Diretamente de Caxias do Sul/RS, berço de grandes nomes do cenário metal brasileiro underground, a Hatomic, com o recém lançado single “Disorder”, já vem conquistando diversos seguidores pelas redes sociais. Conversamos com a banda sobre pisar pela primeira vez no palco, planos para o futuro e outras curiosidades.
CEP (CULTURA EM PESO – Débora Losna) – Saudações gurias serranas do Rio Grande do Sul! Tchê! É com enorme satisfação que faço esta entrevista divulgando o trabalho da Hatomic para o mundo! Como brotou a ideia de formar uma banda exclusivamente de mulheres? Realmente foi intencional? Ou por acaso mesmo?
Jennifer: Olá Débora e a todos os leitores do Cultura em Peso! Podem apostar que está sendo uma honra poder participar da entrevista!
Bom, eu sempre tive essa vontade e já compartilhava esse desejo com a Thais, minha amiga de longa data e atual guitarrista da Hatomic. Porém, os planos de formar uma banda apenas de mulheres é algo um pouco mais complicado, tendo em vista que não há tantas musicistas no meio rock. O tempo passou e demos a sorte de nos encontrarmos e formar esse projeto. Agora é trabalhar duro para que dure!
CEP – São feministas?
Jennifer: Não. Não me considero feminista, uma pois não gosto de rótulos, não gosto que um grupo responda por mim enquanto indivíduo. Outro motivo é que algumas atitudes do movimento me incomodam um pouco. Além de que, com o projeto da Hatomic, foca apenas na música e não em usar esta como alavanca para um movimento.
Thais: Eu também não me considero feminista porque, ao meu ver, feministas de verdade são ativas na causa – o que eu no momento não sou. Mas apoio a causa. Apesar de não concordar com o comportamento de algumas feministas mais extremistas, acho importante a luta.
Dani: Sim, não faz sentido essa desigualdade entre os gêneros, simples assim.
CEP – Qual é o significado do nome da banda? Qual é a proposta?
Jennifer: Estava procurando por algum nome que ainda não tivesse sido utilizado, algo com peso e que marcasse. Então acabei por juntar as palavras atômica e harmonia. É a harmonia atômica que está chagando para quebrar com tudo (risos).
CEP – Vocês lançaram agora um lyric/vídeo chamado “Disorder”. Com uma gravação bem produzida por sinal. Como vocês rotulariam o som de vocês? Há fortes indícios que bebem da velha escola do Heavy Metal como Black Sabbath e Judas Priest. É isso mesmo?
Jennifer: A gravação foi feita no Estúdio Linha Sonora, aqui mesmo de Caxias do Sul, foi uma experiência ótima e gostaria de deixar registrada toda a nossa gratidão! Como falei ali em cima, não gosto muito de rótulos, mas acredito que nosso som está transitando entre um metal tradicional, heavy e algumas pitadas de thrash. Gosto da música por ter essa possibilidade de liberdade e mistura sem se prender a nenhum gênero em específico, quem sabe nas próximas composições algo muito inusitado possa aparecer.
CEP – Percebem-se timbres bastante modernos tanto na bateria como nas cordas e vocais. Foi intencional? Falem-nos como foi a escolha dos timbres.
Jennifer: Sempre escutei muito Iron Maiden, Metallica, Queen e Pantera. Mas ao longo do tempo fui entendendo a real importância de aceitar meu próprio timbre e construir uma identidade vocal própria.
CEP – A vocalista, Jennifer, se utiliza de algum efeito no vocal?
Jennifer: Eu estudo vocal há nove anos e nos últimos dois me joguei de cabeça no mundo dos drives. Sempre gostei e quis aprender uma forma de não me machucar com eles. Venho estudando e aperfeiçoando minha técnica ao longo do tempo. Porém, durante as gravações não modifico meu timbre com pugins de edição vocal, é tudo meu mesmo (risos).
CEP – Há outros sons prontos a serem gravados? Tem projeto de lançamento de um full lenght?
Jennifer: Por enquanto vamos lançar mais alguns singles para completar o EP Disorder que lançamos esse ano, mas um álbum full está nos nossos planos com toda a certeza! A ideia daqui para frente é não parar mais!
CEP – Ainda não subiram aos palcos. Ansiosas? O que o público pode esperar da Hatomic? Quando poderemos vê-las ao vivo? Já há alguma data e local determinados?
Jennifer: Estamos muito ansiosas para subir no palco, mas ainda não há data certa. Estamos compondo mais alguns materiais, criando um entrosamento e aparando todas as arestas para entregar um show destruidor. Fiquem ligados na página da banda, todas as novidades serão publicadas lá!
CEP – Como será o repertório? Só com sons próprios? Ou estão preparando alguns covers também?
Jennifer: Estamos separando alguns covers para complementar nosso repertório, sem deixar de lado o foco que é o som autoral. Tudo dentro do bom e velho metal/rock.
CEP – Contem-nos como cada integrante se envolveu no submundo do rock pesado e como iniciaram a tocar seus respectivos instrumentos.
Jennifer: Minha vida musical começou na guitarra, mas como esta exigia uma atenção que não tinha naquele momento, fui instruída a procurar outros meios, assim conheci o vocal e me apaixonei. Minha mãe sempre gostou de ouvir música e me influenciou com Pink Floyd e RPM. A porta do Rock foi aberta e não parei mais de pesquisar sobre o assunto. Quando surgiu a oportunidade de participar da minha primeira banda o sonho estava começando e este vem se consolidando cada dia mais. Não sei o que faria sem a música na minha vida.
