A Demön Haunt é uma banda de Metalpunk formada em Paulista, Pernambuco, da região Metropolitana do Recife, no ano de 2020.
Com um som rápido e agressivo, em ritmo enérgico, a banda aborda temas científicos, filosóficos e existencialistas em suas letras, sempre deixando claro sua postura pró-ciência, anti-guerra e antifascista.
Essa mensagem tem como inspiração direta o legado de Carl Sagan como divulgador científico, professor, pesquisador, entre outros ofícios que agregaram incomensuravelmente para o conhecimento da humanidade.

 

Sua discografia conta com um EP homônimo, “Demön Haunt” (2020), um 4-way Split com o Cemitério (SP), Orgia Nuclear (ES) e Schizogoat (SE), “Conspiração Subterrânea” (2021) e um álbum ao vivo, “Murmurs of Demons – Live Darkside Studio” (2024).

Formada em 2020, na cidade de Paulista, Região Metropolitana do Recife, a Demön Haunt é uma das forças mais pulsantes da cena metalpunk brasileira atual. Com um som rápido, agressivo e de alta intensidade, a banda se destaca por suas letras que mesclam temas científicos, filosóficos e existencialistas, sempre com uma postura clara: pró-ciência, anti-guerra e antifascista.

Inspirada no legado do divulgador científico Carl Sagan, a Demön Haunt transforma seu som em manifesto – um chamado à reflexão e à resistência, dentro e fora dos palcos.


Da cena local à circulação nacional

A trajetória da banda começou como um projeto solo, com Igor Moshcide assumindo todos os instrumentos, algo comum no gênero. No entanto, o projeto cresceu. Em 2022, a Demön Haunt caiu na estrada com o Orgia Nuclear, realizando uma turnê nacional de quatro meses que percorreu mais de 50 cidades nas regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sudeste. A experiência consolidou a banda como uma referência emergente do underground brasileiro, levando o som pernambucano a novos públicos e conquistando forte engajamento, especialmente no Recife.

A formação atual conta com Igor Moshcide (guitarra e voz), Mauricio Bagae (baixo) e Caco Luza (bateria). A banda segue se apresentando esporadicamente e está em processo de composição de seu primeiro álbum completo, ainda sem nome ou data de lançamento.


“Murmurs of Demons”: o caos ao vivo registrado

Gravado em 05 de agosto de 2023, no estúdio Darkside, em Recife, o álbum Murmurs of Demons – Live Darkside Studio captura a essência do som ao vivo da banda, marcada por energia explosiva, interação com o público e mosh pits incontroláveis.

O disco reúne músicas dos dois primeiros lançamentos e uma cover da banda Yellowgoat (EUA). Com distribuição pela Sangue Underground Records (SP), o álbum está disponível em CD físico, Bandcamp e YouTube.

A gravação contou com a captação de Diego DoUrden (Evoked/Mystifier), mixagem e masterização de Mauricio Bagae (também baixista), e arte de capa por Igor Moshcide. Na ocasião, dividiram o palco com bandas como Thrashera, Praga, Korvak e Terrible Force.

Line-up da gravação ao vivo:

Igor Moshcide – Guitarra & Voz

Mauricio Bagae – Baixo

Tuca Santos – Bateria

Confira a seguir a entrevista com Igor Moshcide, fundador da banda, onde ele comenta sobre a evolução da formação, influências, desafios da turnê e os rumos do novo disco:


ENTREVISTA

1. A Demön Haunt surgiu como um projeto solo e evoluiu para uma banda com formação estável. Como foi esse processo de transição e de que forma isso influenciou a identidade sonora e a dinâmica criativa da banda?

Desde o início a ideia era tocar ao vivo mesmo, tanto que sempre idealizei a banda como um powertrio porque é o bastante para nosso som direto e cortante. A estreia nos palcos veio com a turnê nacional de 2022. Ou seja, a banda já estreou nos palcos pegando estrada, e isso foi um passo excepcional para espalhar nossas ideias Brasil afora e estabelecer que o ao vivo é muito importante. Desde 2023 conto com o Mauricio Bagae no baixo e como produtor musical. Atualmente o Caco Luza ocupa o posto de batera com firmeza e muito entrosamento com a dupla nas cordas. A dinâmica de composição mudou com significativa colaboração dos dois nos arranjos dos sons novos, sendo de minha autoria a maioria dos riffs e letras.


2. Vocês mencionam que abordam temas científicos, filosóficos e existencialistas nas letras, com inspiração direta no legado de Carl Sagan. Como vocês equilibram esses conceitos profundos com a energia crua e agressiva do metalpunk?

Sagan foi um tremendo visionário e ativista de sua época, e muito abordou assuntos que não são inéditos no Underground, mas que precisam de mais atenção. Podemos citar a questão nuclear, agressões à dignidade humana, a devastação ambiental, entre outros temas. A diferença é que o Sagan sempre falou disso com seriedade científica, mas também com humanidade. Achei que o mundo estava precisando de uma banda saganista — e surgimos dessa ideia.


