informação.”

Desde 2002 está obscuridade  e agressividade deu-lhes privilégios de palco principal nos mais conceituados festivais portugueses como SWR MetalFest, Amplifest, Reverence Valada ou VOA.

Faixas

 

Membros : 

  • Hugo Santos – Vocal-Guitar
  • Gonçalo Correia  – Drums
  • Nuno Davi  – Guitar
  • Custodio Rato – Bass

Site: http://www.processofguilt.com/
YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCUe26ctYvKZQ-goy_7z9a5A
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Process-of-Guilt/87521204053?v=wall 
Instagram: https://www.instagram.com/processofguilt/

Merch:

 

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.