Nos dias de hoje as pessoas debatem sobre tudo, qualquer assunto que se leva em qualquer esfera, tudo vai para o lado político, essa queija acontece com mais incidência, no meio musical, isso se alastra até no underground. As reclamações e discussões chegaram a um ponto em que colocaram em cheque toda a questão da cena, me refiro que algumas bandas e estilos que sempre primaram por posicionamentos políticos e sociais, bandas formadas por pessoas (não maquinas sem sentimento e ideologias), que até então, tinham bem definidos seus lados e posições, normais e alinhadas com o estilo que tocavam. Digo que alguns estilos, não conseguem estar separados de discursos políticos e questões ideológicas bem definidas, que se misturavam homogeneamente com o estilo que tocavam. É inegável que quando se falava que tal banda era punk já vinha automaticamente discurso anarquistas, antifascista e antirracista, assim como se falava em bandas de metal mais extremo, vinham imagens de cruzes invertidas e blasfêmia feroz ao judaico cristianismo e por aí vai. Não se discutia que tal banda de tal estilo tinha o direito de não seguir tal ideologia, era inerente a cada estilo, se estivesse fora disso, estava fora do estilo. Não digo que está correto ou errado, apenas era assim desde quando estrei no estilo (isso lá na metade dos anos 80) e pelo que sei sempre foi assim desde que os estilos se subdividiram em nomenclaturas e denominações distintas. Alguns estilos fazem muito sentido um posicionamento abertamente político ou antirreligioso, isso porque como e onde se formaram e as condições dessas formações, o que não faz sentido é o que alguns advogam, dizendo que a música ou estilo devem ser livres de amarras políticas ou ideológicas, se esquecem que a maioria da arte feita do século vinte pra cá é puramente propagandista e narcisista, sem se atentarem que a política esta sim em todos os lugares e esferas da sociedade, não se pode e não se deve tentar abortar a música e a arte da política e das ideologias, pois isso descaracterizaria a arte em si, pois arte nenhuma foi criada para ser alienada e desprendida da realidade social das sociedades a que são inseridas, até a arte mais niilista é por si só uma contundente crítica a humanidade, e a humanidade é em si política, pois política acontece onde se tem mais de uma pessoa, ou seja, faz parte da característica humana, inseparável desde que nós fizemos por organizações , desde as mais primitivas e tribais , a política ali se faz. A Arte é sim política, até a falta dela, ou a tentativa de se afastar dela, é uma forma de se fazer política.
Então músicos que se dizem apolíticos, todos, até aqueles que gritam no palco que o que importa é sua música, se divertir e apenas música pela música, vocês fazem parte da política humana, e fazem parte da política social o tempo todo, mesmo achando que não, não falar explicitamente não quer dizer que você não faça parte dela.
Nos últimos meses bandas de metal, punk e etc., tiveram problemas com suas declarações ou atitudes, algumas por vontade de se afastar do debate nacional que ocorre desde os últimos seis anos, outras por não terem se apercebido do que citei acima, acharem que se pode separar música da política, acreditarem que é possível separar as coisas que são inseparáveis.
Chega ser impressionante como as coisas mudaram nas últimas décadas, para pessoas que gostam de política e sempre se envolveram nela, mesmo aquelas que faziam música ou de alguma maneira estava envolvida com ela, era latente toda a problemática em questão, por isso que algumas bandas não eram aceitas no meio punk , outras eram rechaçada no meio Black metal e por ai vai, mas foi preciso uma guinada de 180 graus na política brasileira para as contradições e similaridades virem à tona de uma maneira geral e nunca vista antes, os ignorantes que não conseguiam ver política na música estão inconformados e criticando a “politicagem musical” , a cisão e ruptura de lados e posições e o ataque aos neutros ( ou que querem mostrar neutralidade em sua música ) vindo de todos os lados, isso foi preciso pois dos dois lados as pessoas se posicionaram e perceberam que música faz parte da realidade da sociedade como um todo.
O momento da sociedade mundial, em particular a brasileira, estão em momentos cruciais e bem particular, as transformações e maneira de se ver e entender o mundo globalizado, não trouxe aproximação da humanidade, e me parece que ocorreu o contrário, estamos nos separando mais e deixando mais claro as diferenças humanas, diferenças que sempre existiram, seja no âmbito político, sexual, social, étnico, regional e etc., defendiam que a globalização iria aproximar as pessoas e suas culturas múltiplas, que não seria apenas pelo mercado financeiro , mas uma proximidade que iniciaria um período de mais tolerância as inúmeras diferenças culturais, mas não foi o ocorrido. As coisas se extremaram em uma proporção tamanha que chegou até na área musical e no seu subterrâneo, o underground.
Hoje é impossível se ter uma banda por mais alienada que possa ser, e não estar ciente, antenada, e o lado político, social e racial bem definido e claramente escolhido, não temos mais separação alguma entre mundo musical e “mundo real” (ao meu ver nunca teve), acostumem-se.

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