Dois dias inesquecíveis foram passados nas montanhas, com mais de 100.000 pessoas que fizeram o país inteiro vibrar. O enorme terreno de 14 hectares (a maior área usada para festivais na América Latina), com 6 cenários rodeados pelas colinas do Vale de Punilla e atravessados pelo fluxo do rio Cosquín, viu desfilar mais de 100 grupos musicais que, com suas propostas ecléticas, escreveram uma nova página desse festival de montanha. Cosquín Rock já está em sua 24ª edição consecutiva e se prepara para comemorar seu 25º aniversário em grande estilo.

foto cortesia de Cosquín Rock

No primeiro dia do festival, o dia ensolarado e o trânsito fluido de pedestres nos permitiram chegar bem a tempo e com muita energia para conhecer o terreno, investigar os estandes dos patrocinadores e aproveitar algumas das ativações propostas pelas marcas. Os dois cenários principais (Norte e Sul) estavam separados por quase 2 quilômetros e, no meio do gigantesco espaço, encontramos lugar para praticamente tudo o que poderíamos imaginar: descansar, beber, comer, brincar, pular, dançar, comprar merchandising, tirar fotos e até mesmo desfrutar de uma incrível vista panorâmica do espaço graças a um impressionante guindaste que elevou uma plataforma a 20 metros do chão.

imagen cortesia de Cosquín Rock

Estar bem alimentado e hidratado é essencial para garantir a experiência de 10 horas dentro de um lugar onde é preciso andar e andar, sob o sol e o calor (nosso GPS mostrou 26 km percorridos dentro do local no primeiro dia).

Nesse sentido, a oferta gastronômica foi inesgotável, pois além dos bares clássicos, o espaço “Mercado Pop” ofereceu um espaço com mais de 20 food trucks com as mais variadas propostas de bebidas e comidas, enquanto o setor VIP patrocinado pela Star+ (todo o festival pôde ser visto nessa plataforma) foi a estrela dos serviços, oferecendo all inclusive e estacionamento privativo para aqueles que queriam uma experiência mais exclusiva. Para aqueles que queriam uma experiência realmente diferente, todos tinham a possibilidade (com um pouco mais de dinheiro) de entrar no espaço “Nonbarro” para desfrutar de um menu gourmet de quatro pratos com bebidas incluídas.

grupo de imagens cortesia de Cosquín Rock

Em termos de transações, o “pocket cash” com tecnologia RFID, uma pulseira QR que funciona como um cartão pré-pago e permite transações seguras para cada compra no site, fez uma estreia bem-sucedida.
O festival mantém seu compromisso com a sustentabilidade. Aplicando ações em cada setor sobre o qual o evento tem impacto (por exemplo, os copos reutilizáveis e as barracas ECosquin, dedicadas à reciclagem) e, mais uma vez, realizando um exaustivo estudo de triplo impacto, no qual sua influência ambiental e o grande impacto econômico e sociocultural na região são avaliados.

foto cortesia de Cosquín Rock

Depois de reconhecer o espaço e calcular nossa logística, era hora de falar de música e, assim, nos alinhamos pontualmente no stage Sul para ver La Mississippi, uma banda com mais de 35 anos de experiência e músicos especialistas em seu gênero.

foto cortesia de Cosquín Rock
foto cortesia de Cosquín Rock

O início com “Post-Crucifixion“, um cover de Pescado Rabioso, marcou o que seria um show muito sólido, sempre liderado pela voz de Ricardo Tapia. O set list, que incluiu seus clássicos e um cover do ZZ Top, pode ser conferido aqui:

La Mississippi Setlist Cosquín Rock 2024De lá, corremos para o stage Montaña para curtir uma das revelações do CR24: os espanhóis do Arde Bogotá. Um sol que provocou transpiração imediata não foi impedimento para que a banda de Múrcia deixasse tudo em cima do palco (e também embaixo), porque enquanto os acordes de “Cariño” tocavam, Antonio García, seu vocalista, foi direto para a pista de dança para pular com os poucos sortudos que viveram um dos momentos mais épicos do festival. Aqueles que todos gostariam de desfrutar. Um show curto, mas muito enérgico, para esses jovens que estavam fazendo sua estreia no festival.

foto de @garciagarra | Cultura Em Peso
foto cortesia de Cosquín Rock

Aqui está o set list:

Arde Bogotá Setlist Cosquín Rock 2024Às 6:30 PM, tudo estava pronto para que os irmãos Sardelli subissem às pranchas do stage Sul. E eles fizeram isso na hora certa. Airbag é uma banda que se move em festivais como peixe na água e seus shows são imperdíveis, baseados em sucessos com muita base de hard rock e adequados para todos os públicos. Milhares de pessoas pulavam e dançavam ao som de cada um dos acordes à medida que a noite caía e mais e mais pessoas se aglomeravam no palco à espera de Divididos.

