BLASFÊMIA, CAOS E GUTTURAIS DE PARTIR O CORAÇÃO.
Ao cair da noite, os sinos começaram a tocar: a missa negra estava prestes a começar. Nessa noite sacrílega, os responsáveis pela adoração ao mal foram a banda mexicana Warfield e a banda finlandesa Archgoat, formada em 1989.
Às oito horas o massacre começou. As luzes do local se apagaram, e os três membros do Warfield fizeram sua aparição: dois encapuzados e com as cabeças raspadas, acompanhados na bateria por um personagem de presença diabólica.
Os representantes do gênero estavam muito motivados, já que não estavam escalados para tocar neste show, mas vale destacar que a banda Nordjevel, que estava escalada para tocar neste dia com o Archgoat, acabou divulgando um comunicado anunciando sua pausa por tempo indeterminado.
O setlist consistia em sete músicas cheias de terror, começando com “Hosco”, seguida por “Vomit on the Cross” e “Dogmas”. Durante essas três músicas, o público ficou encantado. Os primeiros gritos malignos ressoaram entre guturais impecáveis e uma energia devastadora que mostrava uma banda dedicada.
Os próximos a aparecer foram “The Initiate” e “Saklas”. Foi nesse ponto que os chifres foram erguidos, enquanto “The Black War” aumentou ainda mais a intensidade. O fórum continuou lotado, e alguns participantes pareceram surpresos que o evento começou assim que as portas foram abertas. Uma introdução sombria marcou o início do fim: “Initiation” foi a responsável por encerrar a apresentação de Warfield, que agradeceu a dedicação do público e convidou todos a deixarem suas almas com o Archgoat. Eram 20h40.
Enquanto o palco era preparado, os participantes aproveitaram a cerveja e a comida oferecidas pelo Foro Veintiocho. Os preços pareciam bem decentes, assim como o sabor. O calor no recinto aumentava a cada minuto e, embora a época do ano possa ter influenciado, acreditamos que eram os portões do inferno que estavam começando a se abrir.
Por volta das 21h, o Archgoat subiu ao palco para fazer testes de som e afinar instrumentos. No exato momento, a missa negra começou. A multidão gritou, ergueu as trombetas e entoou cânticos ao próprio diabo. Os acordes de “Heavens Ablaze” do álbum Worship the Eternal Darkness desencadearam o caos. Logo depois, “Void” e uma das favoritas do público, “Jesus Christ Father of Lies” foram tocadas. A loucura explodiu.
Cada música soava mais poderosa que a anterior. Guturais infernais, acordes graves e bateria avassaladora ressoavam em total harmonia. Sem dúvidas, esse trio oferece qualidade em cada apresentação. Lord Angelslayer, Ritual Butcherer e Sinister Karppinen deixaram claro por que são um dos porta-estandartes do black metal puro.
Os cânticos continuaram, destacando a presença de “Darkness Has Returned”, “Abyss of the Graves”, “Blackmoon”, “Luciferian Theophany” e “Hammer”. No centro do local, o mosh pit estava presente com trompas no ar e uma necessidade de catarse total.
A noite estava chegando ao fim, mas não sem antes desencadear a devastação com “Death & Necro”. Para encerrar, os clássicos de 1993 “Soulflay” e “Penis Perversor”. O jogo de luzes dava a impressão de que o próprio inferno havia tomado conta do lugar.
O público estava animado, mas a missa já havia terminado. A banda foi embora depois de pouco mais de uma hora de puro poder. Embora os participantes quisessem mais, chegou a hora de partir em paz. Enquanto os técnicos desmontavam o palco, alguns fãs fiéis esperaram… e sua devoção foi recompensada. Os três membros do Archgoat reapareceram, agora sem maquiagem ou espinhos, prontos para compartilhar o mal com seus seguidores. Eles autografaram discos de vinil, CDs, tiraram fotos, e a emoção era palpável… claro, sem deixar de se ver amaldiçoados, sem deixar de sentir o poder do inferno.
Assim terminou a noite em que os sinos infernais tomaram conta do foro veintiocho Nos vemos na próxima, com mais vontade de blasfemar. Desejo ao Archgoat todo o sucesso nos próximos shows, isso foi só o começo, pois eles também passarão pela Colômbia, Chile e Brasil.