Dizem que há certa magia no verão carioca e foi possível confirmar isso durante a segunda edição do PrudaFest. Bem mais ambicioso do que o primeiro evento, Marcelo Prudêncio e companhia convidaram cinco bandas de diferentes gêneros de metal. A união de Simetria Zero, Vydro, Traíra, Manger Cadavre? e Hatefulmurder prometia uma noite histórica na Cidade Maravilhosa apresentada pelo Abel do Undermartys.

Prudêncio assistindo aos shows. Foto: Raíza Silva
Prudêncio assistindo aos shows. Foto: Raíza Silva

A ideia do evento  PrudaFest nasceu humilde e sem grandes pretensões, através da movimentação de fãs da banda InRaza no fã clube da banda Hatefulmurder. Prudêncio e alguns amigos começaram a conversar com produtores locais para trazer a InRaza para tocar no Rio e, sem sucesso, esse grupo de amigos resolveu organizar seu próprio evento. A primeira edição do PrudaFest aconteceu em julho de 2022 na casa Áudio Rebel (bairro de Botafogo), e contou com apresentações das bandas Lowd (RJ), Far Beyond Empire (RJ) e InRaza (SP). A primeira edição foi um sucesso e deixou gosto de “quero mais” na boca do público.

A segunda edição foi marcada em janeiro propositalmente, buscando comemorar o aniversário de Prudêncio no ambiente que ele tanto ama. Sua banda favorita, Hatefulmurder, entrou na line do segundo evento optando por não realizar o anual Hatefulfest. Infelizmente, a Áudio Rebel começou a ficar pequena para tantas expectativas e a novata Vento Solar abraçou a ideia de sediar o festival.

Vento Solar Cultura e Arte

Público do PrudaFest. Foto: Raíza Silva
Público do PrudaFest na Vento Solar. Foto: Raíza Silva

Fundada em setembro do ano passado, a Vento Solar Cultura e Arte é uma casa multicultural localizada na Galeria Imperial, no bairro de São Cristóvão, não muito distante do “point do rock” da Rua Ceará.

Mesmo não sendo muito famosa, a casa já abriu as portas para alguns eventos de rock e metal. O Rio de Janeiro é uma cidade que enfrenta problemas para realização de eventos de médio porte, esquecido em muitas turnês nacionais e internacionais. A cidade possui um público de metal bem fiel, porém que enfrenta problemas como altos custos típicos de uma cidade turística e uma logística complicada.

O PrudaFest 2 foi o primeiro evento completamente autoral da casa, com ingressos entre 30 e 40 reais. Segundo os organizadores, mais de 120 pessoas compareceram ao evento e a Vento Solar proporcionou conforto para essa quantidade de pessoas. Além da Cultura em Peso, várias mídias estavam marcando presença no evento como a Motim Underground, Jardim Sonoro, Hellcast, Undermartys e Chaoszine. A produção foi extremamente atenciosa com a imprensa e com as bandas, era possível transitar num acolhedor camarim e numa sala para equipamentos.

Abel do Undermartys foi o apresentador do PrudaFest. Foto: Raíza Silva
Abel do Undermartys foi o apresentador do PrudaFest. Foto: Raíza Silva

Conversando com o público, muitos elogiaram a estética do novo espaço e pediram mais eventos no local. Foi possível observar a presença de pessoas que vieram de bairros da Zona Oeste, eles comentaram que foi tranquilo chegar ao evento de trem. Um fator negativo da casa foi a desorganização do bar, muitos pensaram que a casa só comercializava um rótulo de cerveja. Ao pedir mais informações para a equipe local, eles informaram haver apenas um rótulo de cerveja na pista e que era possível comprar outras no bar do mezanino Além de cervejas, o lugar disponibilizava bebidas não alcoólicas, diversos drinks e petiscos por um preço acessível.

Simetria Zero, um bom início

Simetria Zero ao vivo. Foto: Raíza Silva
Simetria Zero ao vivo. Foto: Raíza Silva

Pontualmente, a banda carioca de metalcore Simetria Zero abriu a noite com muita animação enquanto o público ainda estava se acomodando. Trabalhando com seu novo o álbum Pecados (2022), grupo iniciou o evento com muita energia e presença de palco.

O Simetria Zero demonstrou ter muito potencial, se destacando por um intenso duelo de vocais através de uma sonoridade moderna e inovadora. O organizador Prudêncio foi homenageado, a canção Atharaxia foi dedicada para ele quase no final da apresentação.

Simetria Zero ao vivo. Foto: Raíza Silva

Extasiado, o carismático vocalista Swami Machado saiu do palco rasgando elogios para o evento:

“Sensacional, espaço maravilhoso, as pessoas deram valor, organização maravilhosa… foi lindo!”

Quando o Simetria deixou o palco, o ar condicionado começou a não dar mais vazão. Parte do público caminhou para o mezanino buscando um ponto mais fresco. Vale ressaltar que esse final de semana as temperaturas ficaram extremamente altas, por volta dos 40 graus.

Setlist:

  • Via
  • Titereiro
  • Vazio
  • Legião
  • Atharaxia
  • Natureza do nada
  • Solidariteit
  • ADTR – Mr. Highway’s

Vydro e a nostalgia Y2K

Vydro ao vivo. Foto: Raíza Silva
Vydro ao vivo. Foto: Raíza Silva

Se uma banda chegou num momento certo, essa banda é a Vydro. Em 2023 vivemos a nostalgia de uma época chamada “Bug do Milênio”, também conhecida como a febre Y2K. O grupo carioca consegue resgatar muito bem a música e a estética dos anos 2000 através de seu visual e sonoridade, claramente influenciada por bandas como Korn e Limp Bizkit.