foto gentileza Cosquín Rock
foto gentileza Cosquín Rock

Airbag Setlist Cosquín Rock 2024

Enquanto a espera marcava o ritmo, aproveitamos a oportunidade para visitar La Casita del Blues, um dos palcos que oferecia mais intimidade e, sentados sob a sombra confortável de uma árvore, pudemos apreciar algumas músicas do setlist de Wayra Iglesias, filha de Tete, baixista do La Renga, a banda mais popular da Argentina atualmente, que só consegue tocar em estádios. Vimos alguns blues bem tocados e cantados, além de um cover da banda de seu pai (“2+2=3”), que serviu para aliviar a badalação da família Renga que estava acompanhando a sobrinha.

foto cortesia de Cosquín Rock
foto de @garciagarra | Cultura Em Peso

Desfrutamos de alguns dos Los Pericos, que trouxeram seu show “com amigos”, e pudemos apreciar clássicos no stage Norte, como “Home Sweet Home” com Auténticos Decadentes, “Pupilas Lejanas” e “25 Rosas“, em dueto com Negro Videla, um herói nativo, um dos líderes históricos do movimento de quarteto cordobês. Um cruzamento eclético em todos os sentidos da palavra. Uma definição do que o festival propõe.

O relógio estava correndo para ver o rolo compressor Divididos no estágio Sul, então partimos a pé. A noite já estava inundando o local e os telões começaram a ocupar o centro do palco. Gostaria de destacar três pontos muito importantes da organização que merecem uma salva de palmas:

  • Os telões: o tamanho dos telões em todos os palcos era realmente impressionante, o que possibilitou ver cada show em HD e a grandes distâncias.
  • O som: equalizado de forma excelente em cada um dos palcos, alto, potente, claro e impecável.
  • A pontualidade: todos os shows começaram na hora certa.
foto cortesia de Cosquín Rock

A partir do momento em que as luzes se apagaram e as primeiras notas ecoaram pelo ar, ficou claro que o Divididos não só sabe o que é um show de rock, como também o incorpora em cada fibra de seu ser. A performance explosiva do baterista na primeira faixa foi uma prova irrefutável disso, com batidas tão fortes que deixaram seu kit à beira do colapso.
A banda, formada por Ricardo Mollo, Diego Arnedo e Catriel Ciavarella, mostrou mais uma vez porque é considerada o “rolo compressor”. Mollo deslumbrou com seus solos de guitarra cheios de paixão e virtuosismo, enquanto Arnedo forneceu uma base sólida e vigorosa com seu baixo. Ciavarella, por sua vez, manteve o ritmo frenético com uma bateria impecável. Dá para perceber que a atmosfera serrana os torna poderosos.

foto cortesia de Cosquín Rock

Em seu show, eles passaram por todos os climas, indo do elétrico ao acústico com o jogo de cintura que só eles têm e incluindo momentos de humor e hiperconexão com o público (a melancia estava mais uma vez presente). Não faltaram covers de Pappo, Sumo, Atahualpa Yupanqui e até mesmo uma introdução com “Another One Bite The Dust“, do Queen, que levou a “Sábado“. A lista completa aqui:

Divididos Setlist Cosquín Rock 2024, Volviendo EstandoMas, além da música, o que realmente se destacou foi a conexão que o Divididos tem com seu público, que provou mais uma vez por que eles são uma das bandas mais reverenciadas do rock argentino.

Mas os festivais nunca param de dar emoções e no CR24 ainda havia mais por vir. O espírito da banda mais popular da história nacional subiu ao palco e acendeu as cinzas que ainda restavam. Skay Beilinson, desde o momento em que subiu ao palco, emitiu uma aura magnética que envolveu o público. Sua presença imponente e sua habilidade no violão criaram um início hipnótico com “Criminal Mambo“.
O repertório do show incluiu uma seleção de clássicos atemporais, desde hinos como “Todo un Palo” até joias menos conhecidas de sua discografia solo, mas igualmente poderosas. Cada música foi recebida com entusiasmo pelo público, que cantou cada verso com devoção e paixão.

foto cortesia de Cosquín Rock
foto de @garciagarra | Cultura Em Peso

Esse show foi uma viagem emocionante pela história do rock argentino, lembrando a todos nós por que Skay ainda é uma lenda viva da música. Aqui está o set list do grande show de Beilinson:

Skay Beilinson Setlist Cosquín Rock 2024Ao sairmos para embarcar no ônibus que nos levaria para casa, surgiu uma situação que mais uma vez marcou a oferta variada do Cosquín Rock, pois enquanto atrás de mim se ouviam os acordes de “Jijiji“, o hino absoluto do rock nacional, famoso por provocar o “maior pogo do mundo”, ouvi uma filha bem pequena (que vinha caminhando do palco Boomerang, estilo indie) dizer à mãe “essa é a música do pogo… vamos lá”.

O GPS mostrava 26 km percorridos dentro do recinto.  Já era meia-noite e eu estava esperando a estrada com 2 horas de viagem para chegar em casa e dar um descanso ao meu corpo.

clique para ler sobre o dia 2

Somos profundamente gratos a todos os envolvidos na produção do Cosquín Rock, especialmente à En Vivo Producciones e à Amplify Prensa, que nos deram a oportunidade de fazer parte desse festival com tanta história.

 

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.