Olá senhoras e senhores, meu nome é Elvis Siqueira, antigo colunista sobre a religião nórdica/escandinava, odinismo, assatrú, mitologia nórdica, ou como preferir falar. Estive conversando com o mestre Iuri, e retornarei com as colunas sobre o tema. Antes de prosseguir com a história, gostaria de pedir desculpa ao leitor por ter parado com a coluna, se você lia e achava interessante realmente me desculpe, se lia e não gostava ou não conhecia, seja bem vindo e de uma olhada em minhas colunas escritas em 2015.

Pois bem, vamos começar hoje com a história de meu Deus favorito, de longe o cabra mais macho de todo panteão, e também, a meu ver o mais injustiçado, pois graças aos outros deuses serem arregoes ele perdeu seu braço. É isso mesmo amigos, Týr, o pacificador, o senhor da coragem, o Deus o qual Odin não deveria olhar no rosto pois não tem moral pra isso.

 

Você caro leitor deve estar se perguntando: “Mas Elvis, por que diz tamanha besteira? Por que menospreza o nome de Odin?”. Meu querido leitor, eu não o menosprezo, mas estudei o suficiente pra saber que Odin é quase tão traquinas quanto Loki, então cuidado meu amigo, ou você pode acabar como Týr.

Tudo começou na segunda parte da Edda em Prosa, o Gylfaginning. Onde um Rei, chamado Gylfi, deu a uma Vanir chamada Gefjund (na edda é dito que ela é da família dos Aesires, mas ela é uma Vanir) um pedaço de terra, e nesse pedaço de terra ela pegou alguns filhos dela com um gigante, que tinham o formato de bois, e arou tudo, de maneira tão forte que a terra literalmente rasgou no meio, foi puxada, e criou o que conhecemos hoje pela Zelândia (não confunda com Nova Zelândia).

Gylfi viu aquilo e pensou basicamente que algo de errado não estava certo, pois tudo que os Aesires queriam acontecia, e como ele era um rei conhecedor de magia, pensou em visitar Asgard. Nessa visita a Asgard ele se encontrou com Odin que ali se chamava Hárr, e tiveram grande conversas. E assim começam as varias histórias a serem contadas dentro do Gylfaginning.

Finalmente vamos para tyr. Tudo começa quando os deuses descobrem três filhos de Loki sendo criados em Jötunheim, filhos esses que segundo uma profecia (chamada de Ragnarok) causariam um monte de problemas. Então alguns deuses foram enviados e capturam esses filhos de Loki, Jogando Jörmungandr no mar, colocando Hell em Niflheim lhe dando a função de governar aquele reino e por fim não sabiam o que fazer como lobo Fenrir. Como todo mundo era muito medroso pra cuidar de um simples lobo, Týr foi o único cabra macho que cuidava e dava comida para ele!

O lobo crescia rápido, e ficava forte, e em quanto Týr se preocupava com cuidar do lobo, o resto dos deuses, todos amedrontados resolveram criar uma corrente para prende-lo, foram até o mesmo e fizeram um desafio:

Deus qualquer – Ei lobinho, meu amiguinho, já que tu és o monstrão, por que não quebra essa corrente aqui ó?

Fenrir – Tão tá, traz aqui essa correntinha, vou fazer virar pó.

Nisso prenderam a corrente em Fenrir que com um puxão simples a fez virar cacos. Tudo bem, passou um tempo, os deuses fizeram uma corrente nova, duas vezes mais forte, e foram desafia-lo.

Deus qualquer – Chega mais meu lobo, temos uma corrente nova aqui, a gente estava pensando que se você quebrar ela, vai ser o cara, o famosão!

Fenrir – Você disse famoso? Passa essa correntinha pra cá, vou te mostrar que ninguém consegue prender o lobão aqui!

Dito e feito, a corrente virou pedaço. Os deuses todos começaram a pensar que o lobo nunca poderia ser contido. É triste que eles nunca tenham parado pra pensar que se cuidassem bem do lobo, em vez que tentar brincar de prender ele, talvez surtiria mais efeito, mas a força do cagaço é incontrolável.