Thais Oliveira: Eu comecei com um violão antigo que era do meu pai, aos 14 anos. Aos 16 anos eu ganhei minha primeira guitarra (um presente da minha falecida avó). A partir daí comecei a tirar músicas das minhas bandas favoritas na época: Iron Maiden, Black Sabbath, Metallica… Aprendi muito tirando as músicas deles. Comecei como autodidata, fiz aula de guitarra por um tempo, parei e agora estou retomando os estudos aos poucos. Comecei gostando de rock ouvindo punk e hardcore – que eram mais populares na minha época de adolescente. Até que dois “Best of” mudaram minha vida: um do Black Sabbath e outro do Iron Maiden. Daí em diante a coisa foi ficando cada vez mais pesada… hahaha
Dani: Aos 11 anos a bateria já me chamava a atenção, pedi para os meus pais para fazer aula, e, em vez disso, ganhei um teclado porque era “instrumento de menina” , fiz aulas, mas não me interessava, não era o que eu queria. Então aos 13, ganhei minha primeira bateria, e seis meses depois eu estava tocando na minha primeira banda. Nessa época, Nirvana, Guns n’ Roses, Green Day e Aerosmith foram as bandas que me apresentaram o rock.
CEP – E o processo de composição tanto da música como das letras, como se dá o desenvolvimento?
Jennifer: Normalmente eu crio a letra, seja ela com ideia de melodia ou não. A Thais é sempre muito criativa para riffs e juntamos uma coisa na outra. Depois de uma prévia de letra, melodia base e muitos áudios trocados pela internet é partir para o estúdio e arranjar todos os mínimos detalhes em conjunto.
Dani: O entrosamento da banda está muito bom, temos liberdade para criar. Todo ensaio rola uma ideia nova.
CEP – O que serve de inspiração para as letras? Quem é a principal compositora da parte lírica da banda? Comente um pouco sobre a letra da “Disorder”.
Jennifer: Normalmente eu componho as letras baseada em coisas do dia a dia que me incomodam, é mais como se fosse um “grito de liberdade”. A música Disorder compus quando estava lendo a biografia de uma das minhas bandas preferidas, Pantera. Ver como Phil agiu pensando apenas em si mesmo me deixou pensativa, afinal isso desencadeou o término da banda. A letra em si fala sobre como se pode chegar ao topo e cair muito rápido e que, por muitas vezes, assim como diz o refrão, se arrepender dos seus erros não te levará para o paraíso (aqui trato como paraíso interno, sua mente, sua alma).
CEP – Quais são as principais influências da Hatomic?
Jennifer: Gente, tem tantas influências, somos uma miscelânea de gostos musicais haha. Temos influência de bandas como Iron Maiden, Judas Priest, Metallica, Pantera, Slayer, Dimmu Borgir, The Distillers… é tanta coisa que misturamos!
Thais: De punk rock até black metal, temos influência de tudo um pouco… Hahahaha como a Jenni colocou, é uma mistura de gostos que acabam influenciando no nosso som. Coincidentemente nosso som segue uma linha que se aproxima do thrash metal, mas temos influência de death metal, new metal, heavy metal clássico… enfim, a Dani (batera) gosta bastante de Foo Fighters, a Jenni de Pantera, a Bruna (baixista) já tocou em uma banda de punk rock/ hardcore, eu de Kreator, Dimmu Borgir… enfim, estamos vendo o que está saindo dessa mistura toda…
CEP – Há alguma preocupação de identidade visual da banda? Qual seria o conceito?
Jennifer: Acredito que nosso visual não foge muito do metal/rock clássico, muito preto, couro e rebites. Mas com certeza ainda vamos amadurecer muito nesse conceito sem deixa o estilo individual de lado.
CEP – Quais são os próximos planos da Hatomic?
Jennifer: Bom, esse ano pretendemos terminar com mais algumas músicas na conta e para ano que vem, começar de fato com palcos e composições para um full. Aguardem!
CEP -É notável que a banda se utiliza bastante das redes sociais. Consideram que as redes sociais são ferramentas importantes para divulgação do trabalho? A propósito, deixem-nos os contatos da Hatomic.
Jennifer: As redes sociais têm se tornada peça fundamental na divulgação de um banda, aliás de qualquer trabalho. Vejo que hoje me dia, uma banda que não tem seu registro online é como se não existisse. Podem nos seguir no Facebook, SoundCloud e Youtube, todas as redes com mesmo nome @Hatomicofficial.
CEP -Desejo força, sorte e sucesso, gurias! Deixem um recado atômico para os leitores.
Jennifer: Obrigada novamente por terem nos convidado para a entrevista, foi uma grande honra e uma experiência única. Boa sorte nesse mundo do Metal ao Cultura de Peso. Contem sempre com a Hatomic!!
Thais: Muito obrigada pelo convite. Obrigada pela oportunidade. Espero que a gente consiga representar bem a região, o cenário de bandas autorais e de metal extremo… e espero que possamos colher bons frutos do nosso trabalho e que a galera curta os resultados, é claro!
Dani: Obrigada pelo contive para a entrevista, muito obrigada a todos pelo apoio, é muito importante para nós. A Hatomic veio pra ficar!
Confiram o lyric vídeo Disorder