3. A turnê nacional de 2022 percorreu mais de 50 cidades em diversas regiões do país. Quais foram os principais desafios e aprendizados dessa experiência, especialmente levando o som pernambucano a públicos tão diversos?

Esse foi um tremendo desafio, um daqueles momentos que a oportunidade chega a você e você não recua nem hesita. Não recuei nem hesitei. Uma turnê daquelas dimensões, quatro meses ininterruptos de shows pelo Brasil é raro de ver até entre bandas de maior renome. Mesmo assim, juntamos nossa equipe e fomos! E fizemos história. Um grande desafio foi viajar num carrinho simples (Palio Weekend) com cinco pessoas, uma cadela (!!!!) e um mundo de tralha e merchan e roupas e trecos pessoais de cada um… a gente fez caber um circo naquele carro. Só que chegávamos nas cidades e tínhamos um som macabro para apresentar, ao invés de acrobacias e piruetas. Outro grande desafio com certeza foi a dimensão continental desse país! Cara, tinha horas que eu achava que já deveríamos estar chegando no Canadá, mas nem saímos do estado em questão hahah fizemos fins de semanas com 2 mil KM rodados, são dias inteiros que você só vê estrada, palco e bar. O aprendizado é demais para pôr adequadamente em palavras, mas posso dizer que no palco a Demön Haunt é muito segura e experiente por causa dessa turnê; os contatos e amizades que fizemos e mantemos até hoje é crucial pra gente entender a vivência do REAL da arte subversiva; fazer parte dessa rede internacional que coliga e une pessoas dos mais remotos lugares em prol de uma paixão, um ideal: O Underground. Fomos muito bem recebidos em praticamente todas as cidades que passamos e me orgulho muito em dizer que fomos a primeira banda Pernambucana a tocar em algumas cidades que passamos, o Nordeste sempre ficou pra trás quando o assunto é mandar bandas estradas adentro.


4. O álbum ao vivo “Murmurs of Demons” foi gravado no Darkside Studio e registra a força da banda no palco. Por que optaram por lançar um álbum ao vivo nesse momento da carreira, e o que essa gravação representa para vocês artisticamente?

Bom, a gente já tem um EP e um Split lançados (pulamos a fase da Demo), e, antes de lançar um álbum completo (o próximo passo a se dar), queríamos muito lançar um material ao vivo justamente por causa dessa simbologia do Ao Vivo que é tão importante pra essa banda que já surgiu na estrada. Também porque conquistamos a empatia do público e é comum que nossos shows sejam bem enérgicos e caóticos por parte do público, algo que a gente simplesmente adora e que nos motiva a seguir com nossos sons e ideias. Um bom exemplo a citar é que na primeira faixa desse ao vivo, já perto do fim da música, eu começo a errar grotescamente os riffs na guitarra. Isso se deve ao fato que simplesmente me SEQUESTRARAM de cima do palco, me puxaram pelas pernas e depois pelo corpo todo e me levantaram e rodaram no mosh comigo tocando a guitarra por cima de todos. Total alucinação. Essa cena se tornou comum e fazemos isso em quase todos os shows em algum momento, a galera sempre vai à loucura e recebemos bons elogios por toda essa bagunça organizada que são nossos shows. Havia de ter um Ao Vivo da Demön Haunt no mundo! E pretendemos lançar vários outros, já que a banda está em eterna transição e é muito difícil fazermos dois shows com o mesmo setlist. Murmurs of Demons registrou esse momento maravilhoso da banda (2023) mas já temos planos de lançar outros ao vivo porque nossas apresentações já são bem diferentes e temos muitas músicas novas.


5. Com um novo álbum em fase de composição, o que o público pode esperar em termos de evolução musical e temática? Há novas influências, colaborações ou direções sonoras sendo exploradas?

O som deu uma bela amadurecida e as músicas estão bem mais trabalhadas e estamos explorando sonoridades cada vez mais macabras para harmonizar com o igual amadurecimento das letras. Estamos lapidando com calma esses detalhes para que o resultado final seja de impacto para aqueles que conhecem e para os que não conhecem a banda. Os temas das letras ainda abordam o ser humano e a sua relação com o planeta em que vive, passeamos do micro ao macro nessa perspectiva. Falaremos tanto de depressão/ansiedade em uma visão mais pessoal sobre as emoções, mas também uma visão mais ampla de como a humanidade está construindo sua própria ruína; atacaremos o Capitalismo e os Bilionários, mas também falaremos na relação da gente com o Cosmo e como inevitavelmente voltaremos a ser poeira de estrela… É uma gama muito ampla de assuntos e visões, mas cremos que tudo fará bastante sentido quando a obra estiver completa.

6. Algumas considerações finais?

Agradecemos imensamente pela resenha/entrevista, pelo espaço para espalhar nossas ideias e nosso som, e pela atenção e carinho com a nossa trajetória. Muito obrigado! Vão ler Carl Sagan…


Ouça “Murmurs of Demons – Live Darkside Studio”

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