Comida e música, uma combinação que é uma aposta segura. Por isso, mais um ano, Sevilla voltou a celebrar o CACHOPO FEST na SALA X com um trio de bandas diverso mas que prometiam uma boa festa.
Na tarefa da apresentação estiveram os colegas do programa “ELECTROSHOCK”, um podcast dedicado à música rock e metal. Como bem disseram nessa apresentação, o aperitivo do menu era o trio “BLEEDING ROCK”.
Ainda havia pessoas acabando os restos de suas cervejas antes de entrar na sala, embora não tenham demorado muito para começar a encher o local. Eles começaram com You Can’t see Me, fazendo vibrar com seu hard rock de toque sulista. Desde o primeiro minuto já se podia ver o desejo que tinham de dominar o palco e deixar um bom sabor na boca. Continuaram com Different Kind e Solo Queda Morder, demonstrando o ótimo som que têm e com a boa preparação que havia na sala, tudo indicava que nada sairia errado.
O que realmente chamou a atenção foi o fato de como em apenas dois dias, EMILIO KANINA foi capaz de aprender as músicas da banda para substituir KIKE que não pôde comparecer por motivos de força maior. Sendo um músico de alto nível (por isso é bem conhecido em Sevilla que é raro o projeto em que não toque), parecia que já estava tocando com eles há muito tempo devido à boa sintonia. I’m Guilty e My Medicine nos levava ao meio de sua apresentação, com uma sala que ia se enchendo cada vez mais.
Como disse Abel, tudo que é bom tem que acabar e tinham que dar lugar depois às outras duas bandas, por isso continuaram com sua dose de rock com Lucky Man. Para aquecer ainda mais o ambiente, decidiram interpretar um hino da música como é o War Pigs do Black Sabbath para, ironicamente, finalizar com The End.
O concerto deste trio foi muito divertido para aquecer o corpo para o que vinha por parte das outras duas bandas. Mas, como disse anteriormente, o que tem mérito de seu concerto foi que, com um imprevisto como o que tiveram, encontraram uma solução que lhes veio como uma luva e lhes serviu para poder oferecer uma grande atuação.
Seguindo com as comparações de comida, era o momento do primeiro prato: “TOOTH_UNLABELED_SOCIETY”, que iriam aumentar um pouco mais as revoluções com seu toque progressivo.
O que me chamou realmente a atenção por parte da banda foi que começaram sendo cinco sobre as tábuas para seu início com The Realm of Ignorance, embora somente tenha sido para interpretar esta música e depois se soube que era um amigo da banda que lhes deu uma mão para dar um melhor toque. Continuaram com a apresentação de seu último LP “THE DARKEST PATH” com Shores of Rubicon e Through the Storm, com um público que já desde o início estava muito metido no concerto e que enchia a sala quase em sua totalidade.
Como de costume, sua apresentação vai aumentando cada vez melhor que, combinado com seu som, só faz que o grupo vá crescendo. Isso se traduziu com Lullaby, já que cada vez sabem unir melhor os elementos musicais e visuais. O que continua chamando a atenção é o enorme talento que tem seu jovem baterista, que continua deixando alucinado a todas e cada uma das pessoas que o veem se manejando com as baquetas pela primeira vez.
Cada vez que vejo este grupo, me ocorre o mesmo, vejo que estão subindo como a espuma pela perfeita combinação que têm entre som e apresentação
A segunda parte do concerto se desenvolveu com Cursed e o ambiente estava mais do que aquecido, as pessoas não paravam de mover o pescoço ou todo o corpo diretamente pela energia que transmitem. Orphan foi a escolhida para continuar e nos aproximar do final de sua atuação, porque continuaram com a que foi a escolhida para seu último videoclipe, Rotten. A canção escolhida para dar o encerramento, como é habitual com eles, foi Beneath the Shadows of Filth, deixando o público com vontade de mais.
Cada vez que vejo este grupo, me ocorre o mesmo, vejo que estão subindo como a espuma pela perfeita combinação que têm entre som e apresentação, algo que hoje em dia é muito valorizado e que, com esse estilo de metal que têm, só é questão de tempo que se lhes vão abrindo mais portas, já que têm uma considerável legião de fãs que conseguiram criar a pulso.
Chegava o momento do prato principal da noite, aquele que tentaram trazer há quatro anos mas que uma pandemia impediu.
Por fim chegou a hora de ver a MIND DRILLER na capital andaluza, algo que não tinham feito em seus 12 anos de história, para apresentar seu último disco, THE VOID.
Como era de esperar, se via chegando a enorme apresentação que iam desdobrar junto com seu som industrial que faz impossível que você fique quieto durante suas músicas. Game Over foi a encarregada de dar o tiro de saída para colocar o público no ritmo e seguiram com Armour dando um início com esse último disco. Como era de esperar, não iam deixar de lado seus trabalhos anteriores, por isso seguiram com Psycho depois de dar as boas-vindas ao concerto à gente.
Poucas palavras há para poder descrever a energia que transmite este grupo, que faz que você tenha vontade de pular e dançar até que seu corpo não aguente mais (até mais se possível). Insanity e Happy Hunting continuava fazendo que tivessem o público na palma de suas mãos, algo que se notava nos rostos dos seis, porque mal podiam disfarçar o quanto estavam se divertindo vendo a atitude dessa sala cheia de gente. O som era incrível e a iluminação ia perfeitamente sincronizada com sua apresentação que, com os demais elementos que traziam, davam um toque extra sensacional.
Depois de voltar a visitar seus trabalhos anteriores com Man1kí, era o turno de voltar a seu último disco com o single de The End of the World, que já converteu a sala em uma pista de dança, porque olhasse onde olhasse, só podia ver as pessoas mexendo o corpo, o mesmo que o grupo. O problema era que, conforme seguiam tocando, mais perto estava o final. Calling at the Stars e A.I. eram o aviso do inevitável final que ninguém queria (de fato, a gente pedia que não se retirassem do palco). Mas, como bem se diz, tudo que é bom tem que terminar, por isso decidiram pôr a cereja no bolo com dois de seus grandes sucessos: Rotten e The Fallout.
Tinha muita vontade de poder ver enfim a este grupo em uma sala e, com certeza, não decepcionaram com a combinação de som, iluminação e demais apresentação que levam em concerto. É mais, muitas das pessoas que estavam no concerto não conheciam o som da banda e o que mais se ouvia ao sair da sala era a grande descoberta que foi vê-los e que os anotariam para ouvi-los em casa ou, diretamente, saindo com merchandising da banda.
Em linhas gerais, mais um ano, o CACHOPO FEST ofereceu um menu musical variado mas de uma grande qualidade para uma sala que estava quase cheia de gente que não parava de desfrutar das atuações dos três grupos que ofereceram grandes atuações e que, tanto bandas como público, acabaram com um grande sabor de boca. Já só falta esperar ao ano que vem para conhecer qual será o menu musical que nos ofereça a organização na que será sua quinta edição.