Eu queria fazer algo um pouco diferente, não apenas uma entrevista e sim um bate papo com um amigo e eis que surge  essa conversa no Mensseger, e divulgo aqui esse especial  da banda Arandu Arakuaa.

Banda formada em 2008  vem fazendo trabalhos um mais especial que o outro, trazendo a nossa cultura Indigena e elementos ligado ao povo brasileiro .  Arandu Arakuaa que em tupi-guarani significa: “saber dos ciclos dos céus” ou “sabedoria do cosmos” Lançou no ultimo dia 9 de Julho o clip Huku Hêmba Espírito da Onça do do cd  ‘Mrã Waze’ que será lançado em breve. Confira essa conversa que eu tive com ele assim apresentando a nova formação da banda  e sobre o Novo cd !

*Texto revisado por : Vivi Alves

01 – Primeiro gostaria de agradecer por essa entrevista e dizer que o clipe está perfeito. Em que lugar foi filmado?

Zândhio Huku – Nós que agradecemos. Pra mim é uma grande alegria poder compartilhar esses momentos com todos que nos apoiam. O videoclipe foi gravado no Salto do Itiquira, em Formosa – GO. Um lindo lugar! Na primeira vez que lá estive soube de cara que teríamos que gravar um clipe lá. Por sorte conseguimos essa façanha e o diretor Caio Cortonesi mais uma vez fez um grande trabalho.

02 – Acompanho a evolução do Arandu Arakuaa desde o EP e cada música sempre nos impressiona. Na Música Huku Hêmba, percebemos uma qualidade única da banda, não perdeu sua identidade. Qual foi a inspiração ?

Zândhio Huku – Pessoalmente acho que a banda surgiu de algum tipo de acidente, começou com um grande “foda-se meu”, no sentido de fazer algo que realmente fosse muito honesto e que eu não precisasse rotular aquilo. Claro, logo nas primeiras músicas rolou Metal, músicas indígenas e música tradicional do Norte/Nordeste, e não poderia ser diferente, pois é quem sou e de onde venho. Por sorte a banda sempre contou com grandes músicos que trouxeram sua bagagem e também com um dos melhores produtores do Brasil, que é o Caio Duarte. A partir daí fomos seguindo com humildade e sempre tentando melhorar a cada novo som, a cada novo disco.

04 – Você comentou sobre ter sorte com grandes músicas. Como eu te falei uma vez,  você sempre acerta nas pessoas que integram a banda, por exemplo a karine Aguiar, que fez vocal nos shows ao vivo e que já tem uma grande carreira  como artista. Assistindo o clipe eu vi novos integrantes, você poderia apresentar essa formação?

Zândhio Huku – Na verdade todos os músicos que passaram pela banda entraram justamente por se identificarem com o projeto. Nós da banda nunca escolhemos ninguém. São eles que nos escolhem ( risos). De minha parte tento seguir apenas minha intuição e esses novos membros que aí estão apareceram na hora e no momento certo não poderia ser com outras pessoas, tinha que ser com eles mesmo.

05 – Então foi uma seleção natural ? Além de Você e o Saulo Lucena fale dos novos integrantes e como foi  a chegada deles.

Zândhio Huku – Isso, eles surgiram em meio a conversas informais, assim que souberam que precisávamos de novos integrantes pra poder gravar o disco que já estava em pré produção.

O João Mancha, é um baterista já conhecido da cena Underground aqui do DF, e já tínhamos tocado juntos com bandas que ele faz participações. Ele trouxe uma bagagem muito grande do seu som, vem do Pará, é mestre de capoeira, e tem a mão bem pesada, porque apesar de versátil, ele é um grande  “batera” de Metal Extremo.

A Lís Carvalho eu já tinha passado um som com ela, em umas Jams acústicas bem descompromissadas, com ela tocando pífano e eu viola. Notei que ela tinha um timbre de voz muito bonito. Ela já curtia e acompanhava a banda, então quando precisamos de uma vocalista, ela foi a primeira pessoa que me veio a mente. Ela trouxe essa pegada que a banda realmente precisa que é cantar com essas influências de músicas regionais, e claro, ela trouxe um pífano que é uma novidade no som da banda.

O João Mancha também gravou berimbau em uma música e atabaque em outras, que também uma novidade para o som da banda.

Ilustração por Anjayra M

O Guilherme Cezario eu já conheço a bastante tempo também e já tínhamos passado um som, ele é um guitarrista muito versátil. Ele meio que apareceu nos “ 48 do segundo tempo” quando estávamos com as guitarras gravadas, mas faltavam os solos mais complexos. Eu meio que “joguei

um verde” e ele aceitou na hora. E em menos de uma semana compôs e gravou cinco solos. E claro, já se integrando totalmente a banda.