Já enjoados de ter que ficar criando correntes para Fenrir quebrar, Odin mandou um mensageiro para a terra dos elfos, no subterrâneo onde residiam os anões (sim os anões residiam na terra dos elfos, mas falaremos sobre elfos e anões outro dia). O mensageiro pediu para que uma corrente inquebrável fosse feita, e os anões pediram para que ele trouxe-se seis coisas. O barulho de um gato caminhando, a barba de uma mulher, as raízes de uma montanha, a sensibilidade de um urso, a respiração de um peixe, e o cuspe de um pássaro.

Sim meus amigos, com esses ingredientes os anões criaram uma corrente, macia, sedosa, uma fita que parecia muito frágil para prender o lobo. Muito bem, corrente pronta, hora de convencer o lobo!

 

Deus qualquer – E ai Fenrir, quanto tempo, ta a fim de quebrar mais uma correntinha pra ficar famosão!

Fenrir – Bora lá, como é a corrente dessa vêz? Enorme com elos de aço? Quero quebrar tudo, BRIL!

Deus qualquer – Muito mais fácil fenrir, é uma fitinha! Você terá poucos problemas.

Fenrir – Ta maluco meu? Que fama que vou ganhar quebrando uma simples fita? Tu acha que sou burrão? Isso ai tem mutreta! é marmelada, to ligado já!

Deus qualquer – Poxa fenrir, mas é uma fita muito forte, nenhum de nos deuses conseguiu arrebenta-la!

Fenrir – humm, nenhum né?

Deus qualquer – Isso mesmo!

Fenrir – certo, certo, eu vou para vocês não dizerem que sou medroso, mas não me tenham como idiota, quero que um de vocês coloque a mão na minha boca, para garantia que vocês vão me soltar caso eu não arrebente a fita!

 

Nesse momento todos os deuses gelaram, e agora? Quem certamente jogaria um braço fora? Então Týr chegou até o lobo e colocou a mão na boca do animal! Sim, Týr for o mártir para a mentira dos Deuses com o lobo, o homem que alimentava e cuidava de Fenrir. O animal se debatia para se soltar da fita, e quanto mais o fazia, mas ela apertava, então desistiu!

 

Fenrir – Ai Týr, me desamarra desse bagulho, não da pra mim não, o bagulho é full magia e feitiçaria!

Týr – Não vai da não!

Fenrir – Que não vai da o que! Não quero comer teu braço não irmão!

Týr – Perdeu Fenrir, Perdeu!

 

Suor masculino corria do olho de Týr e Suor lupino do olho de fenrir, mas o braço de Týr foi despedaçado!

Fenrir – Seu bando de deuses ***** ** ****, Týr seu infeliz, eu vou come todo mundo, nem a vó da chapeuzinho escapa, vou sair daqui e traça até a freya…

 

Em quanto gritava os Deuses deram um jeito de enterrar o lobo, mas ele não parava de gritar, e então foi calado por uma espada entrando em sua mandíbula e saindo no focinho.

E assim terminamos a história de Týr e Fenrir. Com o lobo sendo iludido pelos deuses, e Týr tendo que entregar seu braço frente a covardia deles.

É uma história bem triste se pararmos para pensar, até por que em todos os casos temos somente a versão contada por Odin. Se Odin já fala de forma a Dizer que Týr é o mais corajoso, sendo que através desta história ele se menospreza, imagine como deveria ter sido! O deus deve estar até hoje puto da cara com o restante dos Deuses, mesmo indo por vontade própria, mostrando o senso de responsabilidade que ele tinha com a causa de Odin, ele deu seu braço por todos, para que pudessem aprisionar o lobo de qual tinham medo. Isso é mais que coragem, isso é honra perante a decadência dos outros.

 

Mas o que podemos aprender com tudo isso?

Bem, em primeiro caso, vemos que perante o medo descontrolado de algo, alguém sempre paga um preço, seja de forma justa ou não. Mesmo se vangloriando de ter criado uma tática de aprisionar o lobo, tudo foi pura esperteza, para esconder um medo absurdo, tendo os deuses fugido de seus medos, Týr se sacrifica, isto é, se você, em sua vida, continuar fugindo e adiando seus medos e batalhas, alguém irá sofrer por isso. Alguém deve pagar por falta de responsabilidade, e as vezes é alguém próximo que paga por isso! Busquem sempre suas responsabilidades e as enfrentem como guerreiros e guerreiras, para que possam entrar no valhalla com a cabeça levantada, e não ficar se lamentando em Niflheim !

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