Ousando através de trechos de rap e letras politizadas, o público foi à loucura durante o mashup de Racionais e Rage Aganist the Machine. Outro grande momento foi a execução de seu novo single “Jogador Número Zero”, muito bem recebido.

Vydro ao vivo. Foto: Raíza Silva
Vydro ao vivo. Foto: Raíza Silva

Mais pessoas foram chegando durante a segunda apresentação, membros de outras bandas como a Nata da Manger Cadavre? e Modesto da Hatefulmurder estavam na plateia conferindo as demais bandas.

Othon, vocalista, comentou suas impressões do evento

“Maravilhoso, evento f*da, Prudêncio é sensacional, pessoa rara do Rio de Janeiro”.

Setlist:

  • Desumanizados
  • Muros
  • Bulls/Vida Loka
  • Rede de mentiras
  • Caos particular
  • Sonâmbulo
  • Jogador número zero
  • Homem amarelo
  • Refém

Traíra, a surpresa de Minas Gerais

Traíra ao vivo. Foto: Raíza Silva
Traíra ao vivo. Foto: Raíza Silva

Pouco conhecida no Rio de Janeiro, a banda Traíra chegou para surpreender quem estava presente. O power trio mineiro apresentou um thrash metal old school influenciado por Sepultura com letras politizadas em português, tudo de extrema qualidade.

Através de uma boa comunicação e grande carisma de Cameron (vocalista e baixista), o trio executou suas músicas de seu EP “Cura”. Algumas pessoas comentaram que o show do Traíra passou rápido, mas a banda deixou seu recado e conquistou novos fãs.

Aparentemente muito feliz, Marcelo Cameron comentou sobre sua proximidade com o Prudêncio e que o evento tinha superado todas as suas expectativas.

Setlist:

  • Whispering in my ear
  • Data limite
  • Na mira
  • Ambição
  • Hipocrisia
  • Lobó
  • Roots

Manger Cadavre?, o susto

Manger Cadavre? ao vivo. Foto: Raíza Silva
Manger Cadavre? ao vivo. Foto: Raíza Silva

O Manger Cadavre? chegou agitando o público através de seu som arrastado e agressivo, rodas se formaram e a energia era contagiante.  Nesse cenário, a vocalista Nata agradeceu demais pela presença do público e pela atenção que a produção do evento tinha proporcionado. A presença de palco da vocalista era contagiante, os fãs foram à loucura, foi uma das apresentações mais energéticas do festival.

Manger Cadavre? ao vivo. Foto: Raíza Silva
Manger Cadavre? ao vivo. Foto: Raíza Silva

A banda prometeu lançar um novo álbum entre março e abril desse ano e tocou uma música inédita. Infelizmente a apresentação precisou ser interrompida, pois a vocalista teve uma séria crise alérgica causada pela máquina de fumaça do palco. O público foi muito compreensivo, porém alguns da produção ficaram preocupados com a situação. Tentando ajudar Nata, muita gente correu para o camarim oferecendo ajuda. Um enfermeiro estava no local e ajudou a urgência médica. Tudo ficou bem com a saúde da frontwoman, mas ela pareceu um pouco chateada por não ter terminado os últimos quinze min da apresentação.

Hatefulmurder fechando a noite

Hatefulmurder ao vivo. Foto: Raíza Silva
Hatefulmurder ao vivo. Foto: Raíza Silva

Hatefulmurder foi a única atração que não usou o telão, optou pelo backdrop. Iniciando o show no escuro, os cariocas se apresentaram com o som bem mais alto do que as demais bandas. O mezanino tremia durante a apresentação, o áudio da guitarra também apresentou algumas falhas.

Um novo álbum foi anunciado, o novo single Psywar foi executado e eles não se esqueceram de apresentar as músicas antigas do repertório. Um pedido do fã clube foi atendido: a música Mindbreaker entrou na setlist.

Hatefulmurder ao vivo. Foto: Raíza Silva
Hatefulmurder ao vivo. Foto: Raíza Silva

O ápice da apresentação foi na música Creature of Sorrow, quando os presentes ergueram a bandeira do fã clube. No final do show, todos cantaram parabéns para aniversário do Prudêncio, conferiram o lançamento da nova música da Lynx the Revenge e brincaram colocando uma música do Raça Negra para o fechamento da noite.

Setlist:

  • Santificado seja o meu ódio
  • Sentimentos artificiais
  • Reborn
  • Worshipers
  • Black Chapter
  • Silence will fall
  • Red Eyes
  • My Battle
  • Mindbreaker
  • Psywar
  • Eye for an eye
  • Creature of Sorrow

Conclusão

Sem dúvida, o PrudaFest foi uma noite memorável para o underground carioca. O evento atraiu pessoas de outras cidades, parecia uma grande festa entre amigos apaixonados por música.  Aguardaremos mais produções de bandas brasileiras no Rio, lugar que demonstrou ter um público muito receptivo e animado.

Público do Prudafest: Brunão, Didi, Diego "Kupula" e Hertz. Foto: Raíza Silva
Público do Prudafest: Brunão, Didi, Diego “Kupula” e Hertz. Foto: Raíza Silva
Público do Prudafest. Foto: Raíza Silva
Público do Prudafest. Foto: Raíza Silva

 

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RESENHA E FOTOS POR RAIZA

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