Passaram-se três anos desde que saiu o primeiro cartaz de uma das digressões que mais expectativas podem gerar em terras espanholas. O primeiro pôster que saiu foi de Kreator, Lamb Of God, Power Trip e Gatecreeper. Devido à pandemia, aquela primeira formação de bandas não pôde ser aproveitada, pois, infelizmente, Riley Gale (vocalista do Power Trip) faleceu, deixando o grupo com um futuro incerto. Aquele concerto foi adiado para uma nova data e um novo alinhamento substituindo Power Trip por Thy Art Is Murder, dando um acabamento dourado com o seu implacável deathcore mas, devido às incertezas pós-covid, foi novamente adiado dando origem ao concerto que vivemos em Barcelona Em 14 de março de 2023, eles tiveram novamente uma mudança de line-up para substituir os últimos por Lixo Municipal e retirar o Gatecreeper do cartaz.

Depois de todo aquele quebra-cabeça para combinar datas e bandas convidadas, o dia chegou, e cara, ele chegou.

Desde antes de as portas abrirem já dava para perceber como a fila estava ficando cada vez maior. Sejamos honestos, pendurar um cartaz esgotado em Barcelona na sala Razzmatazz numa terça-feira de semana e onde os concertos começam às 6 da tarde, acho que tem um mérito enorme e que fala muito bem do prestígio das bandas e, acima de tudo, a vontade e a fé que as pessoas tinham neste concerto, porque, a bem da verdade, parecia que esse dia nunca chegaria.

MUNICIPAL WASTE

Antes da noite de Thrash, Groove e Cossover com Municipal Waste começar, a sala já parecia estar lotada como se os headliners da turnê estivessem tocando. Os da Virgínia raramente passam por Barcelona, ​​mas quando vêm sempre têm um público fiel que os acompanha (que me inclui, a Municipal Waste está sempre no meu time). Desde 2017 eles não param em Barcelona para nos deliciar com seu crossover de tesão.

Photo Marc Zapata | @culturaempeso

A música ‘I’m a Rebel’ do Accept começa a tocar e Mike Foresta e Ryan Waste começam a animar as pessoas para começar a aquecer seus pescoços enquanto começam com ‘Demoralizer’, uma música de seu novo álbum que você tanto gosta. Uma boa forma de começar o espetáculo pedindo por fossos circulares e para que o público neles mergulhe totalmente. Eles seguiram com ‘Breathe Grease’, ‘Mind Ereaser’ e ‘The Thrashin’ Of The Crist’ quase imediatamente com Nick Poulos em um estado de graça com seus solos afiados e rápidos e um Dave Witte diabolicamente enérgico batendo nos toca-discos.

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A esta altura o Municipal já tinha todos no bolso, mesmo quem ainda não conhecia esta banda.

Poison the Preacher‘ e ‘Grave Dive‘ foram os próximos. Neste ponto Tony Foresta, Landphil e Ryan disseram que só tinham visto uma pessoa surfando na multidão e que isso não poderia ficar assim, incitando as pessoas a se revoltar e fazer mais e se não o fizessem com o próximo tópico Não iam ficar satisfeitos dando origem a ‘You’re Cut Off‘ e ‘Sadistic Magician’, algumas canções muito queridas do público onde se gerou a loucura e alguns moshpits bestiais.

Eles continuaram fazendo contagens de crowd-surfing, mas os números não pareciam melhorar, dando origem a conversas bastante engraçadas entre os membros da banda, já que apenas 6 pessoas haviam feito isso até então.

Eles continuaram com ‘Slime and Punishment’, ‘Headbanger Face Rip‘, ‘Blood Vessel‘ e ‘High Speed ​​​​Steel’.

Anunciando que eles tinham mais três músicas para terminar, eles começaram a espalhar a palavra com ‘Wave of Death‘, um instrumental poderoso e bucha de canhão para bater cabeça. E fechando com as grandes favoritas ‘The Art of Partying‘ e ‘Born to Party‘ com o público já aplaudindo o mítico ‘Municipal Waste is gonna fuck you up!‘.

 

Photo Marc Zapata | @culturaempeso

Um show curto (35 minutos) mas cheio de músicas, thrash e diversão que deixou o público já ansioso pelo que viria a seguir.

KREATOR

É a vez do melhor thrash, é a vez do Kreator. Quando os alemães começaram, a sala já estava lotada. Você pode dizer que a Espanha ama o Kreator.

Os teutões começaram com a introdução ‘Sergio Corbucci is Dead‘ e continuaram com ‘Hate Über Alles‘ de seu novo álbum. O som que eles produziram foi impecável, como costumam ser. Eles seguiram com ‘Hail To The Hordes’. Quando Mille terminou, ele pediu um Wall of Death e perguntou aos participantes se eles estavam prontos para o que estava por vir quando a introdução de ‘Awakening of the Gods’ começou a tocar e depois ‘Enemy of God’

Photo Marc Zapata | @culturaempeso

Con ‘Enemy Of God’ el público ya estaba super entregado, pero cuando sonó ‘Phobia’ acabó de poner todo patas arriba y dejó a todo el mundo cantando a pulmón.

