Formada em 2010, na cidade de Santa Maria/RS, a Finita é uma banda de death/doom com a proposta lírica totalmente inspirada na morte e no macabro. Tem uma identidade sonora única, em que mesclam sons clássicos, melódicos e extremos, alternando o vocal lírico e o gutural com a talentosa Luana e é com ela que conversamos nesta entrevista. Confiram!

1) CULTURA EM PESO (CEP) – És uma vocalista bastante versátil, Luana. Consegue com maestria ir do gutural ao lírico. Como conseguiu assimilar estas técnicas vocais?

Luana Palma – Ah, muito obrigada! Fui criada em uma família muito musical, então cantar era algo natural para mim desde sempre, mas ninguém da minha família curte metal, fui descobrir que existia somente quando ganhei um quarto e podia ficar olhando MTV e, depois, meu leque se abriu com o pessoal da escola.

Luana ao vivo detonando com seu vocal incrível.

No segundo ano do ensino médio, o que viria a se tornar a Finita começou, e conforme escolhíamos os covers, vinham os desafios. O gutural veio quase natural, usei a mesma técnica que usava para latir de volta para os cachorros na rua (tenho até vergonha de citar essa parte, mas é verdade), fui entendendo como usar ouvindo muito ArchEnemy. Já o lírico foi algo realmente estudado, eu não sabia se estava fazendo certo ou não e, por ser uma técnica muito clássica, não queria passar vergonha. Fiz alguns anos de aulas particulares e participei de um coral por algum tempo. Agora, para unir tudo isso, uso uma técnica chamada CERVEJA.

2) CULTURA EM PESO (CEP) –  Na construção do vocal da Finita, quais são o(s)/a(s) vocalistas que mais te inspiram?

Luana Palma –No nosso embriãozinho de banda, a vibe era muito Epica, AfterForever, Nightwish. Então, as vocalistas dessas bandas acabaram influenciando muito meu estilo de cantar no início. Hoje em dia ainda tenho a FloorJansen como referência para os vocais melódicos. Já o gutural tem a base forte da AngelaGossow, que foi um dos primeiros guturais que ouvi e, certamente, o primeiro vindo de uma mulher e, depois que descobri Jinjer, adicionei a Tatiana Shmailyuk como referência. Hoje em dia, depois de alguns anos cantando, já tenho muito mais o Freddie Mercury como referência vocal melódica, pela quantidade de nuances vocais que ele consegue incorporar.

 3) CULTURA EM PESO (CEP) –  A Finita apresenta uma identidade sonora única, mesclando de forma genial sons clássicos, melódicos e extremos. Como se dá a composição das músicas?

Luana Palma –Agora vou agradecer pelo nosso guitarrista, o Portela. Ele sempre chega com a ideia pronta pra todo mundo, às vezes, quase com o álbum inteiro pronto, com quase todas as linhas, todas as letras. A bateria sempre fica por conta do batera mesmo, senão seria só bumbo e china. Antigamente tínhamos o Fabrício que compunha a bateria do jeito dele, agora, com o Pablo, as próximas músicas vão ter uma sonoridade diferente. Em verdade, a música chega pronta, mas raramente fica do jeito inicial, tiramos ela e durante os ensaios vamos tocando e sentindo onde as mudanças se fazem necessárias. Às vezes as músicas mudam mesmo após já tocarmos em shows. Algumas mudam mesmo depois de gravadas. Temperinho do caos, sempre.

Finita.

 4) CULTURA EM PESO (CEP) –O som ‘Lucifer’s Empire” tem uma atmosfera bem densa e sinistra. Bem bonitos os vocais melódicos líricos iniciais, o que influenciou a criar estes vocais?

Luana Palma –Começou como brincadeira, às vezes fico de fundo cantando os riffs enquanto o pessoal está tirando a música pelas primeiras vezes e desta vez, achamos que combinou com toda a atmosfera da música. Pensando na ideia da música, encaixa muito bem com o lamento de Lúcifer de dor e raiva quando os humanos matam seu filho único.

5) CULTURA EM PESO (CEP) –  A Finita aborda o lado sombrio da natureza humana. Como é transpor isso para as letras e interpretação vocálica?

Luana Palma –Bom, as letras vêm do lado sombrio do próprio Bruno, aí realmente não posso responder, mas a interpretação vem sempre condizente com o que está se passando na letra. A maioria das nossas músicas descreve uma situação bem clara em relação a contexto, cenário, personagens, então imaginar a situação acontecendo na minha cabeça é o que mais faço para ajudar na interpretação.

