A eleição do novo presidente do Brasil foi destaque em todo o globo, claro que seria mesmo natural a surpresa e espanto, pois desde a época da ditadura militar que não temos um presidente tão a direita. Alguns cientistas políticos podem fazer referência a outros presidentes eleitos mundo a fora também de direita, é isso realmente é verdade, porém ao analisarmos friamente a questão geopolítica de cada caso específico, de cada país e contextualizarmos caso a caso, a situação brasileira é realmente a mais preocupante do planeta, não é à toa que os olhos do mundo miram aqui.
É sabido desde que as nações e países se formaram, que basta uma crise, uma instabilidade ou problemas territoriais para o desespero assombrar a população, que com forte tendência a ser manipulada e agir como matilha, aceitam e legitimar discursos extremos, atitudes descabidas, acreditando em discursos protecionistas, xenofóbicos e conservador, infelizmente a história das nações mostram isso desde a antiguidade, porém quanto mais capitalista, mas essas atitudes se tornam rotineiras, pois a visão que os países neoliberais sempre tem , é culpar os estrangeiros pelo seu fracasso ou crise, e arrochar a população, primeiramente os trabalhadores , isso por considerarem as pessoas com importâncias diferentes, tipo um sistema de casta capitalista, onde o trabalhador, que é a força de trabalho, a mão de obra operante , está na qualificação menos importante nesse contexto, isso graças a demanda e oferta, e o poder que lhes é dado para contabilizar a mão de obra como apenas “despesas de produção “, estando sujeitos as variações do mercado.
Aí está o início para se entender a maneira de como o discurso xenofóbico manipulam junto com o povo a questão da imigração, eles fazem a população acreditar que o problema da crise em seu país seriam os imigrantes que vem tomar vagas de trabalhos, o que causa na maioria, que não conseguem ter uma visão mais ampla da questão é ver que os imigrantes são apenas o álibi, a desculpa para atacar ambos, jogando a culpa no estrangeiro legitimam o controle o pré-conceito, o racismo, como a desculpa da falta de postos de trabalho justificam medidas de austeridade e ataques a direitos humanos adquiridos a décadas. É uma ideologia bem amarrada e difundida na Europa e nos EUA, que gerou resultados nas urnas desses países, um assunto que pode-se discorrer de maneira mais ampla mais pra frente, talvez em outro artigo, pois não quero me aprofundar muito na questão ideológica da política externa, pois esse artigo a intensão é apenas relacionar o atual cenário político brasileiro, mas claro que para isso é necessário olhar para além do umbigo e entender que em um mundo tão interligado comercialmente e com isso, ideologicamente, se faz necessário entender que esse alinhamento muitas vezes causam alinhamento de políticas, que no caso, favorecem muito mais o outro lado, do que o lado brasileiro.
A nova máquina do Estado é uma espécie de ideológico esquizofrênico, onde se defende o fim o Brasil socialista, ideologia de gênero e outas ideologias de extrema direita, formas talvez de desviar a atenção para questões realmente importantes , e ainda podem usar isso como forma de defesa após um possível fracasso do governo colocando a culpa na oposição “vermelha”, aos defensores do direitos humanos e até aos apologistas da “ideologia de gênero”, e assim tentarão se verem livres da culpa, colocando a culpa no que nem existe. Utilizando da política de encher o governo de militares , gente que é profissional na maquina repressiva e que levantam a justificativa de que qualquer opositor ao governo seja tratado como inimigos da pátria, porem eles não usarão a metáfora da arminha com dedo , mas sim repressão e agressão real e letal, esses sabem como fazer a parte que lhes cabem. Suprimir os direitos trabalhistas, a previdência, a assistência social, a saúde, a educação livre e laica. As primeiras medidas corroboram para isso, foram extintos o Desenvolvimento Econômico Social , a Segurança e Alimentar e Nutricional ( Consea ), repassaram a responsabilidade de realizar a reforma agrária e demarcar e regularizar terras indígenas e a áreas remanescentes dos quilombos ao Ministério da Agricultura , de controle ruralista ( lobos cuidando de ovelhas ) e o esvaziamento e enfraquecimento da Funai e Incra , sem contar a questão LGBT e outras conquistas que levaram anos para serem conquistadas, não precisa ser muito esperto para entender qual é o jogo deles.
Infelizmente é uma tendência global, observemos o que vem acontecendo ao redor do mundo, parece que uma onda direitista e algumas de extrema direita, como ocorre na Hungria com seu primeiro ministro Viktor Orbán que venceu com o discurso anti-imigrantista e dos valores cristão nacional, chegando a instalar uma cerca com arame farpado na fronteira com a Sérvia e a Croácia. O mesmo acontece em demais Países do bloco da União Europeia, onde surgem ideias extremamente nacionalistas, algo parecido ocorre na França com Le Pen. Na Alemanha onde um partido de extrema direita conseguiu a terceira maior bancada no Parlamento com um discurso anti-imigrantista e defendendo uma “Alemanha para alemães”, na Holanda temos também o crescimento de grupo políticos de direita nacionalista que destilam seu Islamofobia e também na questão dos imigrantes, ainda temos a Itália e seu governo mais abertamente nacionalista e de ultradireita que é a Polônia, e também a Áustria que mesmo tendo o primeiro ministro um moderado de direita , tem seu vice de direita nacionalista.
Então o fenômeno ocorrido aqui abaixo da linha do equador não é ato isolado no mundo, a extrema direita cresce em todo o globo e avançam a passos largos contra direitos adquiridos nesses países , ondem levam a bandeira preconceituosa e de arrocho a todos os direitos do povo, visando sempre a manutenção do status quo, e além disso, a tentativa de um retrocesso histórico, para isso manipulam através de mentiras midiáticas, falsificando e deturbando a realidade histórica, para legitimar as austeridades e ataques a povos nativos e a descendentes de africanos no mundo todo, colocando e alinhando o mundo em um local extremamente excludente e acabando definitivamente com o lado interessante da globalização , que seria a aceitação respeito pelas culturas diversas e ressarcimento a etnias e povos que foram historicamente oprimidos , escravizados e destruídos pelo avanço secular desses mesmos opressores que agora querem mais que um fatia do bolo , que não aceitam mais uma possível igualdade racial, social e respeito por ideologias distintas e religiosidades antagônicas , que até aqui , caminhava para no mínimo uma aceitação e tolerância.
Porém a minha dúvida é a questão da aceitação popular, pois todos esses foram eleitos por governos democráticos e não ditatorial, o que me faz pensar que tanto aqui como na Europa e nos USA, a maioria do povo corrobora com essas ideias, demonstrando a face racista e eurocentrista dos povos europeus. No caso do Brasil as coisas ficam ainda mais nebulosas, pois a claridade que esse governo mostra seu racismo e a vontade de manter o povo na base da pirâmide chega a ser incompreensível, o que me faz não acreditar apenas na lobotomia midiática, na doutrinação via redes sociais, não tenha sido o suficiente para chegarmos onde chegamos, me faz pensar que o povo brasileiro é sim, tão mediocremente anti-povo, como quem escolhemos.
O mundo volta ao que já achávamos ter superados, um retrocesso tão cruel, tão primitivo que chega a assustar até os países mais neoliberais e racistas e xenofóbicos.
Tudo foi escolhido democraticamente, passos para trás, que coloca em risco etnias inteiras, religiões, culturas, liberdade e conquistas históricas em favor do povo, da população mais humilde e necessitada do apoio estatal.
Meu medo é que a globalização junte todos esses países e governos de direita e a partir dai quem pense diferente não teria mais espaço nessa globalização de direita anti-povo.
Tempos difíceis …

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