 

Pasamos directamente a la primera etapa, y a la más brutal de Kreator con ‘Betrayer’ donde el mosh no paró de principio a fin.

Continuamos com ‘Satan is Real‘, uma grande canção do álbum anterior que veio para ficar e é que, na minha opinião pessoal, é a melhor que o Kreator lançou na última década. Aqui poderá apreciar o talento de Sami Yli-Sirniö com as suas melodias e solos onde, apesar da sua complexidade, mantém-se sempre hierático.

Photo Marc Zapata | @culturaempeso

Em seguida, outro hino moderno como ‘Hordes Of Chaos‘ foi lançado, outro favorito do público, onde o corpo, a alma e algo mais foram deixados no mosh. BRUTAL.

No final, eles foram direto para ‘666 – World Divided’, uma música que talvez não se encaixe muito no poderoso show ao vivo que eles estavam oferecendo até agora. No final, a introdução ‘Mars Mantra‘ começou a tocar, onde alguns membros apareceram no palco disfarçados de grim reaper. O público com esta introdução já sabia o que estava prestes a bater em seus rostos. Com certeza, era o ‘Anticristo Fantasma’! Certamente a música que mais seguidores atraiu para o Kreator nos últimos tempos. Aqui devemos destacar o dinamismo de Frédéric Leclercq, o baixista que se estreou nesta digressão, e de Jürgen Reil que, com quase 60 anos, partilha com a bateria que muitos gostariam de fazer o mesmo.

Photo Marc Zapata | @culturaempeso

Seguiram com ‘Strongest Of The Strong‘, uma música onde o público foi um pouco frio. E preparando o fogo de artifício final eles começaram com ‘Flag Of Hate’ com um Mille levantando e agitando a já característica bandeira, ‘Violent Revolution’ e com ‘Pleasure To Kill’. Já faz anos que o Kreator sempre termina com a mesma música, talvez eles devessem colocar alguma surpresa para encerrar seus shows.

Este show foi bastante curto para mim e talvez eu tenha perdido algumas músicas como ‘People of the Lie’ ou ‘Terrible Certainty’, mas ei, o show oferecido não foi ruim.

 

 

LAMB OF GOD

As pessoas estavam muito ansiosas para ver os da Virgínia esta noite. Lamb of God tornou-se uma daquelas grandes bandas da nova onda do metal que está permeando cada vez mais profundamente, embora já tenham uma carreira bastante prolífica.

Eles começaram com ‘Memento Mori‘ como se sugerissem que era o que aconteceria durante o show, as pessoas iriam morrer no moshpit e dar tudo de si.

Continuaram com ‘Ruin‘, um clássico da banda e um dos preferidos do público (inclusive eu), uma demonstração de brutalidade e poder que ofereceram com essa música onde Randy deixava sua voz a cada gutural e grito daquele hit.

A dupla de guitarristas Willie Adler e Mark Morton explodiram as primeiras notas de ‘Walk With Me In Hell’ e a multidão foi à loucura.

O jogo de luzes para este show foi um pouco assustador e escuro com luzes vermelhas e roxas e deixando muitas sombras que combinavam maravilhosamente com ela.

Eles seguiram com ‘Resurrection Man‘ e ‘Ditch‘, canções de seus dois últimos álbuns às quais o público parece ter reagido bem, mas talvez não com a intensidade das canções anteriores.

As pessoas foram reativadas quando tocou ‘Now You’ve Got Something To Die For‘, outra das músicas mais ouvidas.

Quando eles seguiram com ‘Contractor‘, eu não pude acreditar. Essa música é uma máquina destruidora de cervicais por não conseguirem parar de bater cabeça, uma das músicas esquecidas deles mas a que mais pega bengala. Fiquei impressionado com a energia e como eles tocaram bem, com um grande Art Cruz que foi de menos para mais desde que entrou na banda. Tiro o chapéu para este tópico. Logo após esta música ele continuou quase sem pausa com ‘Omerta‘ e ‘Omens‘, com o que me surpreendi com a boa aceitação do público. Não é de admirar que seu último álbum tenha se saído muito bem.

Passando o meridiano do show, tocaram ’11 Hour’, onde houve uma bagunça marrom no mosh e ‘512’ onde o público deixou suas vozes cantando o refrão. Mas nada do que tínhamos visto nos preparou para o último petardo que os americanos nos reservavam: ‘Vigil’, ‘Laid To Rest’ e ‘Redneck’. Que maneira de terminar um concerto e fechar a noite. Um pouco mais e a sala Razzmatazz desmorona.

Uma noite cheia de metal que vale a pena recordar e que valeu a pena cada dia de espera que tivemos de fazer.

 

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