Mayhem é a banda mais aguardada confirmada até o momento para o festival. Este artigo será dividido em duas partes. A primeira é principalmente para aqueles que não conhecem o Mayhem e não sabem o que aconteceu no início dos anos 90. A segunda parte é sobre o Mayhem atual, que, após um processo de reconstrução, deixa para trás o que aconteceu, ao mesmo tempo que se afirma nas raízes que eles mesmos construíram. Em resumo:

A palavra mayhem significa desordem violenta e prejudicial, e o nome foi retirado da música “Mayhem with Mercy” do “Venom”, que seria algo como dano com misericórdia.

Eles são um dos fundadores do black metal, não apenas no aspecto musical, mas também no ideológico, que tanto caracteriza o gênero, o que eles deixaram registrado em seu primeiro álbum de estúdio, “De Mysteriis Dom Sathanas“, lançado em 1994. Este é um álbum sombrio, ácido, melancólico, com ótimos riffs e com uma bateria (Hellhamer) que dá muita presença e energia. Contém “Freezing Moon“, um hino no black metal. Abaixo, uma fotografia de Euronymus (esq), Hellhammer e Dead.

A banda foi formada em 1984 por 3 adolescentes, “Necrobutcher” (baixo), “Euronymus” (guitarra) e “Manheim” (bateria), que eram seguidores do “Venom“. Eles lideraram o chamado “Black circle“, “inner circle” (círculo interno), composto pelas primeiras bandas de black metal norueguês autêntico (Mayhem, Darkhrone e Burzum). Este grupo cometeu uma série de crimes, alguns alinhados com a ideologia que pregavam, outros simplesmente de ódio. Seu repúdio a outras bandas e à própria audiência que não fosse “merecedora” de sua música estabeleceu as bases da comunidade trve. Há tanto a dizer sobre a banda que, em 2018, o cineasta e baterista fundador do Bathory, fez o filme “Lords of Chaos” (baseado no livro homônimo), que não foi bem recebido por ex-membros do círculo interno, enquanto na crítica pública foi diversa. Escuridão, assassinato, suicídio, misticismo, anticristandade, são alguns dos termos que podem ser usados para descrever o Mayhem, uma das primeiras bandas clássicas do que atualmente é chamado de metal extremo.

As apresentações ao vivo no underground, seu repúdio explícito ao cristianismo e os crimes cometidos na cena os popularizaram tanto na cultura underground quanto na mídia nacional. Para muitos (e ironicamente apropriado), a essência do Mayhem morreu junto com “Dead”, vocalista de 1987 a 1991, ano em que se suicidou. Apesar de não ser membro fundador, ele foi uma grande influência, já que sua obscuridade e obsessão pela morte deram o selo característico da banda, e foi durante esse período que começaram a chamar a atenção. Além disso, ele introduziu a “pintura de cadáver” no gênero. “Euronymus” encontrou “Dead” depois que este se disparou na cabeça com uma espingarda. Ele saiu de casa para conseguir uma câmera, arrumou a cena, tirou uma fotografia e depois ligou para a polícia para relatar o que aconteceu. Dead deixou uma nota pedindo desculpas pelo sangue e indicando que já ia “acordar”, pois ele não era humano e a vida era como um sonho para ele. Essa foto foi usada como capa do álbum “Dawn of the Black Hearts“, gravado ao vivo em 1990 e lançado em 1995.

Em 1993, o Conde Grishnackh, então baixista da banda (e único membro do Burzum), assassinou Euronymus, dando-lhe 23 facadas, 16 delas nas costas. A rivalidade e o conflito de protagonismo entre os dois eram bem conhecidos. As condenações na Noruega são baixas, então Varg Vikernes (seu nome real) passou 15 anos na prisão pelo crime. Em 2019, em entrevista à Loudwire, Necrobutcher confessou que ele mesmo ia matar Euronymus; estava chateado com ele desde que tirou a foto do cadáver de seu amigo, “Dead”, o que aumentou depois que ele foi substituído por Grishnackh às suas costas.

O Mayhem parou por um tempo, mas foi no próprio funeral de Euronymus que a nova formação da banda foi definida. Atualmente, a banda se concentra na música com uma visão diferente da dos anos 90, sobre a qual falaremos no próximo artigo.

 

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