6) CULTURA EM PESO (CEP) – Algo bastante interessante e complexo é o conceito do álbum debut ‘VoicesFrom Sanatorium” (2015) que mostra as diferentes perspectivas da loucura. Comente quais fontes filosóficas e empíricas que utilizaram para compor este álbum.

Capa do álbum “Voices From Sanatorium” (2015).

Luana Palma –Segundo o Bruno, nosso doutor em Filosofia, a fonte principal foram as vozes da cabeça dele, mas sei que essas vozes leram muita coisa de autores contemporâneos que questionam o racionalismo moderno e seguem uma linha mais existencialista, como Nietzsche, Schopenhauer e Sartre. Isso é o que ele diz, e como ele é o único que não veio das exatas, só nos resta acreditar hahaha. Cá entre nós (e todo mundo que vai ler), a The Other Face eu sei que o Bruno escreveu imaginando o que uma ex- namorada sentia em relação à ele, logo depois de terminarem. A Awake eu lembro que é a única letra que o Fabrício escreveu, totalmente saída do coraçãozinho depressivo dele (agora em tratamento).

7) CULTURA EM PESO (CEP) – Um fato que destaca bastante em ti são as performances ao vivo, bem teatrais, incorpora, realmente, a música. É algo ensaiado ou é natural mesmo, improvisado de acordo com a energia do show?

Luana Palma –Geralmente é uma performance que vai se construindo show a show. Começa sempre sentindo a energia da plateia, testando os limites do palco(que geralmente é pequeno) e testando os limites do meu próprio corpo no momento. Sempre tem algo diferente que faço e acabo incorporando na performance de shows posteriores. Peço feedback de todo mundo quanto a isso e olho as gravações em vídeo, o que, às vezes, é um processo masoquista (hahaha). A real é que a emoção vem, acabo exa

Luana bem performática nos shows.

gerando e saio com o pescoço destruído, cabelo puro nó, ensopada em suor e com um zumbido no ouvido. Essa análise pós show começou há pouco, porque a idade e o sedentarismo começaram a cobrar o preço e algumas músicas demandam que eu guarde a maior parte da minha energia para a voz.

8) CULTURA EM PESO (CEP) – Qual é o som da Finita mais difícil, em termos técnicos, de ser cantada? Aquela que dá um frio na barriga no palco?

Luana Palma –Certamente é a The Fall, demanda uma energia enorme e, ao mesmo tempo, muita concentração para não perder o controle da voz. É sempre uma música que não pode ficar para o final. Já tem outras mais difíceis saindo do forno, aí eu que lute.

9) CULTURA EM PESO (CEP) –  Já fez parte de outra banda ou faz, além da Finita?

Luana Palma –Não, somente coros e participações especiais. A Finita sempre vai ser meu projeto musical principal, mas tenho muita vontade de ter outras vivências como vocalista, até para crescer como artista em um geral e agregar mais à banda.

10) CULTURA EM PESO (CEP) – Vocês têm vários clipes tocando no Metal Sul Festival. Como foi a experiência de serem escolhidos para tocar num fest tão bem estruturado como este?

Luana Palma –Eu ia dizer que a gente sentiu uma baita responsabilidade, mas, na verdade, estávamos muito felizes e gratos, só queríamos aproveitar ao máximo a oportunidade, que, dentro das nossas condições, foi o que fizemos. A gravação dos clipes foi justamente por saber que esse seria um dos melhores palcos em que estaríamos por um bom tempo. Só depois que tudo aconteceu que fomos sentir a responsabilidade que foi estar lá como a banda mais novinha do fest mostrando a cara para uma galera com muita estrada. Ainda bem que foi só depois, senão ia bater demais o nervosismo.

11) CULTURA EM PESO (CEP) – Parabenizo pela tua atitude na Finita e talento na execução dos vocais. Fale para os leitores do Cultura em Peso quais são os planos da banda e deixe os contatos para aquisição de materiais.

Luana Palma –Primeiro, muito obrigada pela oportunidade de bater um papo aqui, é a primeira entrevista que tenho que responder sozinha e tive que fazer aos poucos porque rolou muito suor nas mãos.

Agradeço também pelos elogios na parte que me toca, fico muito feliz que estejam curtindo nosso trabalho.

A Finita está com várias músicas pendentes para gravar e começamos o processo para mais um álbum (ou EP), onde pretendemos fechar a história contada no Lie. Serão as últimas gravações com o Fabrício, já que essas músicas ainda são composições de bateria dele. Ainda não sabemos se sairá material físico ou somente em formato digital, mas certamente teremos arte nova para estampar camisetas. Quanto aos shows, ainda é tudo meio incerto devido à pandemia, mas esperamos poder tocar em outras cidades onde nunca fomos (aceitamos convites).

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