A complexidade é imensa ao tentar reunir em um único recinto gerações de pensamento. Ontem, o Museu de Barro de Metepec, município vizinho de Toluca, foi palco de uma alquimia diferente, mágica e reflexiva, que trouxe momentos de introspecção e música que não eram tocadas há muito tempo, trazendo consigo notas que se manifestaram desde passados remotos.
Arturo Meza, bastião do rock mexicano em muitas das frentes que a palavra contém, foi o autor deste momento. É bem sabido que sem sua presença e contribuição para a música, lírica e pensamento emergente no recém-nascido movimento roqueiro no México, aquele momento histórico teria sido pintado de outras cores.
Autor, pintor, músico, poeta, inventor de instrumentos musicais e, às vezes, massagista de pés humanos malcheirosos e bonitos, segundo suas próprias palavras, esboçando um sorriso caloroso enquanto mostra suas mãos que evidenciam a impressão do tempo. Arturo deu um concerto inesquecível para todos os seus fãs. O concerto começou com algumas peças de rock primitivo, guitarra em mãos, sua harmônica e uma voz expressiva, direta, completamente franca, sem adornos, apenas voz pura e sentimento. Ele cantou peças com um caráter expressionista, algumas muito bonitas, outras muito difíceis de ouvir. Uma das que mais me impressionou falava sobre a perda, e a relacionava com a morte de um de seus entes queridos.
Seu particular senso de humor, muito amável, com seu cabelo solto e pés descalços, evocando o conforto que sente ao tocar em casa, deu um ar especial de conforto à noite.
Em seguida, deu lugar à banda, que tocou músicas de várias etapas de sua carreira.
No final, as pessoas continuavam pedindo outra música, e outra, e outra, até que o concerto se estendeu meia hora além do planejado. Além disso, o concerto foi a pedido, pois as pessoas solicitavam músicas, e Arturo tocava a que mais pediam, mesmo que não a tocasse há anos. Também houve um momento de improvisação com um gaiteiro, que improvisou três músicas com a banda, e foram momentos muito agradáveis, já que o som da gaita foi muito bem recebido pelos roqueiros.
Vale ressaltar que o local estava completamente lotado, e havia pessoas em pé, no chão e nos corredores aproveitando o concerto. No entanto, acho que o local, apesar de ser esteticamente bonito, tinha algumas deficiências, como instalações sanitárias em mau estado ou má iluminação. Talvez um espaço maior teria sido uma melhor opção, mas devido às implicações estéticas e culturais, era uma localização esperada.
O público
Nesse sentido, acho que o público deixou um pouco a desejar. A artista convidada para abrir o concerto de Arturo Meza foi uma cantautora do Estado do México, que subiu ao palco para cantar sua música com temas de protesto e feminismo. Um deleite, por sinal. Suas letras eram de uma complexidade requintada, e sua voz era direta e arrebatadora, muito semelhante à de Arturo, seguindo a mesma linha de interpretação. Ela também usava apenas o violão para expressar seu sentir, manifestando-se contra as dificuldades de ser mulher e dedicando uma de suas músicas à Palestina. Ela se comportou à altura, tocando e improvisando também com o jovem que tocava a gaita, formando uma dupla muito bonita.
No entanto, os presentes não mostraram muito respeito à sua apresentação. Falavam durante toda a sua apresentação, conversavam, riam, usavam seus celulares e alguns incrivelmente confrontavam a cantautora enquanto ela contextualizava suas músicas.
O final
A alquimia musical foi alcançada. Foi um concerto que muitos, incluindo eu, guardaremos no coração e poderemos contar como uma anedota da história do rock mexicano, de como pude cumprimentar e conhecer uma personalidade tão gentil e singular, e de como ele sozinho, com sua guitarra, conseguiu mover tantos corações ao longo de tantas décadas.
¡Skol por Arturo, o último unicórnio do rock mexicano!