Enio Junior, idealizador do festival “Dias de Caos” e participante do coletivo “Levante Produções”, já tocou na Ironika e na FAKE, atualmente toca na Distúrbio Sub-humano, severino do underground e pai em tempo integral, movimenta a cena de BH e região, se liga no papo que batemos com ele.

 

CEP: Primeiro nos de uma ideia geral de como é a cena autoral na sua região?
Enio: Primeiramente obrigado pela oportunidade e o espaço.
A cena em geral aqui é bem dividida em alguns pontos. Infelizmente de um tempo pra cá rola alguns festivais em locais maiores que acabam misturando com bandas covers (e as vezes até deixando elas como principais). E não é por falta de bandas autorais. Tem uma galera que sempre faz o possível pra agitar um show e tentar trazer alguma banda de fora.
As bandas mesmo são unidas e tentam fazer o possível pra levantar os shows. Alguns locais tipo o Matriz e A Obra que sempre teve as portas abertas pra cena e locais menores como a casa Cenarium e Café Bier que tem rolando bastante coisa. O público mesmo é que tem que correr atrás e não só ir curtir nos locais grandes, mas também os médios e até nos “inferninhos”.
Só uma parada que rolava lá pro final dos anos 90 e início de 2000, e tem voltado infelizmente é treta entre Punks. Geralmente entre Anarkopunks e Street Punks/Oi!. Muita gente ainda não sabe separar a cena Skinhead com Boneheads (ou NaziSkins). Ai quando as bandas se juntam pra fazer um evento legal, essa galera se esbarra e da treta. Ai fica perigoso perdemos locais que acabam não deixando rolar shows por medo de briga.

 

CEP: Como começou a ideia do “Dias de Caos” e onde acontecia?
Enio: O Dias de Caos começou com a ideia de um amigo meu que queria retomar os eventos “feitos na raça” como os que rolavam nos anos 90. A primeira edição rolou na porta da escola aonde eu estudava se não me engano em 2002, o segundo em 2003 na porta da minha casa. Depois levamos pra um “inferninho” que se chamava AREA 51.
Mas a ideia pegou mesmo quando vi que estava rolando um preconceito com minha banda, Distúrbio Sub-Humano por ser uma banda de HC/Crossover com vocal feminino, e não tinha oportunidade de tocar em eventos maiores que rolavam na cidade (mesmo já tendo pedido várias vezes). Daí meti o louco no “Do It Yourself” e comecei a trazer as bandas de fora que sempre quis tocar mas vi que se fosse esperar alguém chamar nunca ia rolar. A partir daí o fest sempre acontecia no Matriz Casa Cultural que sempre foi parceira e apoiava a ideia. Tirando a última vez que o Calibre 12 veio que fizemos em um local diferente por falta de agenda no Matriz.

 

CEP: Quantas edições já foram realizadas do “Dias de Caos” e quais as principais bandas que já se apresentaram?
Enio: Caramba. Como citei tudo começou em 2002 e tentávamos fazer pelo menos uma vez por ano. Sempre rolava alguns eventos paralelos pra arrecadar alimentos/roupas por que sempre foi uma preocupação também ações sociais. Ainda mais por sempre ter bandas do cenário Punk/HC envolvidas. O evento que julgo o principal mesmo rolava uma vez por ano a partir de 2011 se não me engano, a primeira banda mais conhecida que trouxe foi o Calibre 12, que já tocou em 2 edições. Outras como, Deceivers, Jason, Plastic Fire, Surra, Bullet Bane e Letall também tocaram. A última edição rolou ano passado (2018) com o Plastic Fire (que veio pela segunda vez no fest) e Cervical. Deve ter rolado uns 10 principais e uns 8 paralelos. Agora estou dando um tempo pra me dedicar a outras coisas. Mas foi uma coisa que me orgulho de ter feito pois conheci muita gente legal.

 

CEP: Qual o objetivo do “Levante Produções”?
Enio: A LEVANTE começou com a galera das bandas Montese e Arc-Over (me corrijam depois se eu estiver errado Daniel e Victor Hugo) que são grandes amigos meus. Tem o propósito de levar atrações diferenciadas pra cidade, que vai muito mais além do Punk e HC. Diferente do Dias de Caos que era um evento encabeçado pelo Distúrbio Sub-humano. Tem o objetivo de unir o cenário Rock Autoral mais de uma forma geral. Um dos principais eventos foi quando trouxemos o Hateen em parceria com a galera lá de Mariana. Também teve o lançamento do 1º disco da Montese que foi um festival muito legal que trouxe o Statues On Fire e o Plastic Fire. Pra esse ano ainda não conseguimos nos reunir pra decidir algo por que a galera ta muito ocupada com família, trampo, cada um com sua banda trampando em disco novo, etc. Mas Devemos armar algo pro segundo semestre.

 

CEP: Como você se relaciona com as bandas da sua região, faz algum trabalho junto a elas?
Enio: Relacionamento com todo cenário é maneiro. Desde o Metal até a galera do rock mais alternativo. Geralmente tem um povo que fala “- Dá ideia no Enio que ele pode te ajudar…”(rsrs). Sempre faço trampos pras bandas como Site, banners, flyers, vídeos, fotos, banquinha de merch, roudie, co-produção, escrevo musica pra outras bandas, etc. Verdadeiro “Severino do Underground” (Rsrs).

 

CEP: Recomende algumas boas bandas da sua região.
Enio: Puts. Vai algumas que eu lembro agora de vários estilos. Se eu me esquecer de alguém me desculpem.
Distúrbio Sub-Humano, Montese, Arc-Over, Drástiko, Pense, Isso, Southall, Kkfos, Drowned, Eminence, Carahter, Postura, Possuídos, Expurgo, Desistência Zero, Mata Borrão, Dops, Warfactor e por ai vai.
Procurem no Spotify uma playlist chamada MINAS UNDERGROUND. Lá vocês encontram muita banda legal. Se a sua preferida não tiver lá só incluir.

 

CEP: Quais são seus outros projetos atualmente?
Enio: Atualmente só estou tocando no Distúrbio Sub-Humano que sempre foi minha banda principal (e lá se vão 19 anos) e estamos pra lançar nosso 3º Disco. Fora isso sempre estou ajudando alguma banda com alguma coisa das que já citei.

 

CEP: Qual a principal dica que você deixa pra quem está entrando na cena autoral agora?
Enio: Tenha amor pelo seu trabalho, aceite críticas, ande até aonde seu pé alcança e o mais importante, não espere nada cair do céu, FAÇA VOCÊ MESMO!

 

CEP: Um recado final.
Enio: Obrigado mais uma vez por poder participar.
Fiquem ligados na cena de sua região e procurem alguma maneira de ajudar. Se for de banda bora movimentar. Se for público bora comparecer nos eventos. Acessem a page da Levante Produções no Facebook, curtam minha banda Distúrbio Sub-Humano nas redes sociais e sempre acessem o Cultura Em Peso.
Grande abraço a todos!

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