06 – A capa do CD é algo bem interessante e faz a proposta homem e a harmonia com a natureza, quem teve a ideia de elaborar a arte que diga – se de passagem ficou perfeita ?

Zândhio Huku – Eu queria que o conceito do disco ficasse bem explícito na capa. Daí por termos pouco tempo acabamos não conseguindo trabalhar com os artistas que tínhamos em mente. Por sorte a Anjayra M. entrou em contato comigo para mostrar uma ilustração que ela tinha feito de uma foto minha e lá tinha a onça pintada ( risos). Na hora senti que ela era a pessoa certa, e claro, ela como uma grande artista que é, fez um grande trabalho colocando seu estilo e idéias.

07 – Ouvindo e assistindo o clipe Huku Hêmba eu sinto que o CD está perfeito, e creio que você ficou satisfeito com o resultado. O que podemos esperar do CD ‘Mrã Waze’?

Zândhio Huku – Estamos muito felizes com o resultado e ansiosos pra compartilhar com todos! Um Full é uma oportunidade de ter muitas músicas diferentes, e sempre fizemos isso, entende. E nesse não é diferente, tem músicas com todos os elementos da banda como é o caso da Huku Hêmba, músicas acústicas, músicas indígenas e músicas mais pesadas. Tem todos os elementos da banda lá: Partes pesadas e técnicas, todas aquelas melodias fortes, as partes tribais bem na cara, vocais limpos, guturais… Enfim, Arnadu Arakuaa. Eu diria que esse disco está  mais técnico digamos assim, com bastante Riffs com notas dissonantes e um toque bem pesado. E o Guilherme trouxe o aspecto dos solos de guitarra mais técnico, que era algo que não tínhamos nos outros discos. Mesmo com todas essas misturas esse disco soa muito indígena, muito místico, inclusive na produção. Diria que ele é mais épico, apesar de não gostar desse termo ( risos). Enfim, esperamos que as pessoas gostem.

08 – Com certeza as pessoas irão gostar. O produtor Caio Duarte sempre trabalhou com o Arandu e já sabe como funciona a temática, fale um pouco sobre o trabalho dele .

Zândhio Huku – O trabalho dele sempre foi fundamental para a banda, tanto nos discos como nos videoclipes. Quando eu cheguei ao Brasil e soube que ele produziu os discos da sua própria banda, Dynahead, já coloquei como meta trabalhar com ele ( risos). O Caio é o tipo do produtor que se você chega com uma idéia considerada “maluca”, “atípica”, ele não só aceita a idéia como coloca mais loucura nela. Trabalhar com ele é um grande aprendizado e muito divertido. Ele sabe exatamente como um disco do Arandu Arakuaa deve soar e tem uma ética no trabalho impecável.

09 – Zandhio, Parabéns pelo trabalho novo e que seja divulgado aos quatros cantos do Brasil, e que vejam vários Shows . o Espaço é teu e obrigado .

Zândhio Huku – Pra mim é uma alegria ter essa prosa com um grande apoiador que nos prestigia desde 2012, ainda quando lançamos nosso primeiro EP e ninguém dava a mínima ( risos). Só tenho a agradecer todo o apoio da galera e torcer para que role os shows para que possamos agradecê-los pessoalmente.

10 – Aquele EP é classico, e ficou raro até o lançado lá fora . ( risos).

Zândhio Huku – Dizem que aquele EP é relíquia né, não vou discordar ( risos).

Foto: Caio Cortonesi

Zândhio Huku (Vocais/Guitarra/Viola Caipira/Instrumentos Indígenas), Lís Carvalho (Vocais/Pífano), Saulo Lucena (Baixo/Vocais), Guilherme Cezario (Guitarra), Joaão Mancha (Bateria/Percussão).

Tracklist

01. Sy-gûasu (grande mãe, no idioma Tupi)
02. Gûaîupîá (espírito dos pajés bons, no idioma Tupi)
03. Îasy (lua, no idioma Tupi)
04. Danhõ’re (cantar, no idioma Xavante)
05. Huku Hêmba (espirito da onça, no idioma Akwẽ Xerente)
06. Ko Kri (água fria, no idioma Krahô) – Faixa Instrumental
07. Jurupari (deus dos sonhos, no idioma Tupi)
08. Gûaînumby (beijar-flor, no idioma Tupi)
09. Îagûara Kûara (toca da onça, no idioma Tupi)
10. Abaré Angaíba (padre mau, no idioma Tupi)
11. Rowahtu-ze (ensinamento, no idioma Akwẽ Xerente)

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