13jun2015---refugiados-sirios-fogem-de-soldados-turcos-que-acionam-um-canhao-de-agua-para-afastar-os-imigrantes-das-cercas-na-fronteira-de-tal-abyad-em-akcak

 

 

Por Panda Reis – [email protected]

O planeta Terra é um mundo separatista, em que mesmo sendo da mesma espécie animal, somos completamente diferentes, mas não diferentes geneticamente, somos todos os Sapiens Sapiens idênticos, mas somos diferentes como mundo, mesmo vivendo no mesmo planeta, e com isso somos dependente do mesmo mundo (espaço físico). Somos diferentes culturalmente e o que deveria servir para tornar a nossa espécie mais interessantemente unida, e até para o bem da espécie humana, como um animal, que somos, e nossa continuidade como espécie e até evolução que deveríamos manter em curso e a relação entre humanos, foi isso, entre outras coisas, que nos trouxe até aqui e nos fez tornarmos Sapiens Sapiens. Porém em determinado momento da nossa caminhada histórica, decidimos nos separar entre iguais ou parecidos, esquecendo nossa unidade como espécie, criamos diversas espécies de nós mesmos, e colocamos um grau de importância, nisso, nos baseado em culturas que em algum momento se viram superiores as outras, isso conforme certas culturas conseguiram dominar as outras, subjuga-las e deprecia-las, demonizá-las, banhadas de superstições e uma visão unilateral, conseguiram dividir os Sapiens Sapiens em etnias e territórios geograficamente marcados e delimitados.

O mundo foi se separando cada vez mais em culturas, religiões, tonalidade de pele e idiomas e criando etnias e recriando culturas, que com o passar do tempo criaram-se, mantiveram uma animosidade entre os “diferentes”, culminando m conflitos que atravessaram séculos, e os motivos foram se misturando, se complicando ideologicamente, sincretizando-se de tal maneira que os Sapiens Sapiens não se identificam mais como iguais.

Isso pode ser visto nos dias de hoje muito facilmente. A circulação pelo mundo, mesmo ele sendo um só e o mesmo para todos, foi se tornando cada vez mais complicado, burocrático, xenofobico e racista, o conceito de nação ajudou a piorar ainda mais as coisas, chegamos ao ponto de ignorarmos a violência, os abusos ideológicos, a pobreza e os conflitos bélicos, sejam quais forem os motivos, e deixamos um outro humano morrer as portas de um País em que ele não esta “cadastrado” como nativo (mesmo o mundo sendo um só, de todos), morrem aos milhares em época de guerra, de conflitos e perseguições de extremistas religiosos, são ignorados nas fronteiras ou morrem no mar ou tentando chegar a outros países.

Sempre a humanidade sofreu com inúmeras e diferentes diásporas, voluntárias ou forçadas, por motivos diversos, sejam eles naturais ou bélicos, e a pose da terra sempre teve um significado muito forte para os humanos (pelo menos pós revolução agrícola), até mesmo antes, quando éramos coletores e caçadores, já se tinha um certo valor e respeito pela terra, mas não como pose, mas como comunal entre todos. Esse conceito da terra ficou fixado na mentalidade humana, e pós sedentarismo, esse conceito foi se alterando, conduzido por ideologias próprias, e não coletivas, fizeram-nos pensar que o local que nascemos à terra natal é nossa, mas não nascemos em territórios “cercados”, nascemos em um mundo e não em um país.

O que vemos hoje na Europa, e toda essa conversa, esse diálogo sobre refugiados que estão tentando buscar salvar suas vidas e de sua prole, migrando para o continente europeu, pessoas fugidas da morte, dos estupros, da tortura, se arriscando em travessias marítimas, trilhas perigosas, não se discute as origens das crises, se coloca tudo em um ‘catálogo” simplificado de terrorismo local, mas não discutem o terrorismo global e ideológico que nos separou, fazendo da terra que seria de todos, de alguns, e imprópria para outros.

Africanos, Sírios, sejam cristãos ou muçulmanos, são todos os Sapiens Sapiens, donos e herdeiros de toda a terra, assim como os europeus, eles buscam salvar suas vidas, suas origens culturais e seus direitos de crença e pensamento, usando a reação humana mais antiga, ou seja, fugir (o humano aprendeu a fugir antes de aprender a lutar), mas encontram sentimentos contrários, sentimentos tão carregados de ódio e pré-conceitos, que jogam esses refugiados entre duas frentes, a primeira do fanatismo religioso (seja do Estado Islâmico ou do Boko Haram) que os fizeram fugir, e da outra o xenofobismo, racismo e intolerância religiosa (aqui cristãos e muçulmanos radicais são muito parecidos). Recentemente ouvi argumentos vindo da Europa, de que esses humanos que estão fugindo , salvando suas vidas, iriam “estragar” a Europa, simplesmente pelas diferenças culturais e confundidos com muçulmanos radicais , são colocados no mesmo patamar dos extremistas que os perseguem, alegam que a cultura “inferior” desses povos tornaria o continente “pior” culturalmente, economicamente, que esses migrantes irão destruir os conceitos religiosos, morais, econômicos dos europeus, mas se esquecem que a Europa só saiu da idade das trevas quando começaram a “aprender” como oriente, mas esse fato não importa, assim como não importa que muçulmanos sejam parecidos , mas são muito diferentes entre si, a ignorância cultural é tamanha que nunca entenderam a questão Xiita e Sunita, e quando começaram a entender a relação entre essas duas correntes islâmica se alterou de novo, a verdade é que não lhes interessa entender a questão.

Isso me fez pensar sobre as diásporas que aconteceram durante toda nossa história humana, seus motivos e para aonde se deslocaram e como foram recebidas e posteriormente absolvidas, me fez lembrar a marcha judaica, o conflito entre protestantes e católicos e ao observar tudo, me faz chegar à conclusão que a separação da espécie humana foi feita de tal maneira que talvez nunca mais nos entendamos como da mesma espécie e que o conceito pátria, nacionalismo, capitalismo e todo o resto que esta diretamente ligado a toda essa problemática, nos colocou em posições tão opostas que criamos diversos mundos, vários planeta terra em um só, separados culturalmente e ideologicamente, mas ligado através da força quando necessário, quando a questão sufocar a Europa de tal maneira, que a xenofobia deles não tiver mais resultados e não barrar mais os refugiados, ai eles seguiram para ações bélicas mais contundentes, ações que eles conhecem muito bem.

Enquanto isso corpos chegam às praias européias como se fossem cardumes mortos, não pelo Estado Islâmico, mas pela ignorância